But for Agassiz, the trip to Brazil was about more than science. Not only was evolution – a process not immediately observable to the human eye – deeply antithetical to Agassiz’s staunch empiricism, evolution was profoundly at odds with his perceived world order.

Michelle Y. Raji

Three decades after the then-obscure scientist Charles Darwin quietly sketched his now-famous finches aboard the HMS Beagle in the Galapagos, influential Harvard professor Louis Rodolphe Agassiz set out with much greater fanfare on a lesser-known expedition. In 1865, Agassiz and his wife, accompanied by a small group of Harvard scientists and students [including the 23 years old William James], set sail from New York to Rio de Janeiro on The Colorado.

In a lecture en route to Brazil, Agassiz challenged Darwin’s revolutionary theory of evolution on the grounds that the theory relied too much on argument and too little on fact. Agassiz posited that evolution was not plausible according to the geologic record. The trip to Brazil was an attempt to disprove Darwin once and for all. Agassiz saw in the unique biodiversity of Brazil a perfect laboratory to test his counter-theories of phylogenetic embryology and glacial catastrophe in the tropics.

But for Agassiz, the trip to Brazil was about more than science. Not only was evolution  – a process not immediately observable to the human eye – deeply antithetical to Agassiz’s staunch empiricism, evolution was profoundly at odds with his perceived world order. Though only moderately religious, Agassiz believed in the existence of a creator in all his work. Fortunately for Agassiz, this belief fit well with comparative zoology, which at the time focused heavily on hierarchal classification.

Agassiz applied this penchant for classification to his views on race. Part of the expedition involved sketching and describing mixed-race Brazilians. Agassiz saw the rampant miscegenation in Brazil as a ‘mongrelization’ of pure racial types that would ultimately result in sterility. Agassiz categorized humans into different ‘species.’ In his book on the Brazil trip, Agassiz notes, ‘the fact that [the races] differ by constant permanent features is in itself sufficient to justify a comparison between the human races and animal species.’

Director of David Rockefeller Center for Latin American Studies and Organismic and Evolutionary Biology professor Brian D. Farrell says that Agassiz’s trip typified the paternalistic approach of Latin American studies at the time. In an essay appended to his wife’s travelogue, ‘Journey in Brazil,’ Agassiz gives his general impressions on Brazilian society and suggestions for improvement. Though he felt a ‘warm sympathy, a deep-rooted belief in her future progress and prosperity,’ he didn’t see ‘among them something of the stronger and more persistent qualities of the Northern races’ – a distinction that fit his divided view of nature – ‘as ancient as the tropical and temperate zones themselves.’

For Agassiz, the expedition was also profoundly personal. Agassiz’s founding of the Museum of Comparative Zoology in 1859 coincided with the publishing of the momentous ‘On the Origin of Species.’

The high point of Agassiz’s professional career and physical culmination of his particular brand of empirical pedagogy in a museum also marked the beginning of a professional fall from grace. At the time of the expedition, Darwin’s theory of evolution had gained significant intellectual traction at Harvard. According to Museum of Comparative Zoology director and OEB professor Jim Hanken, even the students in the unofficial Agassiz Zoological Society (a kind of Agassiz fan club) were beginning to embrace Darwin’s theories.

Hanken describes Agassiz as a ‘sensational figure in his day’ for his unique pedagogy which combined engaging lectures with specimen-based study. One of Agassiz’s students, Samuel Scudder, wrote that on his first day of class Agassiz simply gave him a fish to describe and draw. After three days, Scudder turned in his assignment. A nonplussed Agassiz advised him to ‘look again. Look again!’

Under the patronage of Nathaniel Thayer and Emperor of Brazil Pedro II, Agassiz set out on his 16-month long expedition to Brazil with the aim of proving Darwin wrong. According to Louis Menand’s ‘Metaphysical Club,’ Agassiz got a hero’s welcome in Rio, even though he arrived with his entire academic career at stake.

Agassiz travelled along Amazon for over 2,000 miles. Over the course of the trip, more than 80,000 specimens were collected and shipped to the Museum of Comparative Zoology in Cambridge. In his final lecture, Agassiz claimed that the fact that fish do not migrate upstream disproved Darwin’s idea of evolution by exposure to different environments. His unlikely observations drew criticism from his colleagues, and his findings were disproved shortly after publication. Agassiz’s attempt to save his career became its death knell.

In Farrell’s mind, Agassiz ‘saw what he wanted to see.’ The autocratic Agassiz, darling of the Boston intelligentsia and the face of American professional science, never acknowledged his mistakes.

Among the students in Agassiz’s lectures was future psychologist and philosopher William James, who was largely disgusted by the way Agassiz’s biases infused his passion and professed empiricism. In James’s view, according to Menand, Agassiz should have opened possibilities for inquiry in Brazil rather than try to close them. James also believed that science was never properly independent of a society’s interests and preferences– no one could ever profess pure empiricism.

On his deathbed, the man who failed to see the truth in Darwin’s theory was asked to name his greatest achievement. His response? ‘I have taught men to observe.’

                                                                                                                      

This article was originally published in the magazine of The Harvard Crimson, a student-run non-profit, in the section Disqus.

Note from the editor. This essay is linked to the book William James: Letters, Diaries, and Drawings, (1865-1866), edited by Maria Helena P. T. Machado.

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João José Forni

O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro é daquelas tragédias que ninguém imagina (nem deseja) que possa ocorrer, mas todo mundo sabia que o risco existia. E que um dia sim, poderia acontecer, principalmente num prédio antigo e mal conservado. Boa parte da estrutura do prédio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, era de madeira, e o acervo tinha muito material inflamável – o que fez o fogo se espalhar rapidamente.

O soco no estômago do País, principalmente naqueles milhares de estudiosos que gostam de História, biblioteconomia, arqueologia e de todas as áreas do conhecimento que têm relação com a História, e nos empregados, o que aconteceu na noite de domingo beira o inacreditável. Mais ou menos como os franceses relaxarem e um dia ficarmos sabendo que uma pequena parte do Museu do Louvre pegou fogo. O que, convenhamos, seria muito pouco provável.

Museu reprovado em gestão de risco

O depoimento de uma funcionária do Museu, no Jornal Nacional, da Rede Globo, “A gente sempre soube que um dia isso ia acontecer, porque faltavam recursos para proteger o nosso palácio… perdemos a arte, a história”, de certa forma sintetiza o que deduzimos no primeiro momento em que vimos as labaredas engolindo o acervo do Museu: uma tragédia anunciada. Na sua dimensão mais perversa. “A gente perdeu a dignidade, já que é isso que a cultura traz, um sentimento de cidadania. Um país sem cultura não existe”, afirmou  um estudante durante manifestação no Rio.

“O mais grave na tragédia do Museu Nacional é que o incêndio não foi uma surpresa. “O museu estava jogado, apodrecendo, incluindo a parte elétrica”, disse Walter Neves, professor da Universidade de São Paulo.” Em junho, a imprensa mostrou a existência de goteiras, infiltrações e problemas das instalações elétricas. Não foi a primeira vez que funcionários, pesquisadores se manifestaram pelas condições precárias do prédio. E o que foi feito?

Para o professor José Vagner Alencar, que trabalha há 17 anos na área de geologia do Museu Nacional, em depoimento ao jornal “O Globo”:  “A sensação é como se tivesse sido bombardeado. O nosso laboratório fica nos fundos do Museu Nacional e os andares caíram por cima do nosso laboratório. Uma grande parte da história da geologia do Museu Nacional foi perdida”.

É surpreendente, para não dizer irresponsável, a forma como o governo federal, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a diretoria do Museu cuidavam daquele acervo. Os bombeiros chegaram ao local logo depois de iniciado o incêndio, mas, segundo eles, os dois hidrantes próximos ao prédio não tinham pressão suficiente. Precisaram pegar água de um tradicional lago que existe na Quinta da Boa Vista. O comandante-geral do Bombeiros disse que a falta de água atrasou os trabalhos em mais de meia hora. Fatais para um prédio que tinha estrutura antiga e abrigava acervo e produtos altamente inflamáveis. Sabe-se agora que o prédio sequer tinha alvará dos Bombeiros. Como pode um prédio público receber empregados, visitantes e pesquisadores sem alvará? Pelo visto, o risco de uma tragédia ainda maior naquele prédio era iminente.

Salta aos olhos, quando se fala em gestão de risco, é saber que o Museu Nacional não aplicou qualquer valor neste ano na compra de equipamentos ou materiais de segurança. Também não foi feito nenhum pagamento para serviços de manutenção de imóveis ou aquisição de materiais para essa finalidade. Segundo o Portal Uol, levantamento da ONG Contas Abertas mostra ainda que, nos últimos quatro anos, os desembolsos realizados com essas atividades estão bem abaixo do que se imaginaria para um prédio daquela dimensão e, sobretudo, com 200 anos, sem um esquema sistematizado de manutenção preventiva.

Quem não cuidou, agora critica

Políticos e candidatos oportunistas, incluindo os candidatos Dilma, Boulos e Manoela D’Avila, apressaram-se em ir às redes sociais tentar imputar ao atual governo e ao teto de gastos a culpa pelo incêndio, aproveitando a comoção para tirar proveito político. Não demorou para aparecer nas redes documentos e depoimentos mostrando que desde 2004 o Museu solicitava verba para manutenção. Os valores repassados pela UFRJ, que administrava o Museu, mal davam para as despesas de custeio (só a folha salarial consome 87% do orçamento da Universidade). A ironia de tudo isso é que a maior parte da direção da UFRJ, que administra o Museu, é composta por filiados do PSOL, partido de Sr. Boulos. Se o governo federal cortou, competia à UFRJ e à direção do Museu ir atrás de recursos pra amenizar o risco que o prédio e o precioso acervo corriam. O Governo Federal lava as mãos alegando que repassou os recursos totais para a UFRJ, ficando a critério dela fixar o orçamento do Museu.

Até agosto deste ano, os gastos do Museu Nacional chegaram a menos de R$ 100 mil, segundo a ONG Contas Abertas. Para dar uma dimensão dos recursos despendidos pelo museu, o Contas Abertas fez uma comparação entre os valores utilizados no ano passado pelo museu (R$ 665 mil) e os gastos para lavar 83 carros oficiais da Câmara dos Deputados. O custo anual da lavagem foi de R$ 563 mil, 89% dos desembolsos feitos em 2017 pelo museu. O orçamento da UFRJ em 2017, foi de R$ 4 bilhões.

Discussões políticas à parte, para saber de quem é a culpa, na verdade todos os últimos governos são culpados, sem isentar sequer o governo estadual e municipal do Rio de Janeiro. Nem cabem, no momento, tentativas de “terceirizar” a crise. O Museu fica na cidade do Rio de Janeiro, era uma atração turística. Se teve tantos bilhões para executar obras faraônicas para as Olimpíadas, por que não se priorizou recursos para implantar um sistema de alarme e contenção de incêndios no mais importante museu do País? Ou para fiscalizar os hidrantes para ver se estavam funcionando? Até os Bombeiros entram nesse rol de omissão.

A rotina das crises anunciadas

O Museu Nacional havia completado 200 anos. Fundado em 1818, por Dom João VI, o acervo tinha peças compradas, recebidas como presente ou obtidas por Dom Pedro I e, principalmente, por Dom Pedro II. Este tinha particular apreço por bens culturais e iniciou a coleção de múmias que estavam no Museu, peças essas que foram destruídas e jamais serão repostas. O estrago na memória do País e da Humanidade é tão grande que a Unesco chegou a compará-lo à destruição do sítio arqueológico de Palmira, no Iraque, explodido pelos fanáticos do Exército Islâmico.

Lamentavelmente, repete-se uma rotina que o país está cansado de assistir. Falhas graves de gestão de riscos. Isso aconteceu no rompimento da barragem da Mineradora Samarco; nos incêndios do Instituto Butantã e do Edifício Wilton Paes de Almeida, em S. Paulo; em vários naufrágios, no Amazonas, na Bahia; como numa das maiores tragédias ocorridas no País, o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, em 2013, que deixou 242 jovens mortos. A exemplo do que ocorreu nessas crises, no Museu Nacional não havia qualquer processo de gestão de risco sistematizado. Funcionava como tantas outras repartições públicas, onde os funcionários cuidam do dia a dia, batem o ponto, sem levar em conta que eram uma espécie de guardiões do maior acervo histórico da América Latina.

Talvez o governo, o ministério da Cultura, a UFRJ, a própria diretoria do Museu Nacional não atentassem para a importância dessa casa, ao tratá-la como mais uma repartição pública, com orçamento apertado, sucateada, abandonada, preterida em benefício de obras que davam mais visibilidade para os políticos, muitos deles corruptos, que dominaram o Rio de Janeiro nos últimos anos, de que é um triste símbolo o ex-governador Sérgio Cabral, atualmente preso.

Boa pergunta foi feita por um professor carioca nas redes sociais: você, que está lamentando a perda daquele patrimônio histórico, que mora no Rio de Janeiro, ou você turista, por acaso conhecem, foram alguma vez no Museu Nacional? A pergunta tem pertinência, porque se descobriu que ano passado 289 mil brasileiros visitaram o Museu do Louvre, em Paris e 192 mil foram ao Museu Nacional. A Mona Lisa ganhou de goleada da Luzia, pobre Luzia, agora virada pó. Provavelmente muitos cariocas e fluminenses sequer sabiam da existência daqueles tesouros, guardados no velho e mal conservado palácio na Quinta da Boa Vista. Talvez porque nem os governos, nem a prefeitura do Rio, nem a diretoria, geralmente indicação política, desse ao Museu o valor que ele tinha. Ficamos sabendo, após o incêndio, que o último presidente da República que lá esteve foi Juscelino Kubitschek, em 1958. O Museu Nacional só era bastante lembrado pelos cupins e pelas múmias que ali repousavam.

Os governantes e os próprios dirigentes da UFRJ, que reduziram, ano a ano, a verba aplicada no Museu, certamente se espelham na média do brasileiro. Visitar o Louvre é chique. Visitar Museu no Brasil é programa para turista estrangeiro ou, eventualmente, para alguns alunos fazerem trabalhos escolares. Então, deixa pra lá. Nas redes sociais, o incêndio do Museu propiciou as mais disparatadas leituras, como essa da BBC “por qué algunos ven en el devastador incendio “una metáfora” de la situación actual del país sudamericano”. A ironia da BBC faz sentido, porque, na visão dos estrangeiros, o Brasil atravessa uma difícil situação política e econômica, com 13 milhões de desempregados. O índice divulgado ontem do crescimento do PIB no 2 º trimestre foi de apenas 0,4%, quase uma miragem. Mergulhado na recessão pelo menos por dois anos, e capengando no último ano, o país não tem tempo nem dinheiro para museus. A cultura dentro do País é menos importante do que se exibir numa Copa do Mundo ou numa Olimpíada com obras faraônicas, que a economia não tinha condições de suportar.

Outros interpretam o incêndio e suas consequências como o epílogo da falência do Rio de Janeiro. Aquele Museu ardendo na noite, para tornar a visão ainda mais chocante, como também cinematográfica, de certa forma é uma imagem icônica não só do Rio, mas do próprio País. Governantes que estão preocupados mais com os cargos e as benesses que eles trarão para suas carreiras e seus bolsos, e menos no que deveriam fazer para melhorar a vida do cidadão e, no caso, preservar um patrimônio valioso.

Um boa pergunta seria: onde estão os intelectuais que ficaram dois anos gritando “Fora Temer” e nunca fizeram qualquer mobilização pelo Museu Nacional. E a diretoria do Museu que certamente apóia movimentos que reivindicam salários e não mobilizou a classe artística, os políticos do Rio tão ciosos em reclamar do governo, quando acabaram com o ministério da Cultura?

Talvez só agora muitos brasileiros que conhecem o Louvre, o British Museum, o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, ficaram sabendo que no Brasil havia essa preciosidade bem ali, a poucos minutos do centro do Rio. Não há desculpas para nenhum político do Rio, inclusive para os atuais candidatos que já passaram por cargos públicos naquela cidade, pela omissão. O incêndio no Museu Nacional foi uma falha grave, inclusive da diretoria, como foi a do Instituto Butantã ou do Museu do Amanhã, em São Paulo. O que aconteceu ali na Quinta da Boa Vista foi um crime e certamente a Polícia Federal precisa apurar quem são os culpados pela tragédia. Essa foi uma crise anunciada.

Tesouro perdido

A pressa agora para angariar recursos para a “reconstrução do Museu”, com planos mirabolantes envolvendo os maiores bancos e estatais, recursos que foram reduzidos ao longo do tempo, principalmente nos últimos de dez anos, é apenas um espasmo político ante a comoção do incêndio. Até porque – vamos encarar o incêndio na sua crua realidade, no seu efeito destruidor, e deixar de tentar mascarar o vexame internacional do Brasil – o Museu Nacional, que lá estava instalado, jamais será reconstruído ou recuperado.

Os valores históricos que lá existiam, salvo talvez algumas peças mais resistentes, foram definitivamente perdidos. A maioria delas, principalmente os objetos colecionados há dois séculos e oriundos de todas as partes do mundo, principalmente da África, eram exemplares exclusivos, que só o Brasil tinha.

O acervo do Museu tinha perfil acadêmico e científico, com coleções focadas em paleontologia, antropologia e etnologia biológica. Fósseis, múmias, peças indígenas e livros raros. Menos de 1% do material estava exposto. Segundo a vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo, 90% do acervo em exposição se perdeu. Certamente trata-se da maior tragédia cultural do Brasil, em dois séculos.

O prédio histórico, que já foi palácio de um senhor de escravos e serviu de residência à família imperial portuguesa, de 1808 a 1821; e abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889, tendo servido a dois imperadores, D. Pedro I e D. Pedro II, pode até ser reconstruído e restaurado. Mas a riqueza histórica que lá repousava – cerca de 20 milhões de peças – tão ciosamente patrocinadas e colecionadas por Dom Pedro II e outros tantos abnegados, durante 200 anos, viraram cinza. Apenas cinza. É o legado que os governantes e os gestores atuais e que, infelizmente, nós todos deixaremos para as gerações futuras


João José Forni é jornalista, é Consultor de Comunicação e autor do livro Gestão de Crises e Comunicação – O que Gestores e Profissionais de Comunicação Precisam saber para Enfrentar Crises Corporativas.

 

Nota. Artigo publicado no portal Comunicação & Crise, em 05 de setembro de 2018.

Fonte: https://www.comunicacaoecrise.com/site/index.php/artigos/1067-museu-nacional-uma-crise-prevista-no-limite-da-irresponsabilidade

Email do autor: jforni46@gmail.com

Editor’s note. Spanish and English translation are available below

Alexandre Garcia

Bom dia a vocês. Como se a gente pudesse dizer bom dia, né, depois dessa tragédia. E é simbólico que em plena semana da pátria, tenhamos deixado em cinzas boa parte das raízes da pátria. Nada explica, nada justifica, nada desculpa uma tragédia que foi preparada pouco a pouco. Ano a ano, dia a dia. Segundo os bombeiros, não havia equipamento preventivo antifogo dentro do principal museu do país. E nessa noite se viu que nem sequer havia água nos hidrantes para abastecer as mangueiras. Cortes de verbas deixaram o museu como o último da fila, sendo tomado pelos cupins, e agora, pelo fogo. Cortaram recursos onde já faltavam, e não onde está sobrando, no Estado brasileiro inchado e incompetente.
Quem não sabe cuidar do passado, que futuro pode ter? Agora se leem e se ouvem em declarações, que é uma perda incalculável, essa obviedade do Presidente da República. Ou que vai auxiliar a universidade federal a recuperar o museu. Recuperar o que? Esperar o juízo final, para que das cinzas se levantem 20 milhões de peças, entre elas a ‘Luzia’, nossa ancestral de doze mil* anos? Saliva não apaga fogo. Ação preventiva teria evitado. O fogo que queimou na semana da pátria, queima também o patrimônio de história, de ciências, de arte, uma memória que pertence às gerações futuras. E ficam as cinzas como símbolo do desleixo, da irresponsabilidade, da falta de nacionalidade dos contemporâneos desta tragédia de lesa-pátria.

* A idade estimada de ‘Luzia’ é de 25 mil anos.


Alexandre Garcia (1940-) é jornalista e comentarista político brasileiro.
Nota. Transcrito do vídeo em Youtube gravado em 04 de setembro de 2018.

 

Saliva no apaga fuego

Alexandre Garcia

Buen día para ustedes. Como si la gente pudiera decir buen día, no, después de esa tragedia. Y es simbólico que en plena semana de la patria, hayamos dejado en cenizas buena parte de las raíces de la patria. Nada explica, nada justifica, nada excusa una tragedia que fue preparada poco a poco. Año a año, día a día. Según los bomberos, no había equipo de prevención de incendios dentro del principal museo del país. Y esa noche se vio que ni siquiera había agua en los hidrantes para abastecer las mangueras. Cortes de fondos dejaron el museo como el último de la fila, siendo tomado por las termitas, y ahora, por el fuego. Cortaron recursos donde ya faltaba, y no donde sobraba, en el Estado brasileño hinchado e incompetente.
¿Quién no sabe cuidar del pasado, qué futuro puede tener? Ahora se leen y se oyen en declaraciones, que es una pérdida incalculable, esa perogrullada del Presidente de la República. O que va a auxiliar a la Universidad Federal [de Rio de Janeiro] a recuperar el museo. ¿Recuperar qué? ¿Esperar el juicio final, para que de las cenizas spuedan levantar 20 millones de piezas, entre ellas la ‘Luzia’, nuestra ancestral de doce mil* años? Saliva no apaga fuego. La acción preventiva habría evitado. El fuego que quemó en la semana de la patria, quema también el patrimonio de historia, de ciencias, de arte, una memoria que pertenece a las generaciones futuras. Y quedan las cenizas como símbolo del descuido, de la irresponsabilidad, de la falta de nacionalidad de los contemporáneos de esta tragedia de lesa patria.

* La edad estimada de ‘Luzia’ es de 25 mil años.


Alexandre García (1940-) es periodista, presentador y columnista político brasileño.
Nota. Transcrito del vídeo en Youtube grabado el 04 de septiembre de 2018.

 

Saliva does not put out fire

Alexandre Garcia

Good morning to you. As if one could say good morning, after this tragedy. And it is symbolic that in the week we celebrate our homeland, we turned into ashes a good part of our nation’s heritage. Nothing explains, nothing justifies, nothing excuses a tragedy that was gradually impending. Year after year, day after day. According to the firefighters, there was no fire preventive equipment inside the country’s most important museum. And on that night, the hydrants did not even have water to supply the firemen’s hoses. Cuts in resources had put the museum at the end of the queue, to be gradually gnawed by termites, and now, by the fire. They cut off resources from where they were already insufficient, rather than from where they were dispensable, in the swollen and incompetent Brazilian state.
What future is there for those who do not even know how to take care of the past? Now one hears and reads in various statements, that it was an incalculable loss, this truism of the President. Or that he will help the Federal University [of Rio de Janeiro] to restore the museum. Restore what? To wait for the final judgment, so that from the ashes they can raise 20 million pieces, among which ‘Luzia’, our twelve thousand* years’ ancestor ? Saliva does not put out fire. Preventive action could have prevented it. The fire in the week we celebrated our homeland also turned into ashes a heritage of history, science, and art, and a memory that belonged to future generations. So the ashes remain, as a symbol of the neglect, the irresponsibility, the lack of patriotism of those who lived at the time of this high treason tragedy.

* The estimated age of ‘Luzia’ is 25 thousand years.


Alexandre Garcia (1940-) is a Brazilian journalist and political broadcaster.
Note. Transcribed from the Youtube video recorded on 4th September, 2018.

Norman Berdichevsky

Reseña del libro El hombre razonable y otros ensayos de Joaquina Pires-O’Brien. Beccles, UK, KDP, 2016. Disponible en Amazon.com.

El anuncio de la adopción de la nueva palabra post-truth (posverdad) por los autores del diccionario Oxford, en el 16 de noviembre de 2016, llegó días después de la publicación de O homem razoável e outros ensaios, un e-book en portugués y ya traducido para el español (El hombre razonable y otros ensayos) – una colección de 23 ensayos sobre algunos de los más definitorios, y controvertidos, aspectos de la civilización occidental. La proximidad de los dos eventos muestra que la autora es de hecho bien sintonizada con la civilización occidental y sus problemas. Uno de los ensayos de este libro se ocupa específicamente del posmodernismo, la doctrina o mentalidad da cual que la palabra post-truth se originó. Además del posmodernismo, este libro abarca otros temas de actualidad como la educación liberal, las dos culturas (la división entre la ciencia y las artes y las humanidades) y el 9/11, así como algunos temas atemporales como la utopía, el amor, y el apego humano a los mitos. La autora, Jo Pires-O’Brien, una brasileña residente en el Reino Unido, es la editora de PortVitoria, periódico en línea, bianual, sobre actualidades, cultura y política, centrado en la cultura ibérica y su diáspora, cuyos artículos son publicados en español, portugués e inglés.

El ensayo con el tema más difícil de se entender – en cualquier idioma – es precisamente lo que habla del posmodernismo, el cual es descrito través de su fascinación con el concepto de ‘narrativas’; es decir, donde muchos hacen de los medios de comunicación un juguete – una actitud escéptica o desconfianza en relación a las ideologías y los diversos principios del pensamiento racional, incluyendo la existencia de una realidad objetiva, de la verdad, y de las nociones de progreso que existen – el posmodernismo afirma que el conocimiento y la verdad son productos de los sistemas históricos y sociales y de la interpretación política. La preocupación da autora con el postmodernismo de la amenaza no es sin justificación. El término post-truth, – adoptado en 2016 por los autores del diccionario Oxford – capta la idea posmodernista de que ‘no hay hechos, hay interpretaciones’. Si no hay hechos, entonces la ciencia y otros elementos de la moderna Civilización Occidental, como el canon literario, son irrelevantes.

El título del libro fue tomado del primero ensayo, que se ocupa del hipotético ‘hombre razonable’ (reasonable man), conservado en el derecho civil y contractual en Gran Bretaña y en los Estados Unidos, pero sin una definición precisa. Tal ‘hombre razonable’ – sin el artículo definido que aparece en las versiones en portugués y español – o ‘el hombre en el ómnibus de Clapham’ en el folklore británico, es una persona dotada de sentido común y cuya opinión es tomada como la opinión pública, y por eso, valorada en muchos casos particulares, como en la definición de cómo alguien debe comportarse (en términos de acción o inacción) en relación con otro en situaciones de amenaza. No hay necesidad de establecer una intención maliciosa, y es esperado que dicha persona ficticia pueda cometer ‘errores razonables’ de acuerdo con las circunstancias, siendo, por lo tanto, una cuestión de la ética. Hay, efectivamente, mucho alimento de reflexión acerca de cuanto de los sistemas legales del Occidente, os cuales, sobre todo en los países anglosajones, decoren de alguna tradición distinta. A partir del ensayo aprendemos que el concepto del hombre razonable se extiende a la Antigüedad, al concepto de ‘phronēsis’ o ‘sabiduría práctica’ de los antiguos griegos. Para Sócrates, ‘phronēsis’ (frónesis) era la capacidad de discernir cómo y por qué alguien debe actuar virtuosamente, mientras que Aristóteles, – y en la víspera de la edad moderna, Spinoza, – lo definió como la capacidad de pensar lógicamente. La calidad de una sociedad depende de su riqueza humana, medida por la proporción de ciudadanos razonables. El tema de la ley vuelve a aparecer en otro ensayo que se ocupa del delito affray – o riña – el uso o amenaza del uso de la violencia ilegal contra otra persona para que una persona de ‘firmeza razonable’ en el tema de la escena por su propia seguridad. La etimología de la palabra affray es explicada, demostrando que proviene de una palabra en protogermánica con un radical protoindo-europeu.

Varios ensayos se ocupan de pensadores influyentes como Friedrich Hayek, Jacques Jean-Jacques Rousseau, Thomas Hobbes, Elias Canetti, Stefan Zweig y George Orwell. El ensayo titulado ‘El filósofo de la libertad’ habla de Hayek, notoriamente desaventajado por los críticos de izquierda de las sociedades opulentas modernos y sus políticas económicas. Hayek fue uno de los pocos que no perdió la fe en el capitalismo el día siguiente al viernes negro de noviembre de 1929. En Camino de servidumbre (1944), que se convirtió en un éxito de ventas, Hayek explicó los malentendidos sobre el sistema económico del capitalismo y destacó el valor de la libertad de cada uno de usar su propia iniciativa empresarial y sus habilidades para progresar y, sobre todo, afirmó que la democracia no era un valor final, sino un medio para alcanzar la libertad. Los fundamentos de la libertad es otro gran libro de Hayek, aunque no ha sido un éxito de ventas. Hayek fue muy admirado por la primera ministra Margaret Thatcher, que una vez llevó el libro Los fundamentos de la libertad para una sesión en el Parlamento y golpeó el mismo contra la caja de despacho en cuanto dijo: “Esto es lo que creemos”. Otra personalidad que evidencio es George Orwell (Eric Blair), autor de 1984 y Sin blanca en París y Londres, el cual es cubierto en dos ensayos; un que da un resumen crítico acerca de la vida de Orwell y otro que describe las poderosas metáforas contenidas en su libro 1984.

La carrera anterior de la autora en Brasil, como investigadora botánica con un doctorado en ecología forestal, se pone de manifiesto en un ensayo sobre el nefasto ‘Proyecto Floram’, un proyecto de reforestación. La autora basó su ensayo en los archivos del Instituto de Estudios Avanzados de la Universidad de São Paulo (IEA/USP) así como en su memoria personal. En este ensayo, ella muestra cómo el proyecto Floram fue concebido y explica cómo la murmuración pública inmerecida hizo con que los inversores del sector privado retirasen su apoyo. La inhibición del Proyecto Floram es sintomática de uno de los principales problemas de nuestro tiempo – el calentamiento global. Como Pires-O’Brien correctamente concluyó… “… el Proyecto Floram es un ejemplo de la eterna contienda entre lo real y lo ideal”.

Un ensayo corto, pero afilado, habla de la cultura y el relativismo cultural, trazando el nuevo significado dado à la palabra cultura por algunos antropólogos y sociólogos, y muestreando su conexión con el relativismo cultural. Los ensayos restantes se ocupan de las grandes ideas que florecieron en el Occidente y ayudaron a formar la Civilización Occidental – la Bíblia, la idea del paraíso, la utopía, el aprendizaje al longo de la vida, el amor, la mente sana en un cuerpo sano y la educación liberal –, así como tratan de los mayores retos y amenazas actuales de la Civilización Occidental: el posmodernismo y el extremismo islámico. Aunque se trata de una ecléctica colección de ensayos, hay un denominador común en su temática: la lucha de la razón contra la irracionalidad.

Por último, pero no menos importante, la autora aborda el extremismo islamita responsable de los ataques del 9/11 y el uso del yihad, como un medio para alcanzar el poder político. Esto se hace en forma de una serie de preguntas y respuestas que abordan no sólo a los perpetradores de los ataques del 9/11, sino también muchos temas relevantes a cerca de la religión islámica: la historia de los conspiradores y su motivación; la naturaleza del Corán; la rivalidad entre las sectas islámicas rivales (chiíes y suníes); el yihad; el wahabismo y el salafismo; la Hermandad Musulmana; la aspiración de un nuevo califato; las creencias de la mayoría de los musulmanes comúns que non son fundamentalistas; y, ayunque, el fracaso, la falta de cooperación y los supuestos ingenuos de las agencias de inteligencia de los Estados Unidos. Todo eso es explicado de forma clara y sin exageros.

Este es un libro para leer y volver a leer, con el fin de ayudarnos a poner en perspectiva ideas diferentes pero cruciales. Como un usuario cuyo primer idioma es el inglés y con una capacidad razonable de leer en español, encontré el texto en español bastante fácil de leer – claro, preciso y leve, tanto entretiene cuanto informa. El estilo es el tipo que captura la atención del lector y sin ‘vagar’ o ‘cansar’ como es común en casos de textos similares, que abarcan docenas de temas diversos y provocativos. Otro diferencial de El hombre razonable es que sus ensayos de temática variada están bien conectados.

En el momento, el libro apareció en portugués y en español, y hay una declaración en el prefacio que una traducción al inglés no está sobre la mesa: “El repertorio de los temas abordados ya es bien conocido en los países situados en el centro de la Civilización Occidental pero no en los países de la periferia. La presente recopilación tiene por objetivo contribuir a corregir esa distorsión.” Aunque esto es probablemente cierto, creo que, mismo en la lengua inglesa, hay un espacio en la literatura para una análisis concisa y clara como esta, que reflecte acerca de las ideas que formaron la Civilización Occidental y acerca de aquellas que son una amenaza à misma. Tengo una profunda esperanza de que una edición en inglés ocupe de pronto esto espacio. Este es un libro valioso que debería ser una lectura obligatoria para los estudiantes que están a entrar en la universidad para estudiar historia, filosofía, ciencias sociales y relaciones internacionales.

                                                                                                                                               

Dr. Norman Berdichevsky es un estadounidense especializado en geografía humana y con fuerte interés en las culturas hispánica y portuguesa. Es autor de varios libros y numerosos artículos y ensayos, y forma parte del Consejo Editorial de PortVitoria.

Norman Berdichevsky

Resenha do livro O homem razoável e outros ensaios (El hombre razonable y otros ensayos) de Joaquina Pires-O’Brien. Beccles, UK, KDP, 2016. Disponível na Amazon.com.

O anúncio da adoção da nova palavra post-truth (pós-verdade) pelos autores do dicionário Oxford, em 16 de novembro de 2016, chegou dias depois da publicação de um e-book em português chamado O homem razoável e outros ensaios, já traduzido para o espanhol (El hombre razonable y otros ensayos) – uma coleção de 23 ensaios sobre alguns dos mais definidores, e controversos, aspectos da Civilização Ocidental. A proximidade dos dois eventos mostra que a autora é deveras bem sintonizada com a Civilização Ocidental e os seus problemas. Um dos ensaios desse livro trata especificamente do pós-modernismo, a doutrina ou mentalidade da qual a palavra post-truth se originou. Além do pós-modernismo, esse livro cobre outros temas contemporâneos como a educação liberal, as duas culturas (o racha entre a ciência e as artes e humanidades) e o 9/11, assim como alguns temas atemporais como a utopia, o amor e o apego humano aos mitos. A autora, Jo Pires-O’Brien, uma brasileira residente no Reino Unido, é editora de PortVitoria, revista online, bianual, sobre atualidades, cultura e política, centrada na cultura ibérica e sua diáspora, cujos artigos são publicados em espanhol, português e inglês.

O ensaio com o tema mais difícil de entender – seja lá em que língua – é precisamente o que fala do pós-modernismo, o qual é descrito através de sua fascinação com o conceito de ‘narrativas’; isto é, onde muitos fazem da mídia um brinquedo – uma atitude de ceticismo ou desconfiança no tocante a ideologias e aos diversos princípios do pensamento racional, incluindo a existência de realidade objetiva, da verdade e das noções de progresso existentes – o mesmo afirma que o conhecimento e a verdade são produtos de sistemas históricos e sociais e da interpretação política. A preocupação da autora com a ameaça do pós-modernismo não é sem justificativa. O termo post-truth adotado em 2016 pelos autores do dicionário Oxford, captura a ideia pós-modernista de que ‘não existem verdades, mas apenas interpretações’. Se não há verdade, então a ciência e outros elementos da Civilização Ocidental moderna, como o cânone literário, são irrelevantes.

O título do livro foi tirado do primeiro ensaio, o qual trata do hipotético ‘homem razoável’ (reasonable man), preservado no direito civil e na lei contratual na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, embora sem uma definição precisa. Tal ‘homem razoável’ – sem o artigo definido que aparece nas versões em português e em espanhol – ou ‘o homem no ônibus de Clapham’ no folclore britânico, representa uma pessoa dotada de bom senso e cuja opinião é tomada como sendo a opinião pública, e, por isso, valorizada em diversos casos particulares, como, por exemplo, na definição de como uma pessoa deve se portar (em termos de ação ou inação) em relação a outras em situações de ameaça. Não há necessidade de estabelecer uma intenção maliciosa, e é esperado que tal indivíduo fictício possa cometer ‘erros razoáveis’ de acordo com as circunstâncias, o que, como tal, é uma questão da ética. Há deveras muito alimento para pensar acerca de quanto dos sistemas legais do Ocidente, os quais, particularmente nos países anglo-saxões, são uma função de alguma tradição distinta. A partir do ensaio, aprendemos que o conceito do homem razoável se estende até a Antiguidade, ao conceito da phronesis ou ‘sabedoria prática’ dos antigos gregos. Para Sócrates, a phronesis era a capacidade de discernir como e porque alguém deve agir virtuosamente, enquanto que Aristóteles – e, também, já na antevéspera da Idade Moderna, Spinoza, – definiu-a como sendo a capacidade de pensar logicamente. A qualidade de uma sociedade depende de seu cabedal humano, medido pela proporção de ‘cidadãos razoáveis’. O tema da lei reaparece num outro ensaio que trata do crime de affray – ou rixa – usar ou ameaçar usar violência ilícita para com outra pessoa de tal modo que uma pessoa de ‘razoável firmeza’ presente na cena tema pela própria segurança. A etimologia da palavra affray é explicada, mostrando que vem de uma palavra em protogermânico com um radical protoindo-europeu.

Diversos ensaios tratam de pensadores influentes, tais como Friedrich Hayek, Jacques Jean-Jacques Rousseau, Thomas Hobbes, Elias Canetti, Stefan Zweig e George Orwell. O ensaio intitulado ‘O filósofo da liberdade’ fala de Hayek, notoriamente desfavorecido entre os críticos esquerdistas das sociedades afluentes modernas e suas políticas econômicas. Hayek foi um dos poucos que não perdeu a fé no capitalismo no dia seguinte ao Black Friday de novembro de 1929. Em O caminho da servidão (1944), que virou um best-seller, Hayek explicou os mal-entendidos acerca do sistema econômico do capitalismo e sublinhou o valor da liberdade de cada um de utilizar seu próprio empreendedorismo e suas habilidades para progredir, e, acima de tudo, esclareceu que democracia não era um valor final mas um meio para alcançar a liberdade. A constituição da liberdade é outro grande livro de Hayek, muito embora não tenha sido um best-seller. Hayek era altamente admirado pela primeira ministra Margaret Thatcher, que uma vez levou o livro A constituição da liberdade para uma sessão no Parlamento e bateu-o contra a caixa de despachos enquanto dizia: “É nisso que nós acreditamos”. Outra personalidade que evidencio é George Orwell (Eric Blair), autor de 1984 e Na pior em Paris e Londres, o qual é tratado em dois ensaios; um que apresenta um resumo crítico da vida de Orwell e outro que descreve as poderosas metáforas contidas no seu livro 1984.

A carreira anterior da autora no Brasil, como pesquisadora botânica com PhD em ecologia florestal, é revelada num ensaio sobre o malfadado ‘Projeto Floram’, um projeto de reflorestamento. Ela baseou este ensaio nos arquivos do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) bem como na sua memória pessoal. Nesse ensaio, ela mostra como o Projeto Floram foi concebido e explica como a maledicência pública imerecida fez com que os investidores do setor privado retirassem seu suporte. A inibição do Projeto Floram é sintomática de um dos maiores problemas do nosso tempo – o aquecimento global. Conforme Pires-O’Brien corretamente concluiu…“O Projeto Floram foi um exemplo da contenda constante entre a situação real e a ideal”.

Um ensaio curto, porém afiado, fala sobre a cultura e o relativismo cultural, traçando o novo significado conferido à palavra cultura por alguns antropólogos e sociólogos, e mostrando a sua conexão com o relativismo cultural. Os ensaios restantes tratam das grandes ideias que floresceram no Ocidente e ajudaram a formar a Civilização Ocidental – a Bíblia, a noção do paraíso, a utopia, a aprendizagem ao longo da vida, o amor, a mente sã num corpo são e a educação liberal –, bem como tratam dos seus maiores desafios e ameaças correntes à Civilização Ocidental: o pós-modernismo e o extremismo islâmico. Embora seja uma coleção eclética de ensaios, há um denominador comum na temática deles: a luta da razão contra a irracionalidade.

Por último mas não menos importante, a autora aborda o extremismo islâmico responsável pelos ataques do 9/11 e o emprego do jihad, como um meio para alcançar o poder político. Isso é feito na forma de uma série de perguntas e respostas que tratam não apenas dos perpetradores dos ataques do 9/11, como também de diversos tópicos relevantes acerca da religião do islamismo: o fundamentalismo islâmico; a história dos conspiradores e sua motivação; a natureza do Corão; as rivalidades entre as seitas islâmicas adversárias (xiitas e sunitas); o jihad; o wahhabismo e o salafismo; a Irmandade Muçulmana; a aspiração de um novo califado; as crenças da maioria dos muçulmanos comuns que não são fundamentalistas; e, ainda, a falha, a falta de cooperação e as suposições ingênuas das agências de inteligência norte-americanas. Tudo isso é explicado com clareza e sem exagero.

Este é um livro para ler e reler, a fim de nos ajudar a colocar em perspectiva ideias diversas porém cruciais. Na qualidade de resenhista cuja primeira língua é o inglês e com uma razoável capacidade de ler espanhol, achei o texto em espanhol bastante fácil de ler; claro, preciso e leve, tanto entretém quanto informa. O estilo é do tipo que cativa a atenção do leitor e que não ‘vagueia’ ou ‘cansa’ como é frequente em casos de textos similares, que abarcam dúzias de temas diversos e provocativos. Outro diferencial de O homem razoável é que seus ensaios de temática variada estão bem conectados.

Até o momento, o livro apareceu em português e em espanhol, e há uma indicação no Prefácio de que uma tradução inglesa não está na mesa: “O repertório dos temas abordados já é bem conhecido nos países situados no âmago da Civilização Ocidental, mas não nos países da periferia. A presente coletânea tem por objetivo contribuir para corrigir essa distorção”. Embora isso provavelmente seja verdade, acredito que, mesmo na língua inglesa, há um espaço na literatura para uma análise concisa e clara como esta, que reflete sobre as ideias que formaram a Civilização Ocidental e sobre aquelas que são uma ameaça à mesma. Tenho uma esperança fervorosa de que uma edição em inglês em breve ocupará esse espaço. Esse é um livro valioso cuja leitura deveria ser obrigatória para alunos que estão entrando na universidade para estudar nas áreas de história, filosofia, ciências sociais e relações internacionais.


Dr. Norman Berdichevsky é um norte-americano especializado em geografia humana e com forte interesse nas culturas hispânica e portuguesa. É autor de diversos livros e muitos artigos e ensaios, e, faz parte do Conselho Editorial de PortVitoria.

Joaquina Pires-O’Brien

Resenha do livro The ark before Noah. Decoding the story of the flood (A arca antes de Noé. Descodificando a narrativa do dilúvio), de Irving Finkel. 421 pp. Hodder & Stroughton, London. 2014. ISBN: I 444 75705-7.

Irving Finkel, o autor do livro The ark before Noah (A arca antes de Noé), é um assiriologista e Curador Assistente (Assistant Keeper) do Museu Britânico, em cujo Departamento do Oriente Médio é encarregado da maior coleção de tabletes de barro de escrita cuneiforme do mundo. O seu livro é uma narrativa sobre uma grande caracola1 encomendada pelo deus mesopotâmico Enki a Atra-hasīs, ‘o Noé babilônico,’ a fim de que este salvasse de um dilúvio iminente, ele próprio e sua família, e todas as espécies de animais. Tal narrativa foi gravada em escrita cuneiforme num tablete de barro do tamanho de um telefone celular, datado entre 1900 e 1700 a.C.; precedendo, portanto, em mais de mil anos, a narrativa da arca de Noé contida no livro do Gênesis da Bíblia dos hebreus.

Segundo Finkel, a escrita cuneiforme é bastante complexa, pois os seus símbolos podem significar tanto sílabas quanto palavras ou até frases. Por exemplo, a palavra būlu pode significar ‘manada de bois, de ovelhas ou cavalos’, ‘animais selvagens’ ou ‘manada de quadrúpedes’. Outros dois exemplos são umãmu, que significa ‘animal ou besta’, mas não necessariamente selvagem, e nammaššû, que significa ‘manada de animais (selvagens)’.

Num parágrafo explicativo, a escrita cuneiforme surgiu em Uruk (Ur ou Erech na Bíblia), na Suméria, entre 3500 e 3000 a.C. Da Suméria, foi adotada inicialmente pelo reino da Acádia, onde sofreu algumas modificações pelos elamitas, huritas, hititas, urartianos e diversos outros povos. Essa escrita é intermediária entre a pictografia –que inclui os hieróglifos egípcios, hititas e cretenses –, e a escrita alfabética que surgiu na Fenícia – uma das civilizações do mundo antigo formada por cidades-Estado independentes que se situavam na costa do Mediterrâneo e que se estendiam para onde é hoje a Síria, o Líbano e o norte de Israel, em torno do ano 1400 a.C. O local aceito como o do desenvolvimento do alfabeto hebraico a partir do alfabeto fenício é o vale do Canaã, que cobria não só a Judeia mas também uma boa parte da Fenícia.

Finkel não foi o primeiro a descobrir a narrativa do dilúvio em escrita cuneiforme, pertencente ao épico babilônico Gilgamesh – a história do rei de Uruk, da Suméria, que reinou entre 2700 e 2600 a.C., e que foi preservada oralmente até a invenção da escrita cuneiforme. Conforme ele próprio explica no seu livro, um outro tablete sobre o dilúvio foi decifrado na segunda metade do século dezenove por George Smith, que também trabalhava no Museu Britânico. O tablete que Smith decifrou foi encontrado, entre 1845 e 1851, nas escavações arqueológicas do sítio do antigo palácio de Assurbanipal, rei da Assíria entre 668 e 627 a.C. A descoberta de Smith foi anunciada em 3 de dezembro de 1872, no congresso da Sociedade de Arqueologia Bíblica, em Londres. Esta sociedade era uma das muitas iniciativas voltadas à pesquisa bíblica que existiam na Inglaterra vitoriana. Diferentemente da pesquisa científica que é conduzida sem preconceito (pelo menos na teoria), as pesquisas bíblicas eram quase sempre motivadas pelo desejo de seus ricos patronos de encontrar a fonte divina da Bíblia. Portanto, não é de admirar que o anúncio de Smith, em 1872, não teve o efeito esperado de mostrar a ligação entre o épico Gilgamesh e o livro do Gênesis. Para tal audiência, o antiquíssimo hábito humano de copiar não poderia de aplicar à Bíblia.

O tablete decifrado por Finkel, que deu origem ao presente livro, não tem uma proveniência tão exata quanto o de Smith. Tendo sido adquirido por um oficial da Força Aérea Britânica chamado Leonardo Simmonds, que servia no Oriente Próximo no final da Segunda Guerra, o tablete foi herdado pelo seu filho Douglas Simmonds, que, em 1985, levou-o ao Museu Britânico para ser avaliado. O próprio Finkel examinou o tablete na ocasião quando percebeu que se tratava de uma cópia da narrativa do dilúvio do épico Gilgamesh. Depois disso, Finkel não teve mais contato com Simmonds até 2009, quando ele reconheceu este entre os visitantes da exibição especial ‘Babilônia: Mito e Realidade’, do Museu Britânico. Finkel foi ter com Simmonds, que se comprometeu a entregar o tablete ao Museu Britânico para que Finkel pudesse decifrá-lo. A decifração do tablete doado por Simmonds mostrou uma versão diferente daquela do tablete decifrado por Smith no século dezenove, especialmente pelo fato de conter instruções pormenorizadas sobre como a embarcação (a arca) deveria ser construída. Segundo Finkel, encontrar diferentes versões das mesmas narrativas é comum para as narrativas que foram preservadas durante muito tempo na história oral, antes de serem documentadas pela escrita.

Segundo a narrativa do ‘tablete da arca’ decifrado por Finkel, ‘quando os deuses decidiram exterminar a humanidade com um dilúvio, o deus Enki, que tinha senso de humor, vazou a informação para Atra-hasīs, e ordenou-o a construir uma arca’, no caso, uma enorme caracola de quase 230 pés de diâmetro, tamanho que equivale a dois terços de um campo de futebol. A embarcação era redonda e rasa, semelhante a uma gigantesca cesta flutuante, e deveria ser confeccionada com cordas de fibra de palma, reforçada por vigas de madeira em forma de ‘J’, e impermeabilizada com betume. O seu interior era dividido por paredes (formadas pelas escoras), a fim de criar compartimentos para separar os animais predadores de suas presas e possibilitar um deck superior. O deus também especifica que os animais deveriam entrar na arca de dois a dois.

A narrativa do dilúvio do épico Gilgamesh apresenta semelhanças e diferenças em relação à narrativa similar da Bíblia. No caso das semelhanças, há duas aves que foram soltas para procurar terra seca. No caso das dessimilaridades, há a motivação do castigo: a algazarra dos homens, no Gilgamesh, e a corrupção moral dos homens, na Bíblia. E por falar em Bíblia, o ‘povo hebreu’ ou os ‘israelitas’ nela mencionados são designados neste livro como ‘judeus’ (Judeans, em inglês) –note-se que essa palavra é usada aqui com o sentido de indivíduos originários da Judeia e não no sentido do judaísmo, já que esta religião cristalizou-se posteriormente à compilação das escrituras que constituem a Bíblia. Na interpretação de Finkel, a narrativa bíblica do dilúvio foi tirada da literatura babilônica pelos ‘judeus’, que tiveram a oportunidade e a motivação para isso. A oportunidade surgiu durante o exílio deles na Babilônia, imposto por Nabucodonosor II em 587 a.C, em cuja corte eles teriam aprendido a escrita cuneiforme. A língua não devia ser um problema para eles, visto que o hebraico (falado pelo povo em geral) e o aramaico (falado principalmente pelas pessoas mais instruídas) são línguas afins do babilônico. Finkel também afirma que, no acervo de tabletes cuneiformes, há muitos que comprovadamente foram usados no ensino oficial, incluindo o épico Gilgamesh, que inclui outras narrativas além da do dilúvio, como a lenda do rei Sargão, muito similar à história de Moisés. A motivação dos ‘judeus’ é a necessidade que tinham de criar uma identidade durante o exílio na Babilônia. Com a destruição da cidade e do famoso templo de Jerusalém, os ‘judeus’ não tinham nada de substancial para definir a sua identidade cultural, pois a sua religião, que girava em torno de um deus único e onipotente, proibia as contumazes parafernálias de efeito confortante. Segundo Finkel, faz sentido que, durante os seus 48 anos de exílio na Babilônia, os ‘judeus’ tenham decidido construir a sua história, nem que fosse na forma oral. Também faz sentido que tenham incorporado, nessa história oral, algumas das coisas que assimilaram durante o exílio na Babilônia. Entretanto, a história dos ‘judeus’, ou a futura Bíblia, ainda era uma história oral quando Ciro o Grande, que conquistou a Babilônia em 538, permitiu que eles deixassem a Babilônia e retornassem à Judeia, no vale do Canaã.

Tão interessantes quanto os pormenores da arca babilônica são os esclarecimentos de Finkel sobre o épico Gilgamesh, a influência da Babilônia junto aos exilados da Judeia e a atual reavaliação das prováveis datas de compleição dos livros da Bíblia hebraica. Um bom tempo se passou depois do retorno à Judeia, até que os primeiros livros da Bíblia hebraica fossem compilados. Conforme mostrado por Finkel, a evidência da influência babilônica na cultura dos ‘judeus’ está não só nas diversas narrativas bíblicas, como a do dilúvio, mas também na grande quantidade de palavras babilônicas incorporadas no vocabulário hebraico.

O livro The ark before Noah (A arca antes de Noé) é ricamente ilustrado, com imagens em preto e branco e a cores de tabletes cuneiformes, quadros, desenhos e fotografias. Apesar de conter muitos aspectos técnicos de linguística, o livro de Finkel é de fácil leitura, pois os aspectos mais técnicos e de interesse especial foram reunidos nos quatro apêndices do final. As contraposições entre os mitos babilônicos e as narrativas do livro do Gênesis são extremamente interessantes. Com este livro, Finkel dá uma importante contribuição para o melhor entendimento da história da civilização humana.
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Joaquina (Jo) Pires-O’Brien é a editora de PortVitoria, revista eletrônica voltada à falantes de português e espanhol, especialmente os que vivem fora de suas pátrias.
Nota:
1.Caracola. Conforme definido pelo Houaiss, caracola, coracola ou caracora é uma embarcação malaia de cabotagem, comprida, de fundo chato, com boca estreita e velas de esteira.

Citação
FINKEL, I. The Ark before Noah: decoding the story of the flood. London, Hodder & Stoughton, 2014. ISBN 978-I-444-75705-7. Resenha de: PIRES-O’BRIEN, J. A arca e o dilúvio mesopotâmico e suas implicações. PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Francisco Gijon

Between the VI and the V centuries BCE the panorama that the peoples from the East and the South of the Iberian Peninsula offered is the following: the kingdom of the Tartessians is no longer in existence. The Phoenicians finally managed to control the commerce of minerals, after having suppressed the Greek competence in the area of the Straight. To prevent that a new unitarian monarchy could repeat in the future the challenge that the Tartessians inflicted upon them in the past, the Phoenicians fomented the dismemberment of the kingdom into small principalities, whose collaboration they sought and stimulated individually by making them compete amongst themselves.

The Carthaginians, ethnic brothers of the Phoenicians, blocked to the Greeks the Mediterranean routes of the West through the creation of a maritime empire which would be supported in some places of the southern Hispanic coast and in the North African coast, in the isles of Ibiza, in Cerdagne and in Sicily, and naturally, Carthage. The Greeks from Massalia (Marseilles), who were focenses, would centre their interests in the Levantine region, the only one which they had access to by land and by sea. Its influx was quickly felt by the population of the Spanish Levant. Little by little, the kinglets of the Guadalquivir valley felt attracted to the advantages that the commerce with the Greeks offered to them. And it was this way, and not by any other way, that the so-called Iberian cultural circle began to crystallize.

The Greek authors called ‘Iberians’ the peoples of the South and of the Levant of our Penninsula, in order to distinguish them from the peoples of the interior, whose culture was different in every aspect. However, the range occupied by the true Iberians was much smaller. As a reference point, in spite of the anachronism, we should locate the Hercules Way, an ancient road that bordered the Gulf of Lion and the Levantine coast; from Italy it ran through Marseille and entered into the Guadalquivir valley. The legends, always Greeks, attributed its construction to Hercules, but this is a different story.

The place which one day would become the Low Languedoc and Roussillon, were inhabited by the Iberian Misegete tribes, that is, mestizos, for from what it appears, they were formed by a mixture of the local population, of Celtiligurian peoples and proper Iberians from the South, as a reflux caused by a previous penetration of the Celts in their territories. What is certain is that the Iberian presence in the South of France was confirmed during the discovery of the Montlaurés and Ensérune archaeological stations.

On the Mediterranean side of the Pyrenees, it is documented the existence of the Ceretans, who gave their name to the county of Cerdagne. The near side was settled by other tribes who left the footprint of their names in the region’s toponyms. Thus, the Castilians, the Andosins (Andorra valleys), the Airenosins (Aran valley), and the Jacetans (of Jaca). In the remaining of Cataluña lived other tribes, some of them properly Iberians, such as the Indigetes, the Layetans or the Cesetans, these last in the area of Tarragona. But there were also non-Iberian peoples, such as the Ausetans (in the area of ‘Vich’ or Barcelona) and the Bergistans (Berga and Barcelona). In the county of Tortosa, near the mouth of the Iberus (the Ebro), lived the Ilercaonnians, related, apparently, to other tribes from the interior such as the Ilergeteans (of Lerida, then called Ilergetania or Ilerda) owners of the Aragonian lands on the left bank of the Ebro river and the plains of Urgel.

On the Castellón plane and in Valencia lived the Edetans (Edeta corresponds to the present Liria). Further South, the Contestans would occupy the territory between the Jucar and the Segura rivers, snatched away, from what it seems, from the older Gimnetes settlers.

On the other side of the Segura river began the territory that in ancient times rotated around the Tartessians. The Mastiens, between the rivers Segura and Almeria, the Bastetans and the Bastuloes, subgroups with a common trunk who settled in Almeria and Granada and with a capital in Basti (nr. Baza), and the Oretans, mountain peoples who inhabited the current Jaen province.
The Curetans appear to have occupied the Despenhaperros region and the Auringis (New Jaen) region, and in the borders with the Bastetans, lived the Maesesseans. In the Guadalquivir river basin lived the Etmaeans and the Ileates in the zone between Córdoba and Seville, outflanked in the North by the Cempesians, of a Celt majority, which extended until the Guadiana river. As for the Turdetans, it is thought that they were settled in the areas of Seville and Cádiz, home of the old Tartessians. Their relatives, the Turdules, on the mountainous periphery zone of the Turdetan country. Towards West, many other peoples occupied the zones of the Algarve.


Francisco Gijon is the author of several history books, including Historia antigua de las Españas, from where this article was extracted.

Note
© Francisco Guijon
http://ordorenascendi.blogspot.co.uk/2011/07/la

Translated by: Joaquina Pires-O’Brien

How to cite this article:

Gijon, F. (2014). Who were the Iberians? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Francisco Gijon

Entre os séculos VI e V a.C. o panorama que os povos do Leste e do Sul da Península Ibérica oferecem é o seguinte: o reino dos tartessos1 já não existe. Os fenícios finalmente conseguiram controlar o comércio de minérios, após terem suprimido a competência grega na área do Estreito. Para impedir que no futuro uma nova monarquia unitária repetisse o desafio que os tartessos lhes haviam lançado no passado, os fenícios fomentaram, sim, o desmembramento do reino em pequenos principados, cuja colaboração buscariam em separado e estimulariam fazendo-os rivalizarem-se entre si.

Os cartagineses, irmãos de raça dos fenícios, bloquearam aos gregos as rotas mediterrâneas do ocidente mediante a criação de um império marítimo que se apoiaria em alguns locais do litoral meridional hispânico e norte-africano, nas ilhas de Ibiza, Cerdanha e Sicília e, naturalmente, em Cartago. Os gregos de Massalia (Marselha), que eram focenses, centrariam os seus interesses na região levantina, a única à qual tinham acesso por terra e por mar. O seu influxo se fez sentir pronto na população do levante espanhol. Pouco a pouco, os régulos do vale do Guadalquivir se sentiriam atraídos pelas vantagens que lhes oferecia o comércio com os gregos. E assim, e não de outro modo, começaria a cristalizar o denominado círculo cultural ibérico.

Os autores gregos chamaram de ‘iberos’ os povos do sul e do levante da nossa Península, para distingui-los dos povos do interior, cuja cultura era diferente em todos os aspectos. Entretanto, o âmbito ocupado pelos verdadeiros iberos era muito mais reduzido. Como ponto de referência, apesar do anacronismo, deveríamos situar a ‘via Hercúlea’, um antigo caminho terrestre que, desde a Itália, passava por Marselha, bordeava o golfo de Leão e a costa levantina, e penetrava no vale do Guadalquivir. As lendas, sempre gregas, atribuíam a Hércules a sua construção, mas isso é farinha de outro saco.

Aquilo que um dia seria o baixo Languedoc e Rossilhão era habitado por tribos ibéricas miscigenadas, isto é, de mestiços, pois ao que parece, eram formados por uma mistura da população local, celtoligúrica, e povos propriamente ibéricos vindos do sul, como um refluxo suscitado por uma anterior penetração dos celtas em seus territórios. O certo é que a presença ibérica no sul da França foi confirmada quando do descobrimento das estações arqueológicas de Montlaurés e Ensérume.

Nas encostas mediterrâneas dos Pireneus está documentada a existência dos ceretanos, que deram o seu nome ao município da Cerdanha. No lado de cá, assentaram-se outras tribos que deixaram o rastro de seus nomes nos topônimos da região. Assim, os castelhanos, os andosinos (dos vales de Andorra), os airenosinos (do vale do Aram), e os jacetanos (de Jaca). No resto da Catalunha habitavam outras tribos, algumas delas propriamente ibéricas, como os indígetes, os layetanos e os cesetanos, estes últimos na área de Tarragona. Mas também havia outras populações não ibéricas, como os ausetanos (zona de ‘Vichi’ ou Barcelona) e os bergistanos (Berga e Barcelona). Na comarca de Tortosa, junto à desembocadura do Íberus (o Ébrio), viviam os ilercões, aparentados, aparentemente, a outras tribos do interior como os ilergetes (de Lérida, então chamada Ilerda) donos das terras aragonesas da margem esquerda do rio Ébrio e das planície de Urgel.

Na planície castelonense e em Valência, estavam os edetanos (Edeta corresponderia à atual Liria). Mais ao sul, os contestanos ocupariam o território compreendido entre os rios Júcar e Segura, arrebatados, ao que parece, aos mais antigos colonizadores gimnetanos.

No outro lado do rio Segura, começava o território que antigamente girava em torno dos tartessos. Seus ocupantes posteriores foram os mastienos, entre os rios Segura e Almeria, os bastetanos, e os bástulos, subgrupos de um tronco comum radicado em Almeria e Granada e com sede em Basti (Baza), e os oretanos, montanheses que habitavam a atual província de Jaén.
Os curetes parecem haver ocupado a região de Despenhaperros e a região de Auringis (Jaem Novo), e nos confins com os bastetanos, habitavam os maesesses. Na bacia do Guadalquivir viviam os etmeanos e os ileates na zona entre Córdoba e Sevilha, deslocados ao norte pelos cempesos, de maioria céltica, que se estenderiam até o rio Guadiana. Quanto aos turdetanos, supõe-se que eram assentados nas terras de Sevilha e Cádiz, a antiga morada dos tartessos. Os seus afins, os túrdulos, viviam na zona periférica montanhosa da área turdetana. Para o ocidente, muitos outros povos ocupavam as zonas do Algarve.
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Francisco Guijon é autor de diversos livros de história, incluindo Historia antigua de las Españas, de onde este artigo foi extraído.
© Francisco Guijon
http://ordorenascendi.blogspot.co.uk/2011/07/la

Notas
1.Tartessos (Τάρτησσος) era o nome pelo qual os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente. Herdeiros da cultura megalítica andaluza, que se desenvolveu no triângulo formado pelas atuais cidades de Huelva, Sevilha e Cádiz, os tartessos desenvolveram uma língua e escrita distintas das dos povos vizinhos e tiveram influências culturais de egípcios e fenícios. Estão perfeitamente documentados povoados ao longo do vale do Guadalquivir. A sua provável capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje ocupa o porto de Santa Maria, na desembocadura do Guadalete. Provavelmente, a cidade e a civilização já existiam antes de 1000 a.C., dedicadas ao comércio, à metalurgia e à pesca. A posterior chegada dos fenícios, talvez tenha estimulado o seu imperialismo sobre as terras e cidades ao seu redor, a intensificação da exportação das minas de cobre e prata. Os tartessos converteram-se nos principais provedores de bronze e prata do Mediterrâneo. A sua forma de governo era a monarquia, e possuiam leis escritas em tábuas de bronze. No século VI a.C., o reino dos tartessos desaparece abruptamente da História, seguramente varrido por Cartago.

Fonte: http://saber.sapo.pt/wiki/Povos_ib%C3%A9ricos_pr%C3%A9-romanos

Tradução de: Joaquina Pires-O’Brien

Como citar este artigo:
Gijon, F. (2014). Quem eram os iberos? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Francisco Gijon

Entre el siglo VI y el V a. de C. el panorama que ofrecen los pueblos del Este y del Sur de la Península Ibérica es el siguiente: el reino de Tartessos ya no existe. Los fenicios han conseguido controlar, por fin, el comercio de minerales, tras haber suprimido la competencia griega en el área del Estrecho. Para impedir que en el futuro una nueva monarquía unitaria repitiese el desafío que Tartessos les lanzara en el pasado, los fenicios fomentaron, sí, la desmembración del reino en pequeños principados, cuya colaboración buscarían por separado y estimularían haciéndoles rivalizar entre sí.

Los cartagineses, hermanos de raza de los fenicios, taponaron a los griegos las rutas mediterráneas de occidente mediante la creación de un imperio marítimo que se apoyaría en algunas plazas del litoral meridional hispánico y norteafricano, en las islas de Ibiza, Cerdeña y Sicilia y, desde luego, en Cartago. Los griegos de Massalia (Marsella), focenses ellos, centrarían sus intereses en la región levantina, única a la que tuvieron acceso por tierra y por mar. Su influjo se hizo sentir pronto en la población del levante español. poco a poco, los régulos del valle del Guadalquivir se sentirían atraídos por las ventajas que les ofrecía el comercio con los griegos. Y así y no de otro modo, comenzaría a cristalizar el denominado círculo cultural ibérico.

Los autores griegos llamaron íberos a las gentes del sur y del levante de nuestra Península para distinguirlos de los pueblos del interior, cuya cultura era a todas luces diversa. Sin embargo, el ámbito ocupado por los verdaderos íberos era mucho más reducido. Como punto de referencia, a pesar del anacronismo, deberíamos situar la “Vía Hercúlea”, un antiguo camino terrestre que, desde Italia, pasaba por Marsella, bordeaba el golfo de León y la costa levantina y penetraba en el valle del Guadalquivir. Las leyendas, siempre griegas, atribuían a Hércules su apertura, pero eso es harina de otro costal.

En lo que un día sería el bajo Languedoc y Rosellón habitaban las tribus ibéricas de los misgetes, es decir, de los MESTIZOS, pues al parecer estaban formados por una mezcla de población local, celtoligur y de gentes propiamente ibéricas llegadas del sur, como reflujo suscitado por la anterior penetración de los celtas en sus territorios. Lo cierto es que la presencia ibérica en el sur de Francia se ha visto confirmada al descubrirse las estaciones arqueológicas de Montlaurés y Ensérune.

En las estribaciones mediterráneas del Pirineo se documenta la existencia de los ceretanos, que dieron su nombre a la comarca de la Cerdaña. Al lado de acá se asentaron otras tribus que han dejado rastro de sus nombres en los topónimos de la región. Así, los castellanos, los andosinos (valles de Andorra), los airenosos (valle de Arán), y los jacetanos (Jaca). En el resto de Cataluña habitaban otras tribus, algunas de ellas propiamente ibéricas, como los indigetes, los layetanos o los cesetanos, estos últimos en el área de Tarragona. Pero también hubo otras poblaciones no ibéricas, como los ausetanos (zona de Vich) y los bergistanos (Berga, Barcelona). En la comarca de Tortosa, junto a la desembocadura del Íberus (o Ebro), vivían los ilercaones, emparentados, al parecer, con otras tribus del interior como los ilergetes (de Lérida, llamada Ilerda) dueños de las tierras aragonesas de la margen izquierda del Ebro y de los llanos de Urgel.

En la Plana castellonense y en Valencia estaban los edetanos (Edeta correspondería a la actual Liria). Más al sur, los contestanos ocuparían el territorio comprendido entre el Júcar y el Segura, arrebatadas al parecer a los más antiguos pobladores gimnetes.
Al otro lado del río Segura comenzaba el territorio que antaño habría girado en torno a Tartessos. Los mastienos, entre el Segura y Almería, los bastetanos y los bástulos, subgrupor de un tronco común radicaro en Almería y Granada y con sede en Basti (Baza)… y los oretanos, montañeses que habitaban la actual provincia de Jaén.

Los curetes parecen haber ocupado la región de Despeñaperros y en la regón de Auringis (Jaén de nuevo) y en los confines con los bastetanos, habitaban los maesesanos. La cuenca del Guadalquivir la ocuparon los etmaneos y los ileates la zona entre Córdoba y Sevilla, flanqueados al norte por los cempesos, de mayoría céltica, que se extenderían hasta el Guadiana. A los turdetanos se les supone asentados en tierras de Sevilla y Cádiz, en el antiguo solar de Tartessos. Sus afines, los túrdulos, en la zona periférica montañosa del área turdetana. Hacia occidente, otros muchos pueblos ocupaban las zonas del Algarve.
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Francisco Guijon es autor de diversos libros de historia, incluyendo Historia antigua de las Españas, de donde esto artigo fue extraído.

© Francisco Guijon
(http://ordorenascendi.blogspot.co.uk/2011/07/la

Cómo citar este artigo:
Guijon, F. (2014). ¿Quiénes eran los iberos? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Joaquina Pires-O’Brien

Book Review of The Horse the Wheel and Language: How Bronze-age Riders from the Eurasian Steppes Shaped the Modern World by David W. Anthony. Princeton University Press, Princeton and Oxford. 2007. ISBN 13:978-0-691-05887-0

David W. Anthony is a professor of anthropology at Harwick College, a small private college in Oneonta, NY, who has conducted extensive fieldwork in Ukraine, Russia and Kazakhstan. His book The Horse the Wheel and Language: How Bronze-age Riders from the Eurasian Steppes Shaped the Modern World, published in 2007, is a well organised synthesis of the theory that places the location of Proto-Indo-European in the steppes of southern Ukraine, Russia and Kazakhstan. He accompanied closely all the archaeological work being carried out in the Eurasian steppes as well as the research on the reconstruction of Proto-Indo-European by comparative linguists. His account swings backs and forth from linguistics to archaeology with his personal interpretation of the archaeological-anthropological cultures at the centre of the theory.

Although Europe and Asia form one super-continent, there is an extensive mountain chain separating them — The Urals, which spans in the north-south direction for more than 2,000 km; they are crossed by a seven thousand long belt of steppes that stretches from Eastern Europe on the west, between Odessa and Bucharest, to the Great Wall of China on the east. The Urals make east-west migration difficult but not impossible, except in the five year period just after the end of the last Ice Age, when the Black and the Caspian Seas on its West side, formed a huge body of water that isolated the inhabitants from either side of what is known as the Ural-Caspian frontier.

The region West of the Urals and north of the Black and the Caspian Seas, referred to as the Pontic-Caspian frontier due to the region above the Black Sea being known by the ancient Greeks as Pontus Euxeinos, is the supposed original place of Proto-Indo-European, the language that originated the 12 branches of the Indo-European language family which in turn originated the languages that originated Sanskrit, Greek and Latin. The precise area is that of the steppes that extend east ways from southern Ukraine and Russia to Kazakhstan. This theory is known as the Kurgan theory, in reference of the Kurgan culture that formed the original speakers of Proto-Indo-European. It surpassed the alternative Anatolian theory proposed by Sir Colin Renfrew, which links the expansion of language to the expansion of agriculture. There are two problems of the latter theory, which places the first separation between the parent Indo-Hittite language and Proto-Indo-European between 6,700 and 6,500, when the Anatolia farmers would have migrated to Greece. The first problem is that the presence of carts in Europe only appears in the archaeological record around 3,500 BCE (Before the Common Era). The second problem is that around that time when the first carts appeared, the Indo-European language should have been more diversified and rich for it would be over three thousand years old.

Anthony’s book contains a massive amount of evidence obtained from archaeology, comparative linguistics, anthropology and geography, including 24 pages of notes on the sources used in each chapter and 38 pages of references. He also took the painstaking job of cross-referencing a variety of sources to compile the tables and to prepare the illustrations he used to build his case. The illustrations include all sorts of maps, diagrams of excavation sites and settlements, ceramics, tools etc. One illustration I found interesting and gruesome compares the maces (large hammers used to crack heads of cattle) of Old Europe, Suvorovo Danube and Transylvania and the Pontic-Caspian steppes.

The big picture that Anthony so well manages to deliver includes the notion that archaeology is not just bones and fragments of objects. There are the thousands of old inscriptions in ceramic fragments which archaeological linguists must decipher, catalogue and compare. Dead languages are reconstructed by contrasting preserved scripts with living ‘fossils’ of live languages – recognised through their irregular forms. As Anthony explains, the process of discovery of the homeland of Proto-Indo-European started by seeking the earliest phase of Indo-European, that is, the oldest of the Indo-European languages. It is a complex process that involves examining the ancient vocabularies preserved in the archaeological record or reconstructed by some indirect means.

The oldest branch of Indo-European was Anatolian, from which stems three branches: Hittite, Luwian and Palaic, all of which extinct. Of these the best known is Hittite, which was spoken by the Hittite Empire. Central Anatolia, a region that comprises Kayseri, in modern Turkey, was occupied by the Hittites as early as 1900 BCE, although the Hittite empire there was created later, between 1650 and 1600 BCE. The dating of Proto-Anatolian was estimated at 3,400 BCA, based on the date when Luwian and Hittite would have separated. The next question was when did the root of the Anatolian branch separated from the rest of Proto-Indo-European.

In the ‘Old Europe’ that existed before the arrival of the Indo-Europeans, there were farming communities in the Danube valley which were “technologically advanced and aesthetically sophisticated”. In the Eurasian steppes just north of the Black Sea, lived a culture of Neolithic pioneer herders that arrived there at around 5,800 BCE and whose cattle could have originated from the Danube valley, through the Caucasus Mountains. The harsh environment of the Eurasian steppes “laid the foundation for the kinds of power politics and rituals that defined early Proto-Indo-European culture”. Their social organisation gradually became more complex and their culture prospered. They could convert grass, make textiles, tents and clothing and how to produce yogurt and cheese. They even composed poetry and valued it as a currency. In contrast to them, on the East side of the Urals, which had been cut off from the West side by the large sea that appeared after the last Ice Age, lived a much more primitive human society whose inhabitants rejected the domestication of cattle and remained foragers for the next few thousands of years. Both societies West and East of the Urals remained separated from the civilised world for thousands of years, until the society on the West acquired the habit of horseback ridding and created a corridor connecting themselves to the other civilizations.

Anthony’s account describes the construction of maps of the various regions of the ancient world showing where there were horses and carts, from bones (especially teeth) and wheel parts preserved in the archaeological record. After the peoples who lived west of the Urals developed the habit of horseback ridding, sometime before 4,200 BCE, a corridor of transcontinental communication was created putting an end to their isolation from the civilised world.

The oldest reconstructed Indo-European languages such as Imperial Hittite, Mycenaean Greek and the most ancient forms of Sanskrit (or Old Indic) allowed scholars to describe their cultures as “militaristic societies that seemed to erupt into the ancient world driving chariots pulled by swift horses”. The chariots empowered the Proto-Indo-European culture to penetrate into Old Europe at about 4,200 BCE and to spread themselves to the rest of the continent. The archaeological record shows that the old warfare was firstly based on chariots and that the cavalry of mounted archers only appeared around 800 BCE. It also shows that between 1700 and 700 BCE the chariots were the favoured weapons of pharaohs and kings throughout the ancient world, which in turn suggests that the Indo-European speakers could have been the first to have chariots.

Anthony’s account of the Kurgan theory that places the oldest speakers of Proto-Indo-European in the Eurasian steppes is fully documented by the archaeological record and is consistent with all other historical evidence. The association between man and his horse made all the difference not just in surviving but also for the development of the intellect. He shows how the same warriors in horse driven carriages who created havoc as they penetrated into Europe could also sing, give prayers to their gods and praise their past heroes in epic oral poems. Anthony’s narrative showing how the horse and the cart gave the inhabitants of the Pontic steppes the edge to survive and thrive is a well documented work of synthesis and one of the most fascinating reads that I have discovered in recent years.

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Citation:

ANTHONY, D. W. The horse the wheel and language: how Bronze-age riders from the Eurasian steppes shaped the Modern World. Princeton and Oxford, Princeton University Press, 2007. ISBN 13:978-0-691-05887-0. Review by: PIRES-O’BRIEN, J. (2010).The strategic partnership of man and his horse. PortVitoria, UK, v. 1, Jul-Dec, 2011. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com/