Octavio Paz (1914-1998), poeta e polímata mexicano

 Joaquina Pires-O'Brien

 

 

 

Além de ter sido um dos maiores poetas do século XX, o mexicano Octavio Paz, nascido  Octavio Irineo Paz Lozano, foi também um grande estudioso e um notável pensador. Felizmente o talento de Paz foi reconhecido pela academia sueca, que em 1990 lhe concedeu o Premio Nobel de Literatura. Para Paz,

 

 

 

 

O que põe o mundo em movimento é a interação das diferenças, suas atrações e repulsões; a vida é pluralidade, morte é uniformidade.

Sentir-se só possui um duplo significado: por um lado, consiste em ter consciência de si; por outro, um desejo de sair de si. A solidão, que é a própria condição de nossa vida, surge para nós como uma prova e uma purgação, no fim da qual a instabilidade e a angústia desaparecerão. A plenitude, a reunião, que é repouso e felicidade, e a concordância com o mundo, nos esperam no fim do labirinto da solidão.

O livro Labirinto da solidão (El laberinto de la soledad) de Paz é uma reflexão sobre a modernidade inserida no contexto identitário, e, por essa razão, considerada uma peça-chave da literatura moderna universal. De igual importância é  O ogro filantrópico (El ogro filantrópico), no qual descreve o Ocidente como um período de grande abundância material, mas corroído pelas maladias do hedonismo, da religião, e do egoísmo.

No conjunto dos poetas mais reconhecidos da América Latina Paz foi o mais humano e o que enxergou mais longe. Em todo o Ocidente, Paz foi um dos primeiros intelectuais públicos a identificar a crise da modernidade nas superestimadas expectativas ao progresso. Segundo Paz, o progresso existe, mas não é retilíneo e tampouco é inexorável. Paz analisou a pós-modernidade com o mesmo ceticismo com que analisou a modernidade. Deu a entender que a  pós-modernidade foi uma consequência das incongruências da modernidade. A prosa de Paz era quase poesia, conforme mostra o texto a seguir:

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos escolhidos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; retorno à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Prece ao vazio, diálogo com a ausência: o tédio, a angústia e o desespero a alimentam. Oração, ladainha, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história: em seu seio todos os conflitos objetivos se resolvem e o homem finalmente toma consciência de ser mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar de uma forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da ideia. Loucura, êxtase, logos. Retorno à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo.

Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo e metros e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todos os rostos mas há quem afirme que não possui nenhum: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana! O Arco e a Lira. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

 

Segue alguns exemplos da poesia de Paz traduzidas para o português, cada qual seguida do original em espanhol.

 Silêncio

Assim como do fundo da música

brota uma nota

que enquanto vibra cresce e se adelgaça

até que noutra música emudece,

brota do fundo do silêncio

outro silêncio, aguda torre, espada,

e sobe e cresce e nos suspende

e enquanto sobe caem

recordações, esperanças,

as pequenas mentiras e as grandes,

e queremos gritar e na garganta

o grito se desvanece:

desembocamos no silêncio

onde os silêncios emudecem.

 

Silencio

Así como del fondo de la música

brota una nota

que mientras vibra crece y se adelgaza

hasta que en otra música enmudece,

brota del fondo del silencio

otro silencio, aguda torre, espada,

y sube y crece y nos suspende

y mientras sube caen

recuerdos, esperanzas,

las pequeñas mentiras y las grandes,

y queremos gritar y en la garganta

se desvanece el grito:

desembocamos al silencio

en donde los silencios enmudecen.

Certeza

Se é real a luz branca

desta lâmpada, real

a mão que escreve, são reais

os olhos que olham o escrito?

 

Duma palavra à outra

o que digo desvanece-se.

Sei que estou vivo

entre dois parênteses.

 

Certeza

Si es real la luz blanca

de esta lámpara, real

la mano que escribe, ¿son reales

los ojos que miran lo escrito?

De una palabra a la otra

lo que digo se desvanece.

Yo sé que estoy vivo

entre dos paréntesis.

 

Vento, Água, Pedra

A água perfura a pedra,

o vento dispersa a água,

a pedra detém ao vento.

Água, vento, pedra.

 

O vento esculpe a pedra,

a pedra é taça da água,

a água escapa e é vento.

Pedra, vento, água.

 

O vento em seus giros canta,

a água ao andar murmura,

a pedra imóvel se cala.

Vento, água, pedra.

 

Um é outro e é nenhum:

entre seus nomes vazios

passam e se desvanecem.

Água, pedra, vento.

 

 

Viento, agua, piedra

El agua horada la piedra,

el viento dispersa el agua,

la piedra detiene al viento.

Agua, viento, piedra.

El viento esculpe la piedra,

la piedra es copa del agua,

el agua escapa y es viento.

Piedra, viento, agua.

El viento en sus giros canta,

el agua al andar murmura,

la piedra inmóvil se calla.

Viento, agua, piedra.

Uno es otro y es ninguno:

entre sus nombres vacíos

pasan y se desvanecen

agua, piedra, viento.

Escritura

Quando sobre o papel a pena escreve,

a qualquer hora solitária,

quem a guia?

A quem escreve o que escreve por mim,

margem feita de lábios e de sonho,

colina quieta, golfo,

ombro para esquecer o mundo para sempre?

 

Alguém escreve em mim, move-me a mão,

escolhe uma palavra, se detém,

pende entre mar azul e monte verde.

Com um ardor gelado

contempla o que escrevo.

A tudo queima, fogo justiceiro.

Mas o juiz também é justiçado

e ao condenar-me se condena:

não escreve a ninguém, a ninguém chama,

escreve-se a si mesmo, em si se esquece,

e se resgata, e volta a ser eu mesmo.

Tradução de Haroldo de Campos

 

Escritura

Cuando sobre el papel la pluma escribe,

a cualquier hora solitaria,

¿quién la guía?

¿A quién escribe el que escribe por mí,

orilla hecha de labios y de sueño,

quieta colina, golfo,

hombro para olvidar el mundo para siempre?

Alguien escribe en mí, mueve mi mano,

escoge una palabra, se detiene,

duda entre el mar azul y el monte verde.

Con un ardor helado

contempla lo que escribo.

Todo lo quema, fuego justiciero.

Pero este juez también es víctima

y al condenarme, se condena:

no escribe a nadie, en sí se olvida,

y se rescata, y vuelve a ser yo mismo.

 

Conversar

Em um poema leio:

Conversar é divino.

Mas os deuses não falam:

fazem, desfazem mundos

enquanto os homens falam.

Os deuses, sem palavras,

jogam jogos terríveis.

 

O espírito baixa

e desata as línguas

mas não diz palavra:

diz luz. A linguagem

pelo deus acesa,

é uma profecia

de chamas e um desplume

de sílabas queimadas:

cinza sem sentido.

 

A palavra do homem

é filha da morte.

Falamos porque somos

mortais: as palavras

não são signos, são anos.

Ao dizer o que dizem

os nomes que dizemos

dizem tempo: nos dizem,

somos nomes do tempo.

Conversar é humano.

Tradução de Antônio Moura

 

Conversar

En un poema leo:

conversar es divino.

Pero los dioses no hablan:

hacen, deshacen mundos

mientras los hombres hablan.

Los dioses, sin palabras,

juegan juegos terribles.

El espíritu baja

y desata las lenguas

pero no habla palabras:

habla lumbre. El lenguaje,

por el dios encendido,

es una profecía

de llamas y un desplome

de sílabas quemadas:

ceniza sin sentido.

La palabra del hombre

es hija de la muerte.

Hablamos porque somos

mortales: las palabras

nos son signos, son años.

Al decir lo que dicen

los nombres que decimos

dicen tiempo: nos dicen,

somos nombres del tiempo.

Conversar es humano.

 

Retornar à HomePage

 

Jo Pires-O’Brien

Review of the book Provocations by Camille Paglia. Pantheon Books, © 2018, 712pp

I still recollect the first time I ran across the name of Camille Paglia, the Italian-American woman of letters.  It happened in Brazil in 1992, when a one-page article by her, probably one of her syndicated columns, was published in a Brazilian weekly magazine, inside a larger article covering the troubles on the celebrations in Brazil of the 500 anniversary of Columbus epic voyage of discovery due to opposing activism. Paglia was the only public intellectual who dared to criticize the twin activism in the United States, which explains why her article was used in Brazil. After that, I began to pay attention to her name wherever it would appear in the media, and soon discovered that Paglia was a household name in the Anglophone world, and more recently, that she has many admirers in Brazil.

Paglia has been at the centre of the culture wars at the American colleges and universities, on the side that stands for tolerance to ideas and authentic scholarly principles. Her new book Provocations (2018) starts by listing the contraindications and indications, determined by people’s ways of thinking, before getting to the point of what the book is about. The collection of essays and short interviews in Provocations covers two and a half decades since her last essay collection was published in her 1994 book Vamps & Tramps. However, Provocations also includes essays on her previous books and interviews. According to Paglia, since her student days she wanted to develop an ‘interpretative’ style of writing that could integrate high and popular culture, which is how she describes her style in Provocations. Although she doesn’t say there that the biology of human nature is a crucial component of the interpretative’ style, this is implicit in many of her essays.

The essays and interviews in Provocations are organized into eight categories: popular culture; film; sex, gender, women; literature; art; education; politics; and religion. The eight categories required to organise these essays are revealing of Paglia’s encyclopaedic knowledge. However, her way of thinking is best revealed by the threads of ideas she interweaves in each category. They are things like art, historical timeline, Shakespeare, post-structuralism and postmodernism, nature, biology and freedom of expression.

The essays on ‘popular culture’ include such topics as Hollywood, song lyrics, Rihanna, Prince, David Bowie and his alter ego Ziggy Stardust, punk rock, favourites popular songs, Gianni Versace and the Italians’ way of seeing death.  The essays on the category ‘film’ talk about Alfred Hitchcock and his female characters, ‘the waning of European Art film’, ‘the decline of film criticism’, ‘movie music,’ and ‘Homer on film.’ The essays on the category ‘sex, gender, and women’ starts with the essay ‘Sex Quest in Tom of Finland’, the story of a Finnish homoerotic artist (actual name Touko Laaksonen) which was turned into a movie. The essays on the category ‘literature’ start with one telling off publishers for sending out unsolicited manuscripts accompanied by a request of a ‘blurb,’ a short description of a book written for promotional purposes; the remaining are properly framed on literature. These include essays on play writers such as Shakespeare, Tennessee Wiliams, Norman Mailler, and about why it took her five years to select the world’s best poems of all times for her book Break, Blow, Burn. The essays on the category ‘art’ covers Andy Warhol, the Mona Lisa, and the power of images. The essays on category ‘education’ covers a variety of themes associated with the aforementioned culture wars at the American colleges and universities, inclusive the intrusive federal regulations aimed at enforcing politically correctness on campus activities. The category of ‘politics’ starts with an interview for Salon magazine about the U.S. invasion of Iraq, and then go on to analyse political figures such as Bill Clinton, Sarah Palin and Donald Trump. The last category is ‘religion’, and it includes essays on the Bible, ‘that old-time religion’, the cults and cosmic consciousness in the sixties in America, ‘religion and the arts in America’, and one essay on why religion should be part of the curriculum of higher education.

One essay I found especially intriguing was that on the Russian-American philosopher Ayn Rand’ (1905-1982), whose objective was to clarify similarities and differences between Rand and herself, after some of her readers pointed out that they had noticed parallels between Hand’s writing and her own. When Paglia finally decided to read Rand she was astonished in finding similar passages to those in her own books. However, she also stresses the main differences between herself and Rand. Paglia describes Rand as an intellectual of daunting high seriousness she describes her style as playful, emphasizing her belief that comedy is a sign of a balanced perspective on life. There is a paradox in this assertion in the fact that Paglia excludes herself from the category of ‘serious thinkers’ and yet displays a kind of self-knowledge that is typical of serious thinkers.

The essay ‘Women and Law’ caught my attention due to her description of the statue of Justice placed in front of Brazil’s Supreme Federal Court. Like most Brazilians, I know what the statue of Justice looks-like. It is a seated woman holding a sword with her eyes blindfolded, signifying the impartiality of the law. However, I did not know that it was the work of the Italian-Brazilian sculptor Alfredo Ceschiati (1918-1989), using a ‘rugged block of creamy granite from Petropolis,’ and neither the historical lineage of the ‘allegorical personification of justice’ that this statue represented. She explains: “Ceschiati has strangely flattened the head of Justice, as if he is alluding to the bust of Nefertiti, with her conceptually swollen wig-crown, or to the Meso-American Chack Mool, who oversaw with alert eyes the ritual of blood sacrifice, guaranteeing the rise of the sun”. Really? I always thought that the flat head of the statue of Justice in Brasília was due to the sculptor’s decision to make his sculpture as tall as his block of granite would allow. However, Paglia was simply allowing her imagination to wander, for she soon returns to the known facts, when she clarifies that the iconic blindfolded goddess of Justice, “was not an ancient motif, but appeared first in the Northern European Renaissance”. Following that, she takes a side step to raise the question whether gender, or any other basic descriptor of a group of people, should be visible or invisible to the law. Women made gains in the law only in piecemeal way, in a long saga that started in Sumeria, under the Code of Hammurabi, passing through Egypt, Judaea, Athens, Rome, Christianized Europe, China and Japan. The contemporary call for special concessions to women would require making them visible, and that this would trample the idea of the impartiality of the law.

The essay ‘Erich Newmann: Theorist of the Great Mother’ reveals where Paglia gained her perspectives art, women, religion, and higher education. Newmann (1905-1961) was a member of the Weimar culture and a product of what Paglia considers “the final phase of the great period of German classical philology, which was animated by an ideal of profound erudition”. Newmann obtained his PhD in philosophy at the University of Erlangen in Nuremberg, and after that he began to study medicine at the University of Berlin, although the discrimination to Jews introduced by the Nazis prevented him from doing the internship necessary to obtain the medical degree. Nevertheless, he carried on his research, which took a new turn after he met Carl Jung (1875-1961), known for his work of archetypes.  Under Jung, Newmann created the archetype of the Great Mother, “a dangerously dual figure, both benevolent and terrifying, like the Hindu goddess Kali”.  It is also from Newmann that Paglia learned to appreciate things like alchemy and the I Ching. On page 439 of this essay she writes that “Authentic cultural criticism requires saturation in scholarship as well as a power of sympathetic imagination”. Paglia’s fondness of Neumann is due to two things: the quality of his scholarship and the fact that it represented last authentic period of learnedness in higher education, before everything was spoilt by post-structuralism.

It was in the category ‘education’ where I found the essays I liked best. Paglia’s essays on education cover the various problems of colleges and universities which triggered the culture wars of the 1980s, from their traditional mission to protect the free flow of ideas to the circumstances that drove them to be swamped by intrusive federal regulations campus aimed to enforce politically correct policies. In the essay ‘Free speech and the modern campus’, Paglia remembers her old-guard professors at Yale Graduate School, in the late 1960s, as the last true scholars. Here is how she describes how it was then and how it is now:

They believed they had a moral obligation to seek the truth and to express it as accurately as they could. I remember it being said at that time that a scholar’s career could be ruined by fudging a footnote. A tragic result of the era of identity politics in the humanities has been the collapse of rigorous scholarly standards, as well as an end to the high value once accorded to erudition, which no longer exists as a desirable or even possible attribute in job searches for new faculty.

In this same essay Paglia states that it was during the five years she researched her book Glittering Images: A journey through art from Egypt to Star Wars (2012) when she noticed the sharp decline in quality of scholarship in the humanities. She conducted a small experiment to detect when this decline started. That experiment involved selecting 29 images from a period extending offer 3,000 years, starting in ancient Egypt and ending in the present, and compiling the scholarly literature on each image. She found that the big drop off in quality happened precisely in the 1980s, which is when post-structuralism and post-modernism encroached into the colleges and universities.

What caused the scholarship of the humanities to slacken according to Paglia was political correctness, for it stunted the sense of the past and reduced history to a litany of inflammatory grievances. She also points out that this problem became worse when colleges and universities decided to embrace the wrong type of multiculturalism, which started to blame all g social inequalities on Western colonialism. Most conservative thinkers now dislike multiculturalism altogether, but Paglia believes in a right type of multiculturalism that incorporates Western civilization alongside the others. She favours a reform in higher education to prompt the return of authentic scholarly principles. To her, the introduction of popular culture in universities should not occur at the expense of the past. Colleges and universities must have an atmosphere of tolerance, and for that to happen, the spectrum of permissible ideological opinion must be broadened, rather than narrowed. The best way that colleges and universities can fully become a place for learning is by allowing free speech and the free flow of ideas; their departments should not become fiefdoms; no group should have a monopoly on truth; and students should be encouraged to be resilient and to accept personal responsibility.

The last category of essays is religion. Paglia admits being both an atheist and having a ‘1960’s mystical bent’ that fuels her interest in astrology, palmistry, ESP, and the I Ching.  Her essay ‘Cults and cosmic consciousness’ is the longest of this book, with 48 pages. In it, she talks about ancient and modern cults and traces the rise to the New Age movement during the 1980s and 1990s to the spiritual yearnings of her generation. In the essay ‘Resolved: Religion belongs in the curriculum’, the penultimate in this book, she argues the importance of the understanding of religions to the understanding of civilization. She believes that “every student should graduate with a basic familiarity with the history, sacred texts, codes, rituals, and shrines of the major world religions – Hinduism, Buddhism, Judaeo-Christianity, and Islam”. She recalls the religious overtone of her 1991 book Sexual Personae. Here is Paglia’s justification for this:

Judeo-Christianity never did defeat paganism, which went underground during the Middle Ages and erupted in three key moments: the Renaissance, Romanticism, and modern popular culture, as signalled by the pantheon of charismatic stars invented by studio-era Hollywood and classic rock music.

If universities had to choose between the teaching of religion and the teaching of the cult of Foucault – Postmodernism, they would be much better off with religion. Here is how she completes her argument:

Veneration of Jehovah brings vast historical sweep and a great literary work – The Bible – with it. Veneration of Foucault (who never admitted how much he borrowed from others – from Emile Durkheim to Erwin Goffman) traps the mind in simplistic, cynical formulas about social reality, applicable only to the past two and a half centuries of the post-Enlightenment. The highest level of intellect, conceptual analysis, and rigorous argumentation in the collected body of ancient Talmudic disputation and medieval Christian theology far exceeds anything in the slick, game-playing Foucault.

Postmodernism, including the poststructuralism which was rooted in the field of literary criticism, is one of the various threads of thought that weaves in and out of the eight categories of this book. Paglia threats the two terms as synonymous. In her essay ‘Scholars talk writing’ she describes the Yale she knew during the period as a graduate student there, from 1968 to 1972. It was a time when “French post-structuralism was flooding into Yale”. This is how she ends this same essay: “I’ve spent 25 years denouncing the bloated, pretentious prose spawned by post-structuralism. Enough said! Let the pigs roll in their own swirl”. In the essay ‘Free speech and the modern campus’ she describes the simultaneous rise of deconstruction and poststructuralism:

The deconstructionist trend started when J. Hillis Miller moved from Johns Hopkins University to Yale and then began bringing Jacques Derrida over from France for regular visits. The Derrida and Lacan fad was followed by the cult of Michael Foucault, who remains a deity in the humanities but whom I regard as a derivative game-player whose theories make no sense whatever about any period preceding the Enlightenment. The first time I witnessed a continental theorist discoursing with professors at a Yale event, I said in exasperation to a fellow student: ‘They’re like high priests murmuring to each other.’ It is absurd that elitist theoretical style, with its opaque and contorted jargon, was ever considered leftist, as it still is. Authentic leftism is populist, with a brutal directness of speech.

Poststructuralism or postmodernism was the major cause of the weakening of scholarship in the colleges and universities. In her aforementioned essay on Erich Newmann Paglia shows how important nature was in Newmann’s time and how things have changed.

The deletion of nature from academic gender studies has been disastrous. Sex and gender cannot be understood without some reference, however qualified, to biology, hormones, and animal instinct. And to erase nature from the humanities curriculum not only inhibits student’s appreciation of a tremendous amount of great, nature-inspired poetry and painting but also disables them even from being able to process the daily news in our uncertain world of devastating tsunamis and hurricanes.

As I started to read Camille Paglia’s Provocations I soon understood that the word ‘provocations’ is used in the sense of inciting thought. Although inciting thought is not the same as inciting rage, the first can lead to the second. Paglia has made some foes on her campus, who would like to see her pushed aside. History repeats itself when its past lessons are forgotten. During the trial of Socrates in 399 BCE, the philosopher told the Athenian people that although they saw him as a pesky ‘gadfly’, he was ‘a gadfly given to them by God,’ and one which will be difficult to replace.’ Paglia is the modern-day ‘gadfly’. She too will be difficult to replace.

                                                                                                                                               

Jo Pires-O’Brien is a Brazilian-Brit and the editor of PortVitoria.

Fernando R. Genovés

Pocas amistades han sido tan ejemplares y memorables como la que experimentaron Michel de Montaigne y Étienne de la Boétie. Sus vidas se cruzan en unos tiempos henchidos de sentimientos caballerescos y cortesanos, de poesías arrebatadas, de afectos inflamados por un aliento renacentista que venía de antiguo, de los clásicos, allí de donde proceden el vigor y la gloria que no se consumen jamás. Cuando se conocen, ambos son jóvenes, cultos y sensibles. Pero, aquéllos son también tiempos de cólera, desbordados. Es aquel un siglo de acero que hace propicio y necesario el esfuerzo por estrechar los lazos de la amistad, ese licor dulce que sólo a algunos humanos les está reservado probar, ese sentimiento privativo que, sin hacer perder la libertad y la individualidad, los hermana con las solas potencias del espíritu y sin abandonar este mundo.

Recuerda precisamente Ortega y Gasset la caracterización platónica del amor como «una manía “divina”»[1], por la que el enamorado se siente estimulado para llamar «divina» a la amada. Pues bien, Montaigne, a lo largo de su existencia, disfruta no poco de los placeres de Venus; honra el nombre y la memoria del padre (aunque ignora a la madre); trata a la esposa con gran respeto y consideración, y no desatiende a la hija; cumple cívicamente con sus vecinos y cumplimenta a sus superiores en las instituciones, a quienes sirve hasta que los deberes para sí se ponen por delante de los oficios públicos; ama a los clásicos; pero, por encima de todo, reverencia la intimidad, el cuidado de sí y el afecto de lo próximo. El carácter de La Boétie no es menos gallardo, aunque sí más recto. ¿Es esto divino?

Para Montaigne y La Boétie, amigos del alma, la amistad es «nombre sagrado [y] cosa santa»[2]. Con todo, dejando las divinidades propiamente dichas para el Olimpo y la santidad, para lo trascendental, ambos se tratan mutuamente, simplemente, de «hermanos»[3]. Cierto es que Montaigne en «Sobre la amistad», arrebatado por el impulso retórico, seducido por lo enfático e inducido, en fin, al canto poético —que, en rigor, no es lo suyo, sí de La Boétie; donde Montaigne verdaderamente brilla es en la escritura ensayística—, cree, o al menos eso escribe, que la unión con La Boétie ha respondido a algún mandato del cielo[4]. Podríamos incluso convenir en que, en algunos momentos, la amistad que les une posee tonalidades místicas (Gerard Defaux). Comoquiera que sea, para estos dos humanistas practicantes, el sentimiento de la amistad arranca de sentimientos profundamente humanos, demasiado humanos, si queremos decirlo así, por tratarse en su caso de una amistad perfecta que no se extingue con la muerte de uno de ellos, pero humanos al cabo.

Tenemos noticia de primera mano de esta relación gracias principalmente al testimonio de Montaigne. Siendo tres años más joven que el amigo, le sobrevive varias décadas, si es que tras la temprana muerte de Étienne el resto de la existencia mutilada de Michel puede llamarse vida: «desde el día que le perdí […] no hago sino errar y languidecer.»[5] La vida del superviviente ya no puede ser la misma tras el naufragio. Para muchos estudiosos de la vida y la obra de Montaigne, su retiro en la torre del castillo se debió en gran medida a la pérdida irreparable de La Boétie. Allí, en su «sede», se concentra en la composición de una de las obras de pensamiento más hermosas y provechosas que se han escrito jamás, los Ensayos. Todo apunta, en efecto, a que al menos el Libro Primero lo redacta bajo el influjo poderoso del recuerdo del amigo.

En los motivos iniciales de los Ensayos, y en sus primeros compases, la huella poderosa de La Boétie se advierte con claridad. La prueba principal está en la presencia misma del ensayo dedicado expresamente a la amistad en homenaje a La Boétie. Este texto puede leerse en la presente edición, junto a un documento muy citado, aunque poco conocido por el lector en español, imprescindible para evaluar el recorrido, el alcance y los últimos instantes de esta amistad ejemplar. Me refiero a la carta que escribe Michel a su padre relatando con detalle y emoción la agonía de Étienne[6]. Al final de la misiva, describe el arrebato repentino de La Boétie, ya presto para el largo adiós, que le lleva, a modo de último deseo (o quizá última orden), a dirigirse a Montaigne en estos términos: «Mon frere! Mon frere! Me refusez vous doncques une place? («¡Hermano! ¡Hermano! ¿me negáis, pues, un lugar?»).

La importancia simbólica de este episodio es decisiva para entender el origen de los Ensayos. En éstos, cierto es, se da a conocer a La Boétie y sus textos, asegurándole así la inmortalidad literaria. Empero, no debe exagerarse la deuda. Montaigne es hombre gentil que cumple sus promesas y honra a los seres queridos, pero ni su existencia ni sus escritos son prestados, dependientes o derivados de instancias ajenas a él mismo. Sin reparar en este rasgo sustancial de Montaigne, tanto la obra que produce como la singular experiencia de la amistad en la que se complace, quedarían distorsionadas.

Hay además otra ocurrencia no menos relevante en la metanoia de Montaigne, en la mitad del camino de su vida, y que ayuda a entender mejor el movimiento que le conduce a la torre y la aplicación, casi en exclusiva, a la que se emplea en la confección de los Ensayos. Me refiero al abandono de la política —o por decirlo con mayor precisión: al cese de los cargos y las cargas de carácter público a los que Montaigne ha estado atado durante tantos, demasiados, años, para el gusto y la inclinación de nuestro gentilhombre— que antecede al retiro filosófico. El 28 de febrero de 1571, a los treinta y ocho años, Montaigne decide dar por satisfecha las deudas para con sus mayores y cumplida toda dedicación institucional para con sus conciudadanos, en calidad de gobernador municipal, diplomático y embajador, quedando así en franquía para poder recluirse en el «seno de las doctas musas» y comenzar a ocuparse de sí mismo como tarea primordial. El legado del padre ha quedado atrás y el amigo le ha dejado solo, si bien los tiene a ambos en el recuerdo y siempre presentes. Pero a la política…, simplemente, la pierde de vista. En la torre, sobre su cabeza, no hay otro cielo que la selección de sagradas escrituras y de sentencias clásicas que hace grabar en las vigas que sostienen el techo de su bóveda terrestre para recordar así su vocación y destino.

¿Son, pues, los Ensayos un tributo a La Boétie o al propio Montaigne? Las dos cosas a la vez y cada uno en su sitio. He aquí, a mi parecer, la clave de la amistad de los dos gentileshombres. El indicio concluyente lo hallamos en la célebre declaración de Montaigne contenida en el ensayo «De la amistad», donde define la relación con La Boétie en estos términos: «Par ce que c’estoit luy, par ce que c’estoit moy» («Porque era él y porque era yo»)[7].

A propósito de otra cogitación, he sostenido que en las notas al pie de página acaso se encuentren los momentos más inspirados de la obra ensayística de Ortega y Gasset[8]. Atendiendo al argumento que nos ocupa, me atrevo a afirmar ahora que sin los añadidos (addenda), es decir, sin las glosas con las que, como savia nueva, Montaigne actualiza y reaviva incesantemente su libro, y que recogen puntualmente los pensamientos y sentimientos del autor, y los ponen al día, sin tales apostillas, digo, los Ensayos no serían lo que son. La máxima atención acerca de nuestro asunto descansa, en consecuencia, sobre un añadido. La célebre proclamación de amistad perfecta que acabamos de leer no aparece en la primera edición de los Ensayos. En ésta, correspondiente a 1580, se dice: «Si se me obligara a decir por qué yo quería a La Boétie, reconozco que no podría contestar.» Es en la edición póstuma, conocida como «de Burdeos» (1595), donde Montaigne hace constar al margen las anotaciones que, por fin, dan respuesta al quid de la cuestión de la amistad perfecta: «par ce que c’estoit luy» y «par ce que c’estoit moy». Porque era él, porque era yo.

Hay práctica unanimidad en la siguiente valoración: «De la amistad» representa uno de los ensayos más elaborados de Montaigne, más pensados y mejor compuestos[9]. Allí se contiene una profesión de fe en la amistad casi exaltada. De la amistad entre Montaigne y La Boétie se dice en el texto que constituye la unión de dos cuerpos en una misma alma. En ella, ambas voluntades se pierden en una sola. Pues bien, en perfecta coherencia, la máxima declarativa que venga a continuación debería decir: Porque yo era él y él era yo. Sin embargo, Montaigne no escribe tal cosa. Es más: el autor de los Ensayos, esa sublime andadura filosófica alrededor del yo, no podía, en rigor, escribir tal cosa. Anota al margen del texto, con tinta clara y mano firme, para que así conste definitivamente en el registro de los tiempos y la memoria de los hombres, que si amaba a La Boétie ello se debía a que uno era uno y el otro era otro. No por esto lo estima menos. Ocurre más bien que Montaigne, muchos años después de la pérdida del amigo, ha logrado finalmente encontrarse a sí mismo. Lo que entonces, en los primeros esbozos del libro, era emoción temprana, ahora, en su última edición, es sentimiento maduro.

Ya lo he dicho antes: en materia de amor, allí donde el discurso de la ética poco tiene que ordenar, nada, en verdad, debe esperarse de coherencia o lógica. Pero también ha quedado dicho algo más: a diferencia del amor, la amistad, vinculada todavía a la ética, constituye un lazo que, a diferencia de aquél, continúa preservando la libertad de los participantes como condición de su fuerza. En un momento del ensayo consagrado a nuestro tema, Montaigne diferencia las amistades de la verdadera amistad, de la amistad única y perfecta. En alguna de aquéllas (por ejemplo, la que caracteriza a las relaciones paterno-filiales), «poco encontramos en ella de libertad voluntaria, cuando es ésta, por el contrario, la verdadera animadora del afecto y la amistad.»[10] ¿Cómo podrían, por otra parte, Montaigne y La Boétie, paladines de la causa de la libertad, hacer un elogio de cualquier clase de servidumbre voluntaria —aunque fuese a cuenta de la amistad que tanto estimaban — cuando ambos la detestan, y el segundo, expresamente, denuncia todo pretexto o justificación de la dominación, sea a propósito de ésta u «otras drogas semejantes [como, por ejemplo] eran para los pueblos antiguos los encantos de la servidumbre, el precio de su libertad y los instrumentos de la tiranía.»[11]?

¿Qué más declara La Boétie sobre la ética de la amistad? Que los amigos han de ser personas íntegras y fieles: «No puede haber amistad donde está la crueldad, donde está la deslealtad, donde está la injusticia. Entre malvados, cuando se reúnen, existe un complot, no una compañía: no conversan, sino que recelan unos de otros; no son amigos, son cómplices.»[12] Asentada la cuestión ética, entremos en materia política.

La política entra en juego

 Montaigne y La Boétie se conocen en un marco público. Ambos ocupan puestos de representación política en el Parlamento de Burdeos y tienen noticia uno del otro antes del encuentro personal. Ocupan cargos de similar rango en una institución no muy populosa; lo extraño es que tal feliz coincidencia no se hubiese producido antes. Mas no importa ahora sopesar la peripecia, cuyo alcance, como otros capítulos de esta historia de política y amistad, dejamos para lugares más convenientes y a personas verdaderamente eruditas. Lo relevante en este momento es reparar en el preludio de la melodía: a Montaigne le llega el manuscrito de La Boétie sobre la servidumbre voluntaria con bastante antelación al momento de las presentaciones. Montaigne admira el discurso, pero no es precisamente el contenido del panfleto lo que le enciende el deseo de conocer al autor; de hecho, del asunto que trata apenas habla. Más tarde, cuando llega la oportunidad, postergada siete años tras la muerte de La Boétie, de publicar el conjunto de la obra de éste, el folleto político no encuentra sitio, ese «lugar» que le reclamaba el amigo antes de expirar. Todavía más tarde, Montaigne excusa incluirlo en los Ensayos, pretextando distintos motivos que son narrados en los textos que aquí ofrecemos, tanto en los propios testimonios de Montaigne como en el ensayo de François Combes dedicado a analizar, entre otros temas de relevancia histórica y literaria, la influencia política en la relación de ambos librepensadores.

Todo sugiere, empero, que Montaigne prefiere divulgar al amigo poeta que al amigo político. Esta elección resulta más reveladora y significativa que todas las manifestaciones explícitas o confesiones vertidas sobre el caso. No pretendo decir que Montaigne mienta acerca de estos graves temas; pero sí digo que estamos ante un gentilhombre dueño de sus palabras y sus silencios, regulador de los plazos y tiempos de la obra que acomete. No engaña a nadie, pues. Pero no está tan loco como para decir toda la verdad. Es más, a lo largo de todos sus textos no deja de repetir que él es persona asaz olvidadiza, que su memoria es precaria y que, en fin, el registro exacto de las ocurrencias habidas, realmente, se le escapa…

Hombre prudente y discreto, tiene una preocupación principal en aquel siglo «si gasté», tan desbordado por el fanatismo y la intemperancia, un siglo perdido de hombres extraviados: salvarse. He aquí un obstáculo difícil de salvar, si no es al precio de sumarse a las filas de una de las facciones en lucha: la Liga belicosa de los católicos o las agrupaciones sediciosas de los hugonotes; Monarquía o República. Eran aquéllos unos tiempos difíciles en los que para salvarse tenía uno que echarse a perder frente al grupo, armado por la fe y la espada. O bien, estar muy despierto y buscar otras salidas; si no gloriosas, sí, al menos, decorosas.

La Boétie escribe El discurso sobre la servidumbre voluntaria en plena juventud, excitado por la pasión política; no es todavía un funcionario, un diplomático, un personaje con vocación política, pero lleva camino de serlo. Montaigne, en cambio, se ocupa poco de la política: ejerce cargos públicos sólo porque son derivados de su condición noble y materialmente heredados del padre, por respeto a la tradición familiar y al rango adquirido. Durante bastantes años, siempre demasiados para su temperamento y carácter, cumple el oficio de político entre legajos, legaciones, misiones diplomáticas y querellas partidistas, mas no la vocación del hombre libre que es y quiere seguir siendo; acaso ambas categorías las aprecia incompatibles entre sí. Montaigne se reserva para el retiro.

[1

Si La Boétie se inclina por el estoicismo, Montaigne, sin dar la espalda a la enseñanza de la Stoa, tiende desinhibidamente hacia el hedonismo. Étienne posee un talante rigorista y enérgico que le hace proclive al seductor mensaje protestante, y aun puritano. Michel, por el contrario, independientemente de su grado de devoción religiosa, que no discutiré tampoco aquí, se encuentra simplemente cómodo en el catolicismo, sin sentir la menor necesidad de cambiar de fe —¡la fe de sus padres! —, sobre todo, si trata de imponerse a sangre y fuego. Todavía podríamos encontrar más diferencias entre ellos, no casualmente son a la vez tan parecidos y tan diferentes[1], tanto que, como sabemos, uno es uno y el otro, otro… Considero preferible fijarnos en sus semejanzas y en sus encuentros en vez de empeñarse en la línea quebradiza de los posibles desencuentros. Montaigne no miente cuando afirma que ambos participan de almas gemelas, que un supremo entendimiento y afinidad armonizaba sus sentimientos. Pero ello no significa que compartan las mismas ideas. Acaso aquéllos, los sentimientos puros, quedan a salvo cuando se libran de la acometida de éstas, las creencias políticas (y religiosas).

Tal vez habría de preguntarse con Jean Lacouture si las disensiones políticas —presumible o realmente— existentes entre Montaigne y La Boétie llegaron a minar o a perturbar en algún momento su amistad perfecta. El mismo Lacouture sugiere una respuesta a esta cruda cuestión: la propia evolución de los acontecimientos en Francia y el destino unieron sus fuerzas para no dar ocasión a que tal situación dramática tuviese lugar. La guerra civil no alcanza un alto grado de virulencia hasta 1562 y La Boétie muere en el verano de 1563. Montaigne, quien fallece en 1592, debe afrontar, durante largos años, en soledad, sin la presencia y la influencia del amigo, los momentos más duros de la querella religiosa y civil de los franceses. No sabemos qué opción, qué partido, hubiese adoptado La Boétie en el momento en que la confrontación llegara a su punto más álgido y se infiltrara venenosamente en el corazón del país, alterando el corazón de los franceses y amenazando con helarlo: ¿y tú de parte de quién estás? ¿Estás conmigo o contra mí?

Francamente, no me imagino a Étienne y a Michel discutiendo de política, o de religión, hasta ese punto; de hecho, no concibo que discutiesen de ningún modo sobre estos pormenores. Tenían demasiado que proteger y salvar para exponerlo a la intemperancia de los acontecimientos y a las pasiones que despiertan política y religión. Con todo, no estaban en «partidos» contrarios, ni hay atisbo de traición, deslealtad, doblez, medias verdades o falsedades en sus actos. En tal caso, sencillamente, no estaríamos hablando de amistad, de la amistad única y perfecta. En lo fundamental, por lo que respecta a las ideas, La Boétie y Montaigne están de acuerdo. Les une el humanismo, el clasicismo, el catolicismo vigente en la época, el respeto por las tradiciones y las costumbres asentadas, el gusto por la tolerancia, la estimación del propio país, la desaprobación del tumulto y la sedición, y, por encima de todo, el amor a la libertad y el desprecio hacia toda forma de tiranía. Pero, también algo más, lo sustancial: la amistad.

El resto es algo a mantener en silencio o guardar para uno mismo. Para Montaigne y para La Boétie, así como para muchos otros hombres sabios, mesurados y discretos, los hombres estamos empujados por las circunstancias, y aun por la especie, a convertirnos en animales políticos, en ciudadanos que viven en la ciudad y comparten un ámbito común junto a sus semejantes. Mas también, los hombres estamos inducidos a la soledad y a la meditación, al refugio espiritual que representa la torre de un castillo o que se contiene en un poema gentil. Con todo, lo relevante, lo imponentemente singular, lo primero en nuestras vidas es sentirnos personas libres que aman y no desoyen la llamada de la amistad.


Fragmento de la Introducción del libro: Fernando R. Genovés (ed.) Política y amistad en Montaigne y La Boétie, Institución Alfons El Magnánim, Valencia, 2006.

Notas

1] José Ortega y Gasset, op. cit., p. 37.

[2] Étienne de La Boétie, Discurso de la servidumbre voluntaria o el Contra uno; en adelante, La Boétie, Discurso (Véase Bibliografía), p. 52.

[3] «El nombre de hermano es, en verdad, hermoso y lleno de dilección, y a él se debe nuestra alianza [de Montaigne y La Boétie].» (Montaigne, «Sobre la amistad», véase la presente edición, p. 106.

[4] Véase la presente edición, p. 111.

[5] Véase la presente edición, pp. 118 y 119.

[6] Véase capítulo 2.1 de los Apéndices.

[7] Véase la presente edición, p. 111.

[8] Véase Fernando Rodríguez Genovés, La escritura elegante. Narrar y pensar a cuento de la filosofía, Alfons El Magnànim, Col.lecció Pensament i Societat, Valencia, 2004.

[9] Jean Lacouture, por ejemplo, en su hermoso libro Montaigne a caballo (ver Bibliografía), afirma sin reservas que nos hallamos ante uno «de los más logrados, tratado evidentemente como una clave de la obra, si no su razón de ser.» (p. 102).

[10] Véase la presente edición, p. 106.

[11] La Boétie, Discurso, pp. 35 y 36.

[12] La Boétie, Discurso, p. 52

[13] Cf. Phillippe Desan, « ‘ Ahaner pour partir’ ou les dernières paroles de La Boétie selon Montaigne», en Étienne de La Boétie, Sage révolutionnaire et poète périgourdin (véase Bibliografía), p. 401.

See what else is available at PortVitoria.

Cover https://portvitoria.com/index.html

Home page https://portvitoria.com/

Past issues https://portvitoria.com/past-issues/

Blogs https://portvitoria.com/blogs/

Jo Pires-O’Brien

The Spanish-American philosopher George Santayana (1863-1952) is regarded as one of the most important thinkers of the first half of the twentieth century.

Santayana studied philosophy at Harvard University and graduated with honours in 1886. In that same year he travelled to Germany with the intention of improving his German and doing a PhD there. He managed to learn enough German to understand lectures and formal conversation, but remained tongue-tied due to lack of conversation opportunities. In the two years he spent in Germany he took time off to visit England and Spain, and that too could have contributed to his failure to learn enough German to write a dissertation. He decided to return to Harvard to complete his PhD dissertation there, on the German philosopher Rudolf Hermann Lotze (1817-1881). Right after completing his PhD in 1889, Santayana got a teaching position at Harvard, where he stayed until 1912, when he resigned by letter while on a visit to England. Although Santayana’s resignation at the age forty-eight puzzled many people at Harvard, Santayana did it without hesitation. He had always felt ill at ease in America and in the academic culture of Harvard. When he received a letter informing him that his mother had died, he reckoned that the cash inheritance that he would receive plus his savings would allow him enough financial security to give up his job. Now he could live anywhere he wanted, and have plenty of time to reflect upon the things that mattered to him.

One can get a good idea about Santayana’s thoughts from his appraisal of other thinkers. He pointed the incoherence’s in the pragmatism of William James (1842-1910) and Henri-Louis Bergson (1859-1941). Although Santayana’s philosophy has been described as naturalistic, he refused to identify himself with any philosophical school or movement. However, Santayana’s idea that the role of the state is to protect and to enable the individual to flourish is congruent with the English 18th century liberalism cum conservatism. His individualism put him at odds with the majority of the Western intellectuals, who leaned towards collectivism. Although Santayana has remained out of sight of the general public, there is a segment of the cognoscenti that never lost interest in him. Two years after Santayana’s death, Konstantin Kolenda (1923-1991), a Polish-born American philosopher, delivered a lecture about him at Rice University, in Houston, which was subsequently published by the Rice Institute (republished in this edition of PortVitoria). In 1980, The George Santayana Society (GSS) aimed at promoting the study of his ideas was founded at Indianapolis, Indiana. The year 1987 saw the publication of a consolidated edition of Santayana’s autobiography, as well as of his biography written by John Mccormik. In 2019, the Polish philosopher Katarzyna Kremplewska published Life as Insinuation: George Santayana’s Hermeneutics of Finite Life and Human Self (SUNY Press, 2019).

Here is a little sketch about Santayana for the readers of PortVitoria. He was born on December 16, 1863, in Madrid,  and his name at birth was Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás. He spent his early childhood in Ávila, Spain, but in 1872 he was taken to Boston by his father, so that he could be with his mother who had moved back there with her three older children by her first husband. Santayana’s father was unable to adjust to Boston life and opted to return to Spain, and it was agreed that the boy would be sent there every Summer, to be with him. Santayana studied in Boston and then at Harvard University. In the autumn of 1886 he went to Gottingen, Germany, on a Harvard fellowship, with views of doing postgraduate studies there. From Germany, he travelled to England, Spain and France, and eventually decided that he wanted to do his doctorate at Harvard, and returned to the United States. After completing his PhD in 1889, he was offered a teaching position there. Santayana continued to travel to Europe every summer, returning to his favourite places, and spent two sabbatical years, first in Italy and the ‘East’ (possibly Middle East) and then in France. While on a visit to England in 1912, Santayana received a letter informing him that his mother had died. His reaction to that was to send a letter of resignation of his teaching position at Harvard. Santayana stayed in England, then moved to Paris, but at the outbreak of war he returned to England. After the war he moved back and forth between England and France, and in 1924 he moved to Rome, remaining there until his death in 1952, at the age of  89.

Santayana’s personality was multifaceted. He enjoyed solitude but could be open and sociable. Perhaps the best description of Santayana’s personality is one that came from the man himself: “I was never better entertained when neglected, or busier than when idle.” Santayana had several other interests besides philosophy. He was a poet before he became a philosopher, and his first book, published in 1894, was Sonnets and Other Verses. Santayana was also interested in other philosopher-poets, and in 1910 he published a book about Lucretius, Dante, and Goethe. He corresponded with some well known poets such as T. S. Eliot, Ezra Pound, and Robert Lowell. He wrote novels and drama, enjoyed sketching landscapes, but most of all he enjoyed travelling.

Although Santayana enjoyed his own company, he remained close to his parents and his half-brother and half-sisters and cultivated friends from all walks of life. He was a close friend of Frank Russell (1865-1931), the 2nd Earl Russell and the older brother of Bertrand Russell (1872-1970), with whom he shared his love of poetry and freedom and his antipathy to falsity. Santayana was in his sixties when he met the American writer and editor Daniel MacGhie Cory (1904-1972), who went on to became his personal secretary and confidant, and who helped to organized his archive after his death in 1952.

Although Santayana was neither a public intellectual nor a celebrity, he was well regarded by other thinkers, and it is through their citations that the name of Santayana became known among the public at large, especially his aphorisms, such as: “Those who cannot remember the past are condemned to repeat it,”  extracted from the essay ‘Reason in Common Sense’, in volume 1 of The Life of Reason (1905).


Selected poems of George Santayana

 

Before a Statue of Achilles

George Santayana

I

Behold Pelides with his yellow hair,

Proud child of Thetis, hero loved of Jove;

Above the frowning of his brows of wove

A crown of gold, well combed, with Spartan care.

Who might have seen him, sullen, great, and fair,

As with the wrongful world he proudly strove,

And by high deeds his wilder passion shrove,

Mastering love, resentment, and despair.

He knew his end, and Phoebus’ arrow sure

He braved for fame immortal and a friend,

Despising life; and we, who know our end,

Know that in our decay he shall endure

And all our children’s hearts to grief inure,

With whose first bitter battles his shall blend.

II

Who brought thee forth, immortal vision, who

In Phthia or in Tempe brought thee forth?

Out of the sunlight and the sap full earth

What god the simples of thy spirit drew?

A goddess rose from the green waves, and threw

Her arms about a king, to give thee birth;

A centaur, patron of thy boyish mirth,

Over the meadows in thy footsteps flew.

Now Thessaly forgets thee, and the deep

Thy keeled bark furrowed answers not thy prayer;

But far away new generations keep

Thy laurels fresh; where branching Isis hems

The lawns of Oxford round about, or where

Enchanted Eton sits by pleasant Thames.

III

I gaze on thee as Phidias of old

Or Polyclitus gazed, when first he saw

These hard and shining limbs, without a flaw,

And cast his wonder in heroic mould.

Unhappy me who only may behold,

Nor make immutable and fix in awe

A fair immortal form no worm shall gnaw,

A tempered mind whose faith was never told!

The godlike mien, the lion’s lock and eye,

The well-knit sinew, utter a brave heart

Better than many words that part by part

Spell in strange symbols what serene and whole

In nature lives, nor can in marble die.

The perfect body itself the soul.

Source: American Poetry: The Nineteenth Century (The Library of America, 1993)

 

Cape Cod

George Santayana

The low sandy beach and the thin scrub pine,

The wide reach of bay and the long sky line,—

O, I am sick for home!

The salt, salt smell of the thick sea air,

And the smooth round stones that the ebbtides wear,—

When will the good ship come?

The wretched stumps all charred and burned,

And the deep soft rut where the cartwheel turned,—

Why is the world so old?

The lapping wave, and the broad grey sky

Where the cawing crows and the slow gulls fly,

Where are the dead untold?

The thin, slant willows by the flooded bog,

The huge stranded hulk and the floating log,

Sorrow with life began!

And among the dark pines, and along the flat shore,

O the wind, and the wind, for evermore!

What will become of man?

Source: Sonnets and Other Verses (1894). Also in: American Poetry: The Nineteenth Century (The Library of America, 1993)

 

I would I might forget that I am I

George Santayana

Sonnet VII

I would I might forget that I am I,

And break the heavy chain that binds me fast,

Whose links about myself my deeds have cast.

What in the body’s tomb doth buried lie

Is boundless; ’tis the spirit of the sky,

Lord of the future, guardian of the past,

And soon must forth, to know his own at last.

In his large life to live, I fain would die.

Happy the dumb beast, hungering for food,

But calling not his suffering his own;

Blessed the angel, gazing on all good,

But knowing not he sits upon a throne;

Wretched the mortal, pondering his mood,

And doomed to know his aching heart alone.

Source: Sonnets and Other Verses (1894)

 

There may be chaos still around the World

George Santayana

There may be chaos still around the world,

This little world that in my thinking lies;

For mine own bosom is the paradise

Where all my life’s fair visions are unfurled.

Within my nature’s shell I slumber curled,

Unmindful of the changing outer skies,

Where now, perchance, some new-born Eros flies,

Or some old Cronos from his throne is hurled.

I heed them not; or if the subtle night

Haunt me with deities I never saw,

I soon mine eyelid’s drowsy curtain draw

To hide their myriad faces from my sight.

They threat in vain; the whirlwind cannot awe

A happy snow-flake dancing in the flaw.

 

The Poet’s Testament

George Santayana

I give back to the earth what the earth gave,

All to the furrow, nothing to the grave.

The candle’s out, the spirit’s vigil spent;

Sight may not follow where the vision went.


Additional Note. Below is a part of the poem by Algernon Charles Swinburne that Frank Russell read to George Santayana on the day they met in Harvard, Cambridge, in 1886. See the article Santayana and his friendship with Frank Russell in this edition of PortVitoria.

Atlanta in Calydon

Algernon Charles Swinburne

Before the beginning of years

There came to the making of man

Time, with a gift of tears;

Grief, with a glass that ran;

Pleasure, with pain for leaven;

Summer, with flowers that fell;

Remembrance fallen from heaven,

And madness risen from hell;

Strength without hands to smite;

Love that endures for a breath:

Night, the shadow of light,

And life, the shadow of death.


Selected aphorisms of George Santayana

Those who cannot remember the past are condemned to repeat it.

Life of Reason (1905)

Aquellos que no recuerdan el pasado, están condenados a repetirlo.

Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.

 

We must welcome the future, remembering that soon it will be the past; and we must respect the past, remembering that it was once all that was humanly possible.

Debemos dar la bienvenida al futuro, recordando que pronto será el pasado; y debemos respetar el pasado, recordando que una vez fue todo lo que fue humanamente posible.

Devemos acolher o futuro, lembrando que em breve será o passado; e devemos respeitar o passado, lembrando que já foi tudo o que era humanamente possível.

 

Friendship is almost always a union of a part of one mind with the part of another; people are friends in spots.

La amistad es casi siempre la unión de una parte de una mente con la parte de otra; La gente es amiga en lugares.

A amizade é quase sempre uma união de uma parte de uma mente com a parte de outra; as pessoas são amigas em pontos.

 

Sanity is a madness put to good uses. The Essential Santayana: Selected Writings

La cordura es una locura de buenos usos.

A sanidade é uma loucura colocada em bom uso.

 

Never build your emotional life on the weaknesses of others.

Nunca construyas tu vida emocional sobre las debilidades de los demás.

Nunca construa sua vida emocional sobre as fraquezas dos outros.

 

It takes patience to appreciate domestic bliss; volatile spirits prefer unhappiness.

Se necesita paciencia para apreciar la felicidad doméstica; Los espíritus volátiles prefieren la infelicidad.

É preciso paciência para apreciar a felicidade doméstica; espíritos voláteis preferem a infelicidade.

 

To be interested in the changing seasons is a happier state of mind than to be hopelessly in love with spring.

Estar interesado en el cambio de estaciones es un estado mental más feliz que estar perdidamente enamorado de la primavera.

Estar interessado nas mudanças das estações é um estado de espírito mais feliz do que estar irremediavelmente apaixonado pela primavera.

 

To be happy you must have taken the measure of your powers, tasted the fruits of your passion, and learned your place in the world.

Para ser feliz debes haber tomado la medida de tus poderes, haber probado los frutos de tu pasión y haber aprendido tu lugar en el mundo.

Para ser feliz, você deve ter tomado a medida de seus poderes, provado os frutos de sua paixão e aprendido seu lugar no mundo.

 

Fanaticism consists of redoubling your efforts when you have forgotten your aim.

El fanatismo consiste en redoblar tus esfuerzos cuando has olvidado tu objetivo.

O fanatismo consiste em redobrar seus esforços quando você se esquece do seu objetivo.

 

Beauty is an emotional element, a pleasure that is ours and, nevertheless, we consider it as a quality of things. The sense of beauty (1900)

La belleza es un elemento emocional, un placer que es nuestro y, sin embargo, lo consideramos como una cualidad de las cosas.

A beleza é um elemento emocional, um prazer que é nosso e, no entanto, a consideramos como uma qualidade das coisas.

 

Life is an exercise in self-government. Soliloquies in England and Later Soliloquies (1922)

La vida es un ejercicio de autogobierno.

A vida é um exercício de autogoverno.

 

When the golden thread of pleasure intertwines with that web of things that our intelligence is always laboriously weaving, it gives the visible world that mysterious and subtle charm we call beauty. The sense of beauty (1900)

Cuando el hilo dorado del placer se entrelaza con esa trama de cosas que nuestra inteligencia está siempre tejiendo laboriosamente, otorga al mundo visible ese encanto misterioso y sutil que llamamos belleza.

Quando o fio de ouro do prazer se entrelaça com aquela teia de coisas que nossa inteligência está sempre tecendo laboriosamente, dá ao mundo visível aquele encanto misterioso e sutil que chamamos de beleza.

 

Only the dead have seen the end of the war. Soliloquies in England and Later Soliloquies (1922)

Sólo los muertos han visto el final de la guerra.

Apenas os mortos viram o fim da guerra.

 

A totally simple perception, in which there was no awareness of the distinction and relationship of the parts, would not be a perception of a form; it would be a sensation. The sense of beauty (1900)

Una percepción totalmente simple, en la que no hubiera conciencia de la distinción y relación de las partes, no sería una percepción de una forma; sería una sensación.

Uma percepção totalmente simples, na qual não havia consciência da distinção e relacionamento das partes, não seria uma percepção de uma forma; seria uma sensação.

 

Nonsense is so good only because common sense is so limited.

Las tonterías son tan buenas solo porque el sentido común es muy limitado.

O absurdo é tão bom apenas porque o senso comum é tão limitado.

Read in English, Portuguese and Spanish

 

Desiderata (Desired Things) by Max Ehrmann, © 1927, is a well-known poem about the search for happiness in life.

 

ENGLISH

Desiderata (Things Wanted)

Max Ehrmann

 

Go placidly amid the noise and haste,

and remember what peace there may be in silence.

As far as possible without surrender

be on good terms with all persons.

Speak your truth quietly and clearly;

and listen to others, even the dull and the ignorant;

they too have their story.

Avoid loud and aggressive persons,

they are vexations to the spirit.

If you compare yourself with others,

you may become vain and bitter;

for always there will be greater and lesser persons than yourself.

Enjoy your achievements as well as your plans.

Keep interested in your own career, however humble;

it is a real possession in the changing fortunes of time.

Exercise caution in your business affairs;

for the world is full of trickery.

But let this not blind you to what virtue there is;

many persons strive for high ideals;

and everywhere life is full of heroism.

Be yourself. Especially, do not feign affection.

Neither be cynical about love;

for in the face of all aridity and disenchantment

it is as perennial as the grass.

Take kindly the counsel of the years,

gracefully surrendering the things of youth.

Nurture strength of spirit to shield you in sudden misfortune.

But do not distress yourself with dark imaginings.

Many fears are born of fatigue and loneliness.

Beyond a wholesome discipline,

be gentle with yourself.

You are a child of the universe,

no less than the trees and the stars;

you have a right to be here.

And whether or not it is clear to you,

no doubt the universe is unfolding as it should.

Therefore, be at peace with God,

whatever you conceive Him to be,

and whatever your labors and aspirations,

in the noisy confusion of life keep peace with your soul.

With all its sham, drudgery, and broken dreams,

it is still a beautiful world.

Be cheerful.

Strive to be happy.

 

 

PORTUGUESE

Desiderata (Coisas Desejadas)

Max Ehrmann

Siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa,

lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.

Tanto quanto possível, sem humilhar-se,

viva em harmonia com todos os que o cercam.

Fale a sua verdade mansa e claramente;

e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes,

eles também têm sua própria história.

Evite pessoas agressivas e transtornadas,

elas afligem o nosso espírito.

Se você se comparar com os outros,

você se tornará presunçoso e magoado;

pois haverá sempre alguém inferior e alguém superior a você.

Viva intensamente o que já pôde realizar.

Mantenha-se interessado em seu trabalho, ainda que humilde;

ele é o que de real existe ao longo de todo o tempo.

Seja cauteloso nos negócios,

porque o mundo está cheio de astúcias.

… mas não caia na descrença, a virtude existirá sempre;

muita gente luta por altos ideais,

e em toda a parte a vida está cheia de heroísmo.

Seja você mesmo. Principalmente, não simule afeição;

nem seja descrente do amor;

… porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto

ele é tão perene quanto a relva.

Aceite com carinho o conselho dos mais velhos,

mas também seja compreensivo aos impulsos inovadores da juventude.

Alimente a força do espírito que o protegerá num infortúnio inesperado.

Mas não se desespere com perigos imaginários.

Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.

E a despeito de uma diciplina rigorosa,

seja gentil para consigo mesmo.

Você é filho do universo,

irmão das estrelas e árvores;

você merece estar aqui.

E mesmo se você não pode perceber,

a terra e o universo vão cumprindo com seu destino.

Portanto, esteja em paz com Deus,

como quer que você o conceba;

e quaisquer que sejam os seus trabalhos e aspirações,

na fatigante jornada pela vida,

mantenha-se em paz com sua própria alma.

Acima da falsidade, nos desencantos e agruras,

o mundo ainda é bonito.

Seja prudente.

Faça tudo para ser feliz.

 

SPANISH

 Desiderata (Cosas Deseadas)

Max Ehrmann

 Camina plácido entre el ruido y la prisa…

…y piensa en la paz que se puede encontrar en el silencio.

En cuanto sea posible y sin rendirte, manten buenas

relaciones con todas las personas.

Enuncia tu verdad de una manera serena y clara.

Escucha a los demás, incluso al torpe o el ignorante:

también ellos tienen su historia.

Evita las personas ruidosas y agresivas, ya que son un

fastidio para el espíritu.

Si te comparas con los demás, te volveras vano y

amargado, porque siempre habrá personas más grandes

y más pequeñas que tú.

Disfruta de tus exitos, lo mismo que de tus planes

Mantén el interés en tu propia carrera por humilde que

sea: ella es una verdadero tesoro

en el fortuito cambiar de los tiempos…

Sé cauto en tus negocios,

porque el mundo está lleno de engaños…

… mas no dejes que esto te vuelva ciego

para la virtud que existe.

Hay muchas personas que se esfuerzan por alcanzar

nobles ideales, la vida está llena de heroísmo.

Sé sincero contigo mismo. En especial no finjas el afecto y

no seas cinico en el amor..

…pues en medio de todas las arideces y desengaños es

perenne como la hierba.

Acata dosilmente el consejo de los años,

abandonando con donaire las cosas de la juventud.

Cultiva la firmeza del espiritu, para que te proteja en

las adversidades repentinas

muchos temores nacen de la fatiga y la soledad

Sobre una sana disciplina, sé benigno contigo mismo.

Tú eres una criatura del universo, no menos que las

plantas y las estrellas, tienes derecho a existir!

Y sea que te resulte claro o no, indudablemente el

universo marcha como debiera.

Por eso debes estar en paz con Dios, cualquiera que

sea tu idea de él.

Y sean cualesquieras tus trabajos y aspiraciones.

Conserva la paz con tu alma en la

bulliciosa confusión de la vida.

Aun con todas su farsa, penalidades y sueños fallidos,

el mundo es todavía hermoso!

Se cáuto.

Esfuérzate por ser feliz

***

Shala Andirá

Tradutora renomada dos poetas Rainer Maria Rilke e Friedrich Hölderlin, do psicólogo suíço Carl Gustav Jung e do místico São João da Cruz, Dora Ferreira da Silva (1918-2006), merece especial atenção por sua obra poética, pela qual foi contemplada com três prêmios Jabuti e com o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.

Dora, nasceu em Conchas, São Paulo, em primeiro de julho de 1918. Casou-se aos 19 anos com o filósofo Vicente Ferreira da Silva (1916-1963), com quem estabeleceu  uma vida de companheirismo e parceria nos estudos, por 23 anos, até a morte brutal de Vicente em um acidente de carro.

A residência do casal era ponto de encontro e estadia de escritores, poetas e pensadores interessados no dialogismo e na continuidade do pensamento crítico. Com este espírito, Dora e Vicente criaram a revista Diálogo, nos anos 60, a qual contou com 16 números, interrompidos com a morte prematura deste. Um ano após a morte do marido, Dora fundou a revista Cavalo Azul que contou com 12 números dedicados à literatura e, em especial, à poesia.

A poeta foi, também, docente de História da Arte e de História das Religiões em universidades paulistas.

Ganhou o Jabuti com seu primeiro livro, Andanças. Uma coletânea de poemas produzidos a partir de 1948, e lançado na maturidade, em 1970, embora o amor pela poesia tenha surgido na infância, na biblioteca do pai, que falecera quando ela tinha apenas um ano de vida.

Publicou ao longo da vida, além de ensaios e traduções, 15 livros de poesia, entre eles sua Poesia Reunida, de 1999, que levou o prêmio Machado de Assis. Em 2003, incansável, cria, o Centro de Estudos Cavalo Azul que incorporou poetas como Cláudio Willer. Em 2004, chama novamente a atenção da crítica e dos leitores com o livro Hídrias, que reúne uma série de poemas no qual retoma um tema recorrente em sua obra: as fronteiras do sagrado.

Com a morte, em 2006, aos 87 anos, deixa inconcluso o livro no qual trabalhava três séries de poemas: O leque, Appassionata, e Transpoemas. Entre 2007 e 2009, essas séries são lançadas em três livros independentes.

Humana, entre o céu e a profundidade da terra, Dora reúne a força do ventre feminino e a sutileza nos detalhes de sua natureza com maestria de gênio.

 

Seleção de poemas de Dora Ferreira da Silva

 

PORTUGUESE

 

Eterno presente

Um mundo apenas nosso abraço unia

O céu e a Terra mal chegando ao porto

Nuvens e cabelos mar revolto

De marinheiros despertando ao dia.

 

As gaivotas forçavam nossa porta

Quando o linho das velas se abatia

Cantava o vento eterna melodia

À juventude de nossa alma absorta.

 

Isso foi ontem logo será outrora

Outros dias flutuam sobre o mar

E esse silêncio cada vez mais fundo

 

Recolhe o som que diz: “Chegada é a hora.”

Alguém responde em confidência ao ar

De um amor que no Amor gerou seu mundo.

 

 

Fronteira II

Esperava-se a fronteira.

Onde e quando?

Andávamos

sem perguntar

tão liso o dia

Ondulada a noite.

Evolava-se o ruído

do capim rasteiro.

Houve um grito? Era a fronteira

Talvez

Sua cancela aberta.

Os cães recuaram e os sentidos.

Quem nos transpôs?

Dionisos dendrites

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio,

Sussurra a noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

Kóre (I)

Por que sempre voltas mendiga

com braceletes de ouro e súplices olhos

de violeta?

Tuas sandálias te trazem nos andrajos

de púrpura. É primavera.

O vento se debate

nos arbustos brilhantes.

O jardim te espelha, pétalas refletem

teu sorriso

e se ofuscam.

Voltas. Sempre de novo és tu

e me assedias:

vaso antigo, cítara,

coluna entre o arvoredo.

Queres cantar comigo na relva da manhã?

Conheço tuas pálpebras, os anéis do teu cabelo,

a curva de teu colo. Sem te ouvir

sei como cantas.

Voltaste: é primavera.

O jardim se adorna

com joias do teu cofre

pérolas frementes.

Forças, amiga, demasiado as cordas

do meu canto.

Revela-se em mim tua fragilidade.

Demora, se puderes, e com o orvalho de teus colares claros

guarda meu pranto

quando ainda mais uma vez te fores.

SPANISH

 Kóre (I)

¿Por qué siempre regresas mendiga

com brazaletes de oro y suplicantes ojos

de violeta?

Tus sandálias te traenn en harapos

de púrpura. Es primavera.

El viento se debate

en los arbustos brillantes.

El jardín te esparce pétalos que reflejan

tu sonrisa

y se ofuscan.

 

Regresas. Siempre como tú

y me asedias:

vaso antiguo de cítara inspiración,

columna entre el arbolado.

Quieres cantar conmigo en el césped de mañana.

Conozco tus párpados, los rizos de tus cabellos,

la curva de tu cuello. Sin oírte

sé cómo cantas.

 

Regresaste, es primavera.

El jardín se adorna

con joyas de tu cofre,

perlas trémulas.

 

Fuerzas amiga demasiado las cuerdas

de mi canto.

Se revela en mí tu fragilidad.

Demora si puedes y con las cuentas de tus collares claros

guarda mi llanto

incluso cuando te vayas

(Versión de Consuelo Olvera T.)

Biografia

Bob Dylan nasceu Robert Allen Zimmerman, em 24 de maio de 1941 em Duluth, Minnesota, trocando de nome quando começou a gravar. Muito antes de Robert Zimmerman virar Bob Dylan ele já havia impressionado as pessoas a seu redor com a sua criatividade e ambição musical. Começou a escrever poesias quando tinha apenas dez anos e aprendeu sozinho a tocar violão e piano. Em 1959 ele matriculou-se na Universidade de Minnesota onde ele começou a ouvir os pioneiros da música folk e do roque como Hank Williams, Robert Johnson e Woody Guthrie, ao invés de aplicar-se ao estudo. Foi nessa época que ele aprendeu a tocar harmônica, começou a tocar nos cafés da cidade e adotou o nome de Bob Dylan. Não é sabido ao certo de onde ele tirou o nome ‘Dylan’, mas é presumido que foi do poeta galês Dylan Thomas.

No ano seguinte Bob Dylan deixou os estudos e foi para New York com a ambição de firmar-se no cenário artístico musical da Greenwich Village e conhecer o seu ídolo, Woody Guthrie. O sucesso chegou em 1961 através de um contrato de gravação com a Columbia Records. O seu primeiro álbum chamava-se simplesmente ‘Bob Dylan’ e continha músicas músicas folk tradicionais ao inv[es de suas próprias composições. Essas apareceram no seu segundo álbum, com o qual Dylan firmou-se no cenário muical. Dylan começou a tocar em cafés e a despertar a curiosidade de outros artistas. Foi nessa época que ele compôs as músicas que viraram lendas na década de sessenta. Foi no seu próximo álbum, ‘Free Wheelin Bob Dylan’, onde ele gravou as suas músicas mais famosas como ‘A hard rains a-gonna fall’, ‘Don’t think twice, it’s all right’ e ‘Blowin in the wind’.

O próximo álbum de Dylan, intitulado ‘The Times They Are A-Changin’, caracterizou-se pelas músicas de protesto. Foi nessa época que Bob Dylan fez amizade com Joan Baez. Esta começou a cantar músicas inéditas de Dylan e Dylan começou a aparecer nos seus concertos. A imagem de Dylan cantando e tocando guitarra acústica e harmônica ficou marcada nas mentes de seus admiradores. Entretanto, Dylan eventualmente cansou-se de ser categorizado pelas músicas folk de protesto e assumiu o estilo rock , nos seus próximos dois álbuns, ‘Restless Farwell’ e ‘Another Side of Bob Dylan’. Apesar dos protestos de seus fans, Dylan continuou a sua evolução musical, embora sem abandonar de todo o estilo folk.

Quando em 2011 Dylan completou 70 anos de idade o jornal britânico The Independent publicou um artigo intitulado ‘70 reasons why Bob Dylan is the most important figure in pop-culture culture’ (70 motivos pelos quais Bob Dylan é considerado uma das mais importantes figuras da história da cultura pop). E, em 2016, quando completou 75 anos, Dylan foi agraciado com o Nobel de Literatura. Precisa dizer mais?

Principais prêmios recebidos:

Durante a sua carreira musical Bob Dylan ganhou um Oscar (2001, por uma música) e 10 Grammys.

Em maio de 2012, Bob Dylan recebeu do Presidente Barack Obama a Medal of Freedom, a maior condecoração civil dos Estados Unidos.

Em maio de 2013, Bob Dylan recebeu a medalha da Legion d’honneur, do governo francês.

Em 13 de outubro de 2016, Bob Dylan recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, tornando-se o primeiro liricista a receber essa honraria.


Letras de músicas de Bob Dylan (com versões em português)

Blowing in the wind

Bob Dylan

How many roads must a man walk down

Before you can call him a man?

Yes and how many seas must a white dove sail

Before she sleeps in the sand?

Yes and how many times must cannonballs fly

Before they’re forever banned?

The answer, my friend, is blowin’ in the wind

The answer is blowin’ in the wind

 

Yes, how many years must a mountain exist

Before it is washed to the sea

Yes and how many years can some people exist

Before they’re allowed to be free?

Yes and how many times must a man turn his head

And pretend that he just doesn’t see?

The answer, my friend, is blowin’ in the wind

The answer is blowin’ in the wind

 

Yes, how many times must a man look up

Before he can really see the sky?

Yes and how many ears must one man have

Before he can hear people cry?

Yes and how many deaths will it take till he knows

That too many people have died?

The answer, my friend, is blowin’ in the wind

The answer is blowin’ in the wind

 

Quantas estradas um homem precisará andar

Bob Dylan

Antes que possam chamá-lo de homem?

Quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar

Antes que ela possa dormir na areia?

Sim, e quantas balas de canhão precisarão voar

Até serem para sempre banidas?

A resposta, meu amigo, está soprando ao vento

A resposta está soprando ao vento

Sim, e quantos anos uma montanha pode existir

Antes que ela seja dissolvida pelo mar?

Sim, e quantos anos algumas pessoas podem existir

Até que sejam permitidas a serem livres?

Sim, e quantas vezes um homem pode virar sua cabeça

E fingir que ele simplesmente não vê?

A resposta, meu amigo, está soprando ao vento

A resposta está soprando ao vento

Sim, e quantas vezes um homem precisará olhar para cima

Antes que ele possa ver o céu?

Sim, e quantas orelhas um homem precisará ter

Antes que ele possa ouvir as pessoas chorar?

Sim, e quantas mortes ele causará até saber

Que pessoas demais morreram

A resposta, meu amigo, está soprando ao vento

A resposta está soprando ao vento?

(Traduzida por Flavius)

 

The times they are changing

Bob Dylan

Come gather ’round people

Wherever you roam

And admit that the waters

Around you have grown

And accept it that soon

You’ll be drenched to the bone

If your time to you

Is worth savin’

Then you better start swimmin’

Or you’ll sink like a stone

For the times they are a-changin’

 

Come writers and critics

Who prophesize with your pen

And keep your eyes wide

The chance won’t come again

And don’t speak too soon

For the wheel’s still in spin

And there’s no tellin’ who

That it’s namin’

For the loser now

Will be later to win

For the times they are a-changin’

 

Come senators, congressmen

Please heed the call

Don’t stand in the doorway

Don’t block up the hall

For he that gets hurt

Will be he who has stalled

There’s a battle outside

And it is ragin’

It’ll soon shake your windows

And rattle your walls

For the times they are a-changin’

 

Come mothers and fathers

Throughout the land

And don’t criticize

What you can’t understand

Your sons and your daughters

Are beyond your command

Your old road is

Rapidly agin’

Please get out of the new one

If you can’t lend your hand

For the times they are a-changin’

 

The line it is drawn

The curse it is cast

The slow one now

Will later be fast

As the present now

Will later be past

The order is

Rapidly fadin’

And the first one now

Will later be last

For the times they are a-changin’

 

Os Tempos Estão Mudando

Bob Dylan

Vamos reunir as pessoas ao redor

Por onde quer que andem

E admitam que as águas

Á sua volta estão subindo

E aceitem que logo

Vocês estarão cobertos até os ossos.

Se seu tempo para você

Vale a pena ser poupado

Então é melhor começar a nadar

Ou irá se afundar como uma pedra

Pois os tempos estão mudando

Venham escritores e críticos

Aqueles que profetizam com suas canetas

E mantenham seus olhos abertos

A chance não virá novamente

E não falem tão cedo

Pois a roda ainda está girando

E não há como dizer

Quem será nomeado

Pois o perdedor de agora

Mais tarde vencerá

Pois os tempos estão mudando

Venham senadores, congressistas

Por favor escutem o chamado

Não fiquem parados no vão da porta

Não congestionem o corredor

Pois aquele que se machuca

Será aquele que nos impediu

Há uma batalha lá fora

E está rugindo

E logo irá balançar suas janelas

E fazer ruir suas paredes

Pois os tempos estão mudando

Venham mães e pais

De toda os lugares…

E não critiquem

O que vocês não podem entender…

Seus filhos e filhas

Estão além de seu comando

Seu velho caminho

Está rapidamente envelhecendo

Por favor saiam da frente

Se não puderem dar uma mãozinha

Pois os tempos estão mudando

A linha está traçada

A maldição está lançada…

E o mais lento agora

Será o rápido mais tarde…

Assim como o presente de agora

Será mais tarde o passado…..

A ordem está

Rapidamente se esvaindo

E o primeiro agora

Será o último depois….

Pois os tempos estão mudando

(Traduzida por Flavius)

 

Mr Tambourine man

Bob Dylan

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

I’m not sleepy and there is no place I’m going to

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

 

Though I know that evenin’s empire has returned into sand

Vanished from my hand

Left me blindly here to stand but still not sleeping

My weariness amazes me, I’m branded on my feet

I have no one to meet

And the ancient empty street’s too dead for dreaming

 

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

I’m not sleepy and there is no place I’m going to

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

 

Take me on a trip upon your magic swirlin’ ship

My senses have been stripped, my hands can’t feel to grip

My toes too numb to step

Wait only for my boot heels to be wanderin’

I’m ready to go anywhere, I’m ready for to fade

Into my own parade, cast your dancing spell my way

I promise to go under it

 

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

I’m not sleepy and there is no place I’m going to

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

 

Though you might hear laughin’, spinnin’, swingin’ madly across the sun

It’s not aimed at anyone, it’s just escapin’ on the run

And but for the sky there are no fences facin’

And if you hear vague traces of skippin’ reels of rhyme

To your tambourine in time, it’s just a ragged clown behind

I wouldn’t pay it any mind

It’s just a shadow you’re seein’ that he’s chasing

 

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

I’m not sleepy and there is no place I’m going to

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

 

Then take me disappearin’ through the smoke rings of my mind

Down the foggy ruins of time, far past the frozen leaves

The haunted, frightened trees, out to the windy beach

Far from the twisted reach of crazy sorrow

Yes, to dance beneath the diamond sky with one hand waving free

Silhouetted by the sea, circled by the circus sands

With all memory and fate driven deep beneath the waves

Let me forget about today until tomorrow

 

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

I’m not sleepy and there is no place I’m going to

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me

In the jingle jangle morning I’ll come followin’ you

Senhor Tocador de Tamborim

 

Senhor Tocador de Tamborim

Bob Dylan

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Na aguda manhã desafinada eu o seguirei

Embora eu saiba que todo império retornou ao pó

Varrido de minha mão

Deixando-me cegamente aqui parado, mas ainda não dormindo.

Meu cansaço me espanta, estou plantado por meus pés

Não tenho quem encontrar

E a velha rua vazia está muito morta para sonhar

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Na aguda manhã desafinada eu o seguirei

Leve-me a uma viagem em sua mágica nave ressoante

Meus sentidos foram arrancados, minhas mãos não podem segurar

Meus pés estão muito dormentes para pisar,

esperando apenas minhas botas

Para perambular

Estou pronto para ir a qualquer lugar, estou pronto para desaparecer

Em minha própria parada, moldando sua dança a meu caminho,

Eu prometo segui-la

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Na aguda manhã desafinada eu o seguirei

Embora você possa ouvir-me rindo, girando,

dançando loucamente através do sol

Não está vendo ninguém, está só fugindo correndo

Pois no céu não há cercas revestidas

E se você ouvir traços vagos de rimas enroladas

Para o seu tamborim no momento, é apenas um rude palhaço atrás

Eu não lhe pagaria mente alguma, é apenas a sua sombra

Visto que está lhe perseguindo

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Na aguda manhã desafinada eu o seguirei

Então me faça desaparecer através dos anéis de fogo de minha mente

Abaixo das ruínas nebulosas do tempo,

passando ao longe das folhas congeladas.

O assombro, árvores assustadoras, para fora da praia ventosa

Longe do alcance distorcido da tristeza insana

Sim, para dançar sob o céu de diamantes com uma mão acenando livremente

Em silhueta para o mar, circulado por areias circulares

Com toda a memória e destino navegando profundamente abaixo das ondas

Deixe-me esquecer do hoje até amanhã

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim

Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

(Traduzida por Flavius)

Don’t think twice, it’s all right

Bob Dylan

It ain’t no use to sit and wonder why, babe

If you don’t know by now

An’ it ain’t no use to sit and wonder why, babe

It’ll never do somehow

When your rooster crows at the break of dawn

Look out your window and I’ll be gone

You’re the reason I’m trav’lin’ on

But don’t think twice, it’s all right

 

It ain’t no use in turnin’ on your light, babe

That light I never knowed

An’ it ain’t no use in turnin’ on your light, babe

I’m on the dark side of the road.

But I wish there was somethin’ you would do or say

To try and make me change my mind and stay

But we never did too much talkin’ anyway

But don’t think twice, it’s all right.

 

So it ain’t no use in callin’ out my name, gal

Like you never done before

It ain’t no use in callin’ out my name, gal

I can’t hear you anymore

I’m a-thinkin’ and a-wond’rin’ walking down the road

I once loved a woman, a child I’m told

I give her my heart but she wanted my soul

But don’t think twice, it’s all right.

 

So long, honey bee

Where I’m bound, I can’t tell

But goodbye’s too good a word, babe

So I’ll just say fare thee well

I ain’t sayin’ you treated me unkind

You could have done better but I don’t mind

You just kinda wasted my precious time

But don’t think twice, it’s all right

Não Pense Duas Vezes, Está Tudo Bem

Bob Dylan

Bem, não adianta sentar e se perguntar por quê, querida

Se você não sabe até agora

E não adianta sentar e se perguntar por quê, querida

De qualquer jeito, não dará em nada.

Quando o seu galo cantar ao nascer do dia

Olhe pela sua janela e eu terei ido

Você é a razão por eu estar indo embora

Mas não pense duas vezes, está tudo bem

E não adianta acender sua luz, amor

A luz que eu nunca conheci

E não adianta acender sua luz, amor

Estou do lado escuro da estrada

Mas eu gostaria que houvesse algo que você pudesse

fazer ou dizer

Que pudesse me fazer mudar de ideia e ficar

Mas de qualquer jeito, nunca fomos de muita conversa

Então não pense duas vezes, está tudo bem

Não adianta chamar meu nome, garota

Como você nunca fez antes

Não adianta chamar meu nome, garota

Não consigo mais te ouvir

Estou pensando e imaginando, andando pela estrada

Eu amava uma mulher; uma criança, me dizem.

Eu lhe dei o meu coração mas ela queria minha alma

Mas não pense duas vezes, está tudo bem

Até mais, querida

Aonde vou, não sei dizer

Mas “adeus” é uma palavra boa demais, querida

Então direi apenas “passar bem”

Não estou dizendo que você me tratou mal

Você poderia ter feito melhor mas não me importo

Você apenas me fez perder o meu precioso tempo

Mas não pense duas vezes, está tudo bem

(Traduzida por Flavius)

 

Fontes: http://www.angelfire.com/on/dylan/bio.html & https://www.letras.mus.br/

 Citação:

Pires-O’Brien, J., compiladora. Bob Dylan (1941 – ). PortVitoria, Beccles, UK, v.14, Jan-Jun, 2017. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

 

Biografia

Adília Lopes, pseudônimo literário de pena de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, nasceu em Lisboa, em 1960. Frequentou a licenciatura em Física, na Universidade de Lisboa, que viria a abandonar quando já estava prestes a completá-la. Em 1983, começa uma nova licenciatura, em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Começa a publicar a sua poesia no Anuário de Poetas não Publicados da Assírio & Alvim, em 1984, e no ano seguinte, publica o seu primeiro livro de poesia, Um Jogo Bastante Perigoso, através dessa mesma editora. Além de escrever poesia Lopes é ensaísta e tradutora. Tem colaborado em diversos jornais e revistas, em Portugal e no estrangeiro, com poemas, artigos e poemas traduzidos.

Principais obras publicadas:

Um jogo bastante perigoso (1985). Lisboa, edição da Autora; ed. Ut: Dobra. Poesia reunida de Adília Lopes (2009).

O poeta de Pondichéryn (1986). Lisboa, Frenesi; ed. Ut: Poesia Reunida, Lisboa. Assírio & Alvim, 2009.

A pão e água de Colónia. Seguido de uma Autobiografía Sumária (1987). Lisboa, Frenesi; ed. Ut: Dobra. Poesia reunida de Adília Lopes (2009). Lisboa, Assírio & Alvim.

Florbela Espanca Espanca (1999). Lisboa, Assírio & Alvim.

Obra (2000). Lisboa, Assírio & Alvim.

A Mulher-a-Dias (2002).Lisboa, Assírio & Alvim.

Antologia – Coleção Ás de Colete (2002).

Caras Baratas (2004). Lisboa, Assírio & Alvim.

Manhã (2015). Lisboa, Assírio & Alvim.

Bandolim (2016). Lisboa, Assírio & Alvim.

A Mulher a Dias (2002).Lisboa, Assírio & Alvim.

 

Poesias selecionadas de Adília Lopes em português e espanhol

Arte poética

Escrever um poema

é como apanhar um peixe

com as mãos

nunca pesquei assim um peixe

mas posso falar assim

sei que nem tudo o que vem às mãos

é peixe

o peixe debate-se

tenta escapar-se

escapa-se

eu persisto

luto corpo a corpo

com o peixe

ou morremos os dois

ou nos salvamos os dois

tenho de estar atenta

tenho medo de não chegar ao fim

é uma questão de vida ou de morte

quando chego ao fim

descubro que precisei de apanhar o peixe

para me livrar do peixe

livro-me do peixe com o alívio

que não sei dizer

Adília Lopes, Um Jogo Bastante Perigoso

 

 

Arte poética

Escribir un poema

es como atrapar un pez

con las manos

nunca pesqué así un pez

pero puedo hablar así

sé que no todo lo que viene a las manos

es pez

el pez se debate

intenta escaparse

se escapa

yo persisto

lucho cuerpo a cuerpo

con el pez

o morimos los dos

o nos salvamos los dos

tengo que estar atenta

tengo miedo de no llegar al fin

es una cuestión de vida o muerte

cuando llego al fin

descubro que necesité atrapar al pez

para librarme del pez

me libro del pez con el alivio

de no saber qué decir

© Traducción: Aurelio Asiain

 

Para um vil criminoso

Fizeste-me mil maldades

e uma maldade muito grande

que não se faz

acho que devo ter sido a pessoa

a quem fizeste mais maldades

nem deves ter feito a ninguém

uma maldade tão grande

como a que me fizeste a mim

não sei se tens remorsos

tu dizes que não tem remorsos nenhuns

porque dizes que és um vil criminoso

para mim

eu também sou uma vil criminosa

mas não para ti

desconfio que tens o remorso

de ter alguns remorsos

por me teres feito mil maldades

e uma maldade muito grande

a maldade muito grande está feita

e não se faz

acho que essa maldade muito grande

nos aproximou um do outro

em vez de nos afastar

mas para mim é um drôle de chemin

e para ti também deve ser

mas com um vil criminoso nunca se sabe

Adília Lopes, Um Jogo Bastante Perigoso

 

Para un vil criminal

Me hiciste mil bajezas

y una bajeza muy grande

que no se hace

creo que debo haber sido la persona

a quien le hiciste más bajezas

no debes haberle hecho a nadie

una bajeza tan grande

como la que me hiciste a mí

no sé si tienes remordimientos

tú dices que no tienes ningún remordimiento

porque dices que eres un vil criminal

para mí

yo también soy una vil criminal

pero no para ti

desconfío que tengas remordimiento

de tener algunos remordimientos

por haberme hecho mil bajezas

y una bajeza muy grande

la bajeza muy grande está hecha

y no se hace

creo que esa bajeza muy grande

nos aproximó el uno al otro

en vez de alejarnos

pero para mí es un peculiar recorrido

y para ti también debe serlo

pero con un vil criminal nunca se sabe

 

A propósito de estrelas

Não sei se me interessei pelo rapaz

por ele se interessar por estrelas

se me interessei por estrelas por me interessar

pelo rapaz hoje quando penso no rapaz

penso em estrelas e quando penso em estrelas

penso no rapaz como me parece

que me vou ocupar com as estrelas

até ao fim dos meus dias parece-me que

não vou deixar de me interessar pelo rapaz

até ao fim dos meus dias

nunca saberei se me interesso por estrelas

se me interesso por um rapaz que se interessa

por estrelas já não me lembro

se vi primeiro as estrelas

se vi primeiro o rapaz

se quando vi o rapaz vi as estrelas

Adília Lopes, Um Jogo Bastante Perigoso

 

A propósito de estrellas

No sé si me interesé por el chico

porque se interesaba por las estrellas

si me interesé por las estrellas por interesarme

por el chico hoy cuando pienso en el chico

pienso en las estrellas y cuando pienso en las estrellas

pienso en el chico como me parece

que me voy a ocupar con las estrellas

hasta el fin de mis días

me parece que nunca voy a dejar de interesarme por el chico

hasta el fin de mis días

nunca sabré si me intereso por las estrellas

si me intereso por un chico que se interesa

por las estrellas ya no me acuerdo

si vi primero las estrellas

si vi primero al chico

si cuando vi al chico vi las estrellas.

© Traducción: Verónica Aranda

 

A segunda lei da Termodinâmica

A segunda lei da Termodinâmica

a lei leteia

a seta do tempo

a serpente do Paraíso

a entropia

existe

mas também

o Novo Testamento

e as sete artes

existem

para a contrariar

(desejo, logo sou

e eu não acabo

de ser)

Adília Lopes, Florbela Espanca espanca

 

La segunda ley de la termodinámica

La segunda ley de la termodinámica

la ley letea

la flecha del tiempo

la serpiente del Paraíso

la entropía

existe

pero también

el Nuevo Testamento

y las siete artes

existen

para contrariarla

(deseo, luego soy

y no acabo

de ser)

Louvor do lixo

para a Amra Alirejsovic

(quem não viu Sevilha não viu maravilha)

É preciso desentropiar

a casa

todos os dias

para adiar o Kaos

a poetisa é a mulher-a-dias

arruma o poema

como arruma a casa

que o terramoto ameaça

a entropia de cada dia

nos dai hoje

o pó e o amor

como o poema

são feitos

no dia a dia

o pão come-se

ou deita-se fora

embrulhado

(uma pomba

pode visitar o lixo)

o poema desentropia

o pó deposita-se no poema

o poema cantava o amor

graças ao amor

e ao poema

o puzzle que eu era

resolveu-se

mas é preciso agradecer o pó

o pó que torna o livro

ilegível como o tigre

o amor não se gasta

os livros sim

a mesa cai

à passagem do cão

e o puzzle fica por fazer

no chão

Adília Lopes, A Mulher-a-Dias

  • §§

Biografia

Rudyard Kipling nasceu em Bombaim (hoje, Mumbai), Índia, em 30 de dezembro de 1865, numa família de britânicos. Seu pai, John, era o chefe do Departamento de Esculturas Arquitetônicas da Escola de Arte Jeejeebhoy, em Bombaim, sendo também um artista. A mãe, Alice, concordou em enviar o menino para estudar na Inglaterra, mandando-o para um pensionato familiar em Southsea. Entretanto, a sra. Holloway, dona da casa, tratava o menino com brutalidade, dificultando a sua adaptação à escola ao país. De início, o menino buscou conforto na leitura, mas, em certo momento, a sra. Holloway decidiu tirar-lhe os livros, após o que o garoto começou a criar um espaço imaginário onde ele brincava e lia. Os únicos escapamentos de Kipling ocorriam uma vez por ano, em dezembro, quando ele passava uns dias em Londres, na casa de parentes.

Aos 11 anos de idade, Kipling estava à beira de um colapso nervoso quando um visitante do pensionato onde ele vivia viu as más condições e contatou de imediato os seus pais, na Índia, o que fez com que sua mãe viesse imediatamente para a Inglaterra. Depois de ter tirado o garoto dos Holloways, a mãe tirou uns dias de férias com o filho, antes de ele iniciar seus estudos numa nova escola em Devon. A partir de então, Kipling progrediu bastante nos estudos e descobriu que tinha talento para escrever, tanto que se tornou o editor do jornalzinho da escola.

Kipling retornou à Índia em 1882, indo morar com seus pais em Lahore, onde, com a ajuda do pai, arranjou emprego num jornal local. Como Kipling sofria de insônia, ele saía de noite para conhecer melhor a cidade, ganhando acesso a lugares raramente conhecidos pelos ingleses, como os bordéis e os antros de ópio.

Kipling retornou à Inglaterra em 1889, já amparado com o rendimento de seus livros de contos. Em Londres, ele conhece Wolcott Balestier, um agente literário americano, que logo tornou-se um de seus maiores amigos. Os dois viajaram juntos para os Estados Unidos, onde Balestier levou Kipling à casa de seus pais em Brattleboro, no Vermont.

Quando Wolcott adoeceu, a sua irmã Caroline, ou Carrie, mandou um telegrama para Kipling, avisando-lhe, e este retornou à Inglaterra para visitar o amigo. Wolcott faleceu, mas pouco tempo depois Kipling se casou com Carrie, numa cerimônia na qual compareceu o escritor americano Henry James. Ele e a esposa assentaram-se em Brattleboro, e foi lá que Kipling escreveu o The Jungle Book (1894; O livro da selva) e seus muitos contos. Ele escreveria um segundo Jungle Book, publicado em 1895. Entretanto, a obra prima de Kipling é Kim (1901), em que descreve as aventuras de um órfão do império britânico chamado Kimball O’Hara, cuja vida ao relento deixou-o tão bronzeado que as pessoas deixaram de vê-lo como um branco, embora seu pai tivesse sido um sargento junto aos Mavericks e sua mãe uma irlandesa que morreu de cólera. Kipling teve um enorme sucesso com suas novelas, contos e poesias, e em 1907, recebeu o Nobel de Literatura.

Kipling viveu na América até 1896, quando mudou-se para a Inglaterra, assentando-se em Surrey. As suas duas filhas, Josephine e Elsie, nasceram nos Estados Unidos, em 1893 e 1896, enquanto que o seu terceiro e único filho, John, nasceu na Inglaterra em 1897. Durante uma viagem do casal aos Estados Unidos, em 1899, Kipling e a filha Josephine adoeceram, e embora Kipling tivesse se recuperado, a menina Josephine faleceu. Kipling ficou devastado com o falecimento da filha e jurou não mais retornar as Estados Unidos.

Kipling foi um ardente apoiador da Primeira Guerra, e, quando o seu filho quís se alistar ele o levou a diversos centros de recrutamento visto que o rapaz era rejeitado devido a problemas de vista. Kipling usou os seus contatos e conseguiu alistar o filho na Guarda Irlandesa, como segundo tenente. Em outubro de 1915, ele recebeu a notícia de que John havia sido dado como desaparecido na França. Kipling viajou para a França para procurar o filho, mas o corpo do mesmo nunca foi encontrado.

Nos seus últimos anos de vida Kipling padeceu com uma dolorosa úlcera o que possivelmente contribuiu para o seu suicídio em 18 de janeiro de 1936. Os seus restos mortais foram eventualmente transferidos para o canto dos poetas da Abadia de Westminster, próximo dos de Thomas Hardy e Charles Dickens.

A genialidade literária de Kipling e o seu comando da língua inglesa foram logo percebidos. Além de ter escrito contos, novelas e poesias, Kipling refletiu bastante acerca das sociedades que conheceu no Oeste e no Leste, bem como sobre o imperialismo britânico e a visão britânica acerca de outras culturas. Entretanto, a elevada cultura e o refinamento de Kipling fizeram com que o poeta fosse injustamente acusado de ser um imperialista.  O simples fato de pensar por si próprio qualifica Kipling como um individualista. Ele escreveu: “Tenho seis servos que me ensinaram tudo o que sei: O quê?, Porquê?, Quando?, Como?, Onde?, e Quem?”

Kipling escreveu um famoso poema intitulado‘If’‘ – ‘Se’ – dedicado ao seu filho, John. Nesse poema Kipling revela as qualidades definidoras do Homem, as quais são as mesmas virtudes dos antigos, como temperança, prudência, coragem, compaixão, generosidade, humildade e constância. As virtudes, assim como os vícios, são qualidades do indivíduo. Veja a seguir o poema original em inglês e uma versão do mesmo em português.

 

If

If you can keep your head when all about you

Are losing theirs and blaming it on you,

If you can trust yourself when all men doubt you,

But make allowance for their doubting too;

If you can wait and not be tired by waiting,

Or being lied about, don’t deal in lies,

Or being hated, don’t give way to hating,

And yet don’t look too good, nor talk too wise:

 

If you can dream—and not make dreams your master;

If you can think—and not make thoughts your aim;

If you can meet with Triumph and Disaster

And treat those two impostors just the same;

If you can bear to hear the truth you’ve spoken

Twisted by knaves to make a trap for fools,

Or watch the things you gave your life to, broken,

And stoop and build ’em up with worn-out tools:

 

If you can make one heap of all your winnings

And risk it on one turn of pitch-and-toss,

And lose, and start again at your beginnings

And never breathe a word about your loss;

If you can force your heart and nerve and sinew

To serve your turn long after they are gone,

And so hold on when there is nothing in you

Except the Will which says to them: ‘Hold on!’

 

If you can talk with crowds and keep your virtue,

Or walk with Kings—nor lose the common touch,

If neither foes nor loving friends can hurt you,

If all men count with you, but none too much;

If you can fill the unforgiving minute

With sixty seconds’ worth of distance run,

Yours is the Earth and everything that’s in it,

And—which is more—you’ll be a Man, my son!

Rudyard Kipling (1865-1936)

Fonte: A Choice of Kipling’s Verse (1943)

 

Se

Se és capaz de manter tua calma, quando,

todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.

De crer em ti quando estão todos duvidando,

e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,

ou, enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,

e não parecer bom demais, nem pretensioso.

 

Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,

de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.

Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,

tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,

em armadilhas as verdades que disseste

E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,

e refazê-las com o bem pouco que te reste.

 

Se és capaz de arriscar numa única parada,

tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.

E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,

resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,

a dar seja o que for que neles ainda existe.

E a persistir assim quando, exausto, contudo,

resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

 

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,

e, entre Reis, não perder a naturalidade.

E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,

se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,

ao minuto fatal todo valor e brilho.

Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,

e – o que ainda é muito mais – és um Homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling (1865-1936)

Tradução de Guilherme de Almeida

Biografia

emma_lazarusEmma Lazarus foi uma poeta norte-americana nascida na cidade de Nova Iorque. É de sua autoria o soneto ‘The New Colossus’ (O Novo Colosso), escrito em 1883, e, em 1912 gravado na placa de bronze colocada no pedestal da Estátua da Liberdade em Nova Iorque.

Emma era a quarta dos sete filhos de Moshe Lazarus e Esther Nathan, judeus sefarditas cujas famílias, originalmente de Portugal, haviam se assentado em Nova Iorque desde o período colonial. O fato de seu pai ter sido um próspero negociante de açúcar aponta para os seus ancestrais do século XVII que, vindos dos Países Baixos, assentaram-se na província de Pernambuco, Brasil, onde se ocuparam na produção de açúcar de cana. Após terem sido escorraçados do Brasil, um grupo resolveu ir para os Estados Unidos. Na viagem, eles foram feitos prisioneiros pelos espanhóis, quando aportaram na Jamaica, mas conseguiram escapar com a ajuda de franceses. O grupo de 23 pessoas, adultos e crianças, embarcou no Sainte Caterine, considerado o “Mayflower Judeu”, e chegou à Nova Amsterdã em 1654(1).

Emma cresceu em Nova Iorque e em Newport, Rhode Island, e foi educada em casa por professores particulares com quem ela estudou mitologia, música, poesia norte-americana, literatura europeia, alemão, francês, e italiano. Seus poemas e suas traduções, escritos quando tinha entre quatorze e dezessete anos, foram publicados por seu pai em 1866, quando ela tinha dezessete anos. Os escritos de Emma atraíram a atenção de Ralph Waldo Emerson, com quem ela correspondeu até a morte deste, em 1882. Em 1884, Emma adoeceu, muito provavelmente devido a um linfoma de Hodgkins, e morreu três anos depois, quando tinha apenas 38 anos de idade. Sua morte mereceu um obituário no The New York Times. Emma Lazarus foi enterrada no cemitério Beth-Olom no bairro do Brooklyn em Nova Iorque.

Carreira Literária

Emma Lazarus escreveu poesias e editou muitas adaptações de poesias alemãs, notavelmente as de Johann Wolfgang von Goethe e Heinrich Heine. Ela também escreveu um romance e duas peças teatrais. Seu soneto ‘The New Colossus’ (O Novo Colosso) inspirou sua amiga Rose Hawthorne Lathrop a fundar a Irmandade Dominicana de Hawthorne. Os muitos amigos de Lazarus se esforçaram para que o soneto dela fosse gravado no pedestal da Estátua da Liberdade o que se deu 25 anos depois de sua morte.

Emma Lazarus começou a interessar-se pela sua ancestralidade judia depois de ter lido o romance de George Eliot, Daniel Deronda, e quando ela tomou conhecimento dos pogroms na Rússia, ocorridos após o assassinato do czar Nicholas II, em 1881. Como resultado dessa violência antissemita, milhares de judeus asquenazitas da província russa do Pale(1) emigraram para Nova Iorque. Isso levou Lazarus a escrever artigos sobre o assunto, bem como o poema que lhe trouxe a maior fama enquanto era viva, ‘Song of a Semite’ (Canção de um Semita) (1882). Nessa altura, Lazarus começou a advogar em favor de refugiados judeus indigentes e ajudou a estabelecer o Instituto Técnico Hebraico em Nova Iorque, o qual tinha como propósito fornecer treinamento vocacional, a fim de ajudar os imigrantes judeus pobres a tornarem autossuficientes.

Ela viajou duas vezes para a Europa, primeiro em 1883 e depois de 1885 a 1887. Ao final da sua segunda viagem, retornou à cidade de Nova Iorque gravemente enferma e morreu dois meses depois, em 19 de novembro de 1887, muito provavelmente do linfoma de Hodgkin’s.

Emma Lazarus notabilizou-se ainda uma importante precursora do movimento Sionista. Ela defendeu a criação de um Estado judeu, 13 anos antes de Theodor Herzl ter começado a usar o termo Sionismo.

Obra Selecionada de Emma Lazarus:

Admetus and Other Poems (1871);

Alide: An Episode of Goethe’s Life (1874);

Emma Lazarus: Selections from Her Poetry and Prose. Edited by Morris Schappes (1944);

Poems and Ballads of Heinrich Heine (1881);

Poems and Translations: Written Between the Ages of Fourteen and Sixteen (1866);

The Poems of Emma Lazarus. 2 vols. (1888);

Songs of a Semite: The Dance to Death and Other Poems (1882);

The Spagnoletto (1876). Lazarus, Emma (1888). The Poems of Emma Lazarus. Houghton, Mifflin and Company.

Fontes:

Fonte1: http://www.poemhunter.com/emma-lazarus/biography/

Fonte2: http://jwa.org/encyclopedia/article/lazarus-emma

Fonte3: https://openlibrary.org/publishers/Office_of_%22The_American_Hebrew,%22

(Na Fonte 3, Emma Lazarus – 93 Poems, in PDF)

 

Notas

  1. Os ancestrais de Emma Lazarus eram judeus portugueses que, após o Edito de Expulsão de 1498, foram primeiramente para a França e, de lá, para os Países Baixos, antes de se aventurarem ir para o Brasil, indo, primeiro, para a Bahia, e em seguida, para Pernambuco. Embora a chegada da Inquisição no Brasil seja frequentemente aceita como sendo o principal motivo pelo qual esses bem sucedidos colonizadores tiveram que deixar o Brasil, a história real de sua perseguição tem diversos elementos. Um desses elementos é o período de 60 anos, entre 1580 e 1640, quando Portugal foi incorporado ao Império Espanhol (de Felipe II), o qual incluía as províncias do sul dos Países Baixos, incorporadas em 1556. Um segundo elemento é o fato de que os holandeses tinham a economia mais bem sucedida da Europa na época, o que incluía as suas ligações comerciais com os colonizadores luso-holandeses de Pernambuco. O terceiro elemento está na inveja da prosperidade financeira dos luso-holandeses por parte dos proprietários de terra luso-brasileiros. E, finalmente, há o uso de duas cartas marcadas: a carta da religião e a carta do nacionalismo, a primeira ligada à delação à Inquisição, e a segunda a incitar revoltas populares.

Fontes:

  • Assis, Angelo Adriano Faria de (2010). A Torá na Terra de Santa Cruz. Revista de História da Biblioteca Nacional, 58, Julho 2010: 18-20.
  • Silva, Leonardo Dantas (2010). A comunidade do arrecife. Revista de História da Biblioteca Nacional, 58, Julho 2010: 22-23.
  • Time Maps: http://www.timemaps.com/history/low-countries-1648ad
  1. A palavra inglesa ‘Pale’ foi tomada emprestada do termo usado para a colônia inglesa na Irlanda do Norte, cujas terras ‘além do Pale’ eram consideradas a ‘Irlanda selvagem’. A província do Pale é chamada em russo cherta postoiannogo zhitel’stva evreev.Reconhecimentos
  2. Compilação: Joaquina Pires-O’Brien (UK)

Revisão: Débora Finamore (Brasil)

 *** 

Quatro poemas de Emma Lazarus

The New Collosus

Not like the brazen giant of Greek fame,

With conquering limbs astride from land to land;

Here at our sea-washed, sunset gates shall stand

A mighty woman with a torch, whose flame

Is the imprisoned lightning, and her name

Mother of Exiles. From her beacon-hand

Glows world-wide welcome; her mild eyes command

The air-bridged harbor that twin cities frame.

‘Keep, ancient lands, your storied pomp!’ cries she

With silent lips: ‘Give me your tired, your poor,

Your huddled masses yearning to breathe free,

The wretched refuse of your teeming shore.

Send these, the homeless, tempest-tost to me,

I lift my lamp beside the golden door!’

 

Spanish version

El Nuevo Coloso

No como el gigante de bronce de la fama griega

De conquistadores miembros a horcajadas de tierra a tierra;

Aquí en nuestras puertas del ocaso bañadas por el mar, se yergue

Una poderosa mujer con una antorcha, cuya llama

Es el relámpago aprisionado, y su nombre,

Madre de los exiliados. Desde su mano de faro

Brilla la bienvenida para todo el mundo; sus apacibles ojos dominan

El puerto de aéreos puentes que enmarcan las ciudades gemelas,

“¡Guarden, antiguas tierras, su pompa legendaria!” grita ella

Con silenciosos labios. “Dame tus cansadas, tus pobres,

Tus hacinadas multitudes anhelantes de respirar en libertad,

El desdichado desecho de tu rebosante playa,

Envía a estos, los desamparados que botó la ola, a mí

¡Yo alzo mi lámpara detrás de la puerta dorada!”

Traducción: Joseph Eskanazi Pernidji

 

Portuguese version:

O Novo Colosso

Não como o gigante bronzeado de grega fama,

Com pernas abertas e conquistadoras a abarcar a terra

Aqui nos nossos portões banhados pelo mar e dourados pelo sol, se erguerá

Uma mulher poderosa, com uma tocha cuja chama

É o relâmpago aprisionado e seu nome

Mãe dos Exílios. Do farol de sua mão

Brilha um acolhedor abraço universal; Os seus suaves olhos

Comandam o porto unido por pontes que enquadram cidades gémeas.

“Mantenham antigas terras sua pompa histórica!” grita ela

Com lábios silenciosos “Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,

As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade

O miserável refugo das suas costas apinhadas.

Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,

Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado.

Tradução: Nuno Guerreiro Josué

 

1492

Thou two-faced year, Mother of Change and Fate,

Didst weep when Spain cast forth with flaming sword,

The children of the prophets of the Lord,

Prince, priest, and people, spurned by zealot hate.

Hounded from sea to sea, from state to state,

The West refused them and the East abhorred.

No anchorage the known world could afford,

Close-locked was every port, barred every gate.

Then smiling, though unveil’dst. O two-faced year,

A virgin world where doors of sunset part,

Saying, “Ho all who weary, enter here!

There falls each ancient barrier that the art

Of race or creed or rank devised, to rear

Grim bulwarked hatred between heart and heart!”

Life and Art

Not while the fever of the blood is strong,

The heart throbs loud, the eyes are veiled, no less

With passion than with tears, the Muse shall bless

The poet-sould to help and soothe with song.

Not then she bids his trembling lips express

The aching gladness, the voluptuous pain.

Life is his poem then; flesh, sense, and brain

One full-stringed lyre attuned to happiness.

But when the dream is done, the pulses fail,

The day’s illusion, with the day’s sun set,

He, lonely in the twilight, sees the pale

Divine Consoler, featured like Regret,

Enter and clasp his hand and kiss his brow.

Then his lips ope to sing–as mine do now.

 

Echoes

Late-born and woman-souled I dare not hope,

The freshness of the elder lays, the might

Of manly, modern passion shall alight

Upon my Muse’s lips, nor may I cope

(Who veiled and screened by womanhood must grope)

With the world’s strong-armed warriors and recite

The dangers, wounds, and triumphs of the fight;

Twanging the full-stringed lyre through all its scope.

But if thou ever in some lake-floored cave

O’erbrowed by rocks, a wild voice wooed and heard,

Answering at once from heaven and earth and wave,

Lending elf-music to thy harshest word,

Misprize thou not these echoes that belong

To one in love with solitude and song.

 

Citação:

Pires-O’Brien, J., compiladora. Emma Lazarus (1849-1887). PortVitoria, Beccles, UK, v.11, jul-dec, 2015. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com