Inspiring poems by William E Henley(1849-1903), George Crabbe (1754-1832), Fernando da Mota Lima (1948-), Titus Lucretius Carus (ca. 99 BCE – ca. 55 BCE) and an unknown poet

Invictus
William E Henley (1849-1903)

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu – eterno e espesso,
A qualquer deus – se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei – e ainda trago
Minha cabeça – embora em sangue – ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Tradução: André C S Masini, 2000

Invictus
William Ernest Henley (1849-1903)

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Reflexões
George Crabbe (1754-1832)
Quando todas as paixões intensas se apagarem
(Com as glórias e as desgraças da mocidade);
Quando a alma iludida, agora em paz,
Conseguir ouvir a voz da verdade;
Quando finalmente aprendermos em quem confiar,
E como compartilhar, gastar, dar,
(Quando a nossa prudência se tornar benevolente
e a nossa compaixão justa,)
Aí então é que poderemos de verdade aprender a viver.

Tradução: JPO, 2010

Reflections
George Crabbe, 1807
When all the fiercer passions cease
(The glory and disgrace of youth);
When the deluded soul, in peace,
Can listen to the voice of truth;
When we are taught in whom to trust,
And how to spare, to spend, to give,
(Our prudence kind, our pity just,)
‘Tis then we rightly learn to live.

Maturidade
Fernando da Mota Lima.
Dentro da névoa do tempo
Luz que a memória refrata
Nando, eu te via menino
E ainda menino resistes.
Embora os anos moventes
Ruga e fadiga germinem
Os tons mais vagos e tristes
Não turvam no céu de prata
Teus reinos intransparentes.

Estranho de mim tão fora
És outro que me pensei
És o que eu quis, que não sei
Minha vertigem das horas.
E o pai que nunca te dei
A mãe que te abandonei
A infância que te neguei
Quem sabe te dei agora.
Ou pelas vias mais tortas
Rangendo em estreitas portas
Eu te seguia e salvava
Cais onde tarde ancoravas
Até que, remos refeitos,
Ao mar de novo te davas.

Já não me pesam teus anos
A irrazão dos teus planos
Tua paixão insensata.
Os anos, seguidos anos
Já não escorrem sedentos
Vaga poeira que aos ventos
Tão futilmente sopravas.
Se agora medes, sopesas
A vida devir finito
E filtras no metro estrito
O sumo mais delicado
É que outro modo aprendeste
Cerzindo o ser que fizeste
Das sobras de teu legado.
E já não culpas o mundo
Nem dele me dás notícia
Além do sopro que conta
Além do azul constelado.
O resto (os anos ensinam)
O resto, essa fúria tonta
É zero que não se conta
Se não por zero vivido.

Resta o amor. Mas aonde
Em que reserva se esconde
E tanto te põe à prova?
Que sopro na lua nova
Ou clepsidra minguante
Na treva larga e fundante
Essa manhã te anuncia?
Quem sabe não me iludia
A luz que acaso te ilude
E a luz é apenas um dia
Como os vividos e gastos
Nos anos acumulados?
Quem sabe o amor foi ou era
E as luzes de primavera
São pastos irreversíveis.

E entanto resta o amor
O amor memória ou espera.
E a clepsidra lunar
Dissolve os dias no mar
Que te dissipas boiando
(teu poço, ataraxia).
Talvez no curso de tudo
No lento passar de tudo
A vida seja esse dia
O dia assim repetido
Trote de mediania.
Então restaria apenas
O amor memória, a suprema
Sobra no estoque dos dias
E anulação da espera.
O amor devir é o que era
Retendo no fundo a hera
dos muros já repassados.
E ao cabo, Nando, és menino
Badalo de um velho sino
Fundindo no fim da tarde
A luz que na infância arde
Na treva do dia findo.

Recife, 3 de outubro de 1999

On the Nature of the Universe
Titus Lucretius Carus (ca. 99 BCE – ca. 55 BCE)
Roman Poet and Philosopher

…Therefore this terror and darkness of the mind
Not by the sun’s rays, nor the bright shafts of day,
Must be dispersed, as is most necessary,
But by the face of nature and her laws.

We start then from her first great principle
That nothing ever by divine power comes from nothing.
For sure fear holds so much the minds of men
Because they see many things happen in earth and sky
Of which they can by no means see the causes,
And think them to be done by power divine.
So when we have seen that nothing can be created
From nothing, we shall at once discern more clearly
The object of our search, both the source from which each thing
Can be created, and the manner in which
Things come into being without the aid of gods.

Learning
Unknown Poet
After a while you learn the subtle difference
Between holding a hand and chaining a soul,
And you learn that love doesn’t mean leaning
And company doesn’t mean security.
And you begin to learn that kisses aren’t contracts
And presents aren’t promises
And you begin to accept your defeats
With your head up and your eyes open
And with the grace of an adult, not the
Grief of a child.
And you learn to build all your roads on today
Because tomorrow’s ground is too uncertain
For your plans.
After a while you learn that even sunshine
Burns if you get too much.
So plant your own garden and decorate
Your own soul – instead of waiting for
Someone to bring you flowers.
And you will learn that you really can endure,
That you really are special.
And that you really do have worth.
So live to learn and know yourself.
In dong so, you will learn to live.