Francisco Gijon

Between the VI and the V centuries BCE the panorama that the peoples from the East and the South of the Iberian Peninsula offered is the following: the kingdom of the Tartessians is no longer in existence. The Phoenicians finally managed to control the commerce of minerals, after having suppressed the Greek competence in the area of the Straight. To prevent that a new unitarian monarchy could repeat in the future the challenge that the Tartessians inflicted upon them in the past, the Phoenicians fomented the dismemberment of the kingdom into small principalities, whose collaboration they sought and stimulated individually by making them compete amongst themselves.

The Carthaginians, ethnic brothers of the Phoenicians, blocked to the Greeks the Mediterranean routes of the West through the creation of a maritime empire which would be supported in some places of the southern Hispanic coast and in the North African coast, in the isles of Ibiza, in Cerdagne and in Sicily, and naturally, Carthage. The Greeks from Massalia (Marseilles), who were focenses, would centre their interests in the Levantine region, the only one which they had access to by land and by sea. Its influx was quickly felt by the population of the Spanish Levant. Little by little, the kinglets of the Guadalquivir valley felt attracted to the advantages that the commerce with the Greeks offered to them. And it was this way, and not by any other way, that the so-called Iberian cultural circle began to crystallize.

The Greek authors called ‘Iberians’ the peoples of the South and of the Levant of our Penninsula, in order to distinguish them from the peoples of the interior, whose culture was different in every aspect. However, the range occupied by the true Iberians was much smaller. As a reference point, in spite of the anachronism, we should locate the Hercules Way, an ancient road that bordered the Gulf of Lion and the Levantine coast; from Italy it ran through Marseille and entered into the Guadalquivir valley. The legends, always Greeks, attributed its construction to Hercules, but this is a different story.

The place which one day would become the Low Languedoc and Roussillon, were inhabited by the Iberian Misegete tribes, that is, mestizos, for from what it appears, they were formed by a mixture of the local population, of Celtiligurian peoples and proper Iberians from the South, as a reflux caused by a previous penetration of the Celts in their territories. What is certain is that the Iberian presence in the South of France was confirmed during the discovery of the Montlaurés and Ensérune archaeological stations.

On the Mediterranean side of the Pyrenees, it is documented the existence of the Ceretans, who gave their name to the county of Cerdagne. The near side was settled by other tribes who left the footprint of their names in the region’s toponyms. Thus, the Castilians, the Andosins (Andorra valleys), the Airenosins (Aran valley), and the Jacetans (of Jaca). In the remaining of Cataluña lived other tribes, some of them properly Iberians, such as the Indigetes, the Layetans or the Cesetans, these last in the area of Tarragona. But there were also non-Iberian peoples, such as the Ausetans (in the area of ‘Vich’ or Barcelona) and the Bergistans (Berga and Barcelona). In the county of Tortosa, near the mouth of the Iberus (the Ebro), lived the Ilercaonnians, related, apparently, to other tribes from the interior such as the Ilergeteans (of Lerida, then called Ilergetania or Ilerda) owners of the Aragonian lands on the left bank of the Ebro river and the plains of Urgel.

On the Castellón plane and in Valencia lived the Edetans (Edeta corresponds to the present Liria). Further South, the Contestans would occupy the territory between the Jucar and the Segura rivers, snatched away, from what it seems, from the older Gimnetes settlers.

On the other side of the Segura river began the territory that in ancient times rotated around the Tartessians. The Mastiens, between the rivers Segura and Almeria, the Bastetans and the Bastuloes, subgroups with a common trunk who settled in Almeria and Granada and with a capital in Basti (nr. Baza), and the Oretans, mountain peoples who inhabited the current Jaen province.
The Curetans appear to have occupied the Despenhaperros region and the Auringis (New Jaen) region, and in the borders with the Bastetans, lived the Maesesseans. In the Guadalquivir river basin lived the Etmaeans and the Ileates in the zone between Córdoba and Seville, outflanked in the North by the Cempesians, of a Celt majority, which extended until the Guadiana river. As for the Turdetans, it is thought that they were settled in the areas of Seville and Cádiz, home of the old Tartessians. Their relatives, the Turdules, on the mountainous periphery zone of the Turdetan country. Towards West, many other peoples occupied the zones of the Algarve.


Francisco Gijon is the author of several history books, including Historia antigua de las Españas, from where this article was extracted.

Note
© Francisco Guijon
http://ordorenascendi.blogspot.co.uk/2011/07/la

Translated by: Joaquina Pires-O’Brien

How to cite this article:

Gijon, F. (2014). Who were the Iberians? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Francisco Gijon

Entre os séculos VI e V a.C. o panorama que os povos do Leste e do Sul da Península Ibérica oferecem é o seguinte: o reino dos tartessos1 já não existe. Os fenícios finalmente conseguiram controlar o comércio de minérios, após terem suprimido a competência grega na área do Estreito. Para impedir que no futuro uma nova monarquia unitária repetisse o desafio que os tartessos lhes haviam lançado no passado, os fenícios fomentaram, sim, o desmembramento do reino em pequenos principados, cuja colaboração buscariam em separado e estimulariam fazendo-os rivalizarem-se entre si.

Os cartagineses, irmãos de raça dos fenícios, bloquearam aos gregos as rotas mediterrâneas do ocidente mediante a criação de um império marítimo que se apoiaria em alguns locais do litoral meridional hispânico e norte-africano, nas ilhas de Ibiza, Cerdanha e Sicília e, naturalmente, em Cartago. Os gregos de Massalia (Marselha), que eram focenses, centrariam os seus interesses na região levantina, a única à qual tinham acesso por terra e por mar. O seu influxo se fez sentir pronto na população do levante espanhol. Pouco a pouco, os régulos do vale do Guadalquivir se sentiriam atraídos pelas vantagens que lhes oferecia o comércio com os gregos. E assim, e não de outro modo, começaria a cristalizar o denominado círculo cultural ibérico.

Os autores gregos chamaram de ‘iberos’ os povos do sul e do levante da nossa Península, para distingui-los dos povos do interior, cuja cultura era diferente em todos os aspectos. Entretanto, o âmbito ocupado pelos verdadeiros iberos era muito mais reduzido. Como ponto de referência, apesar do anacronismo, deveríamos situar a ‘via Hercúlea’, um antigo caminho terrestre que, desde a Itália, passava por Marselha, bordeava o golfo de Leão e a costa levantina, e penetrava no vale do Guadalquivir. As lendas, sempre gregas, atribuíam a Hércules a sua construção, mas isso é farinha de outro saco.

Aquilo que um dia seria o baixo Languedoc e Rossilhão era habitado por tribos ibéricas miscigenadas, isto é, de mestiços, pois ao que parece, eram formados por uma mistura da população local, celtoligúrica, e povos propriamente ibéricos vindos do sul, como um refluxo suscitado por uma anterior penetração dos celtas em seus territórios. O certo é que a presença ibérica no sul da França foi confirmada quando do descobrimento das estações arqueológicas de Montlaurés e Ensérume.

Nas encostas mediterrâneas dos Pireneus está documentada a existência dos ceretanos, que deram o seu nome ao município da Cerdanha. No lado de cá, assentaram-se outras tribos que deixaram o rastro de seus nomes nos topônimos da região. Assim, os castelhanos, os andosinos (dos vales de Andorra), os airenosinos (do vale do Aram), e os jacetanos (de Jaca). No resto da Catalunha habitavam outras tribos, algumas delas propriamente ibéricas, como os indígetes, os layetanos e os cesetanos, estes últimos na área de Tarragona. Mas também havia outras populações não ibéricas, como os ausetanos (zona de ‘Vichi’ ou Barcelona) e os bergistanos (Berga e Barcelona). Na comarca de Tortosa, junto à desembocadura do Íberus (o Ébrio), viviam os ilercões, aparentados, aparentemente, a outras tribos do interior como os ilergetes (de Lérida, então chamada Ilerda) donos das terras aragonesas da margem esquerda do rio Ébrio e das planície de Urgel.

Na planície castelonense e em Valência, estavam os edetanos (Edeta corresponderia à atual Liria). Mais ao sul, os contestanos ocupariam o território compreendido entre os rios Júcar e Segura, arrebatados, ao que parece, aos mais antigos colonizadores gimnetanos.

No outro lado do rio Segura, começava o território que antigamente girava em torno dos tartessos. Seus ocupantes posteriores foram os mastienos, entre os rios Segura e Almeria, os bastetanos, e os bástulos, subgrupos de um tronco comum radicado em Almeria e Granada e com sede em Basti (Baza), e os oretanos, montanheses que habitavam a atual província de Jaén.
Os curetes parecem haver ocupado a região de Despenhaperros e a região de Auringis (Jaem Novo), e nos confins com os bastetanos, habitavam os maesesses. Na bacia do Guadalquivir viviam os etmeanos e os ileates na zona entre Córdoba e Sevilha, deslocados ao norte pelos cempesos, de maioria céltica, que se estenderiam até o rio Guadiana. Quanto aos turdetanos, supõe-se que eram assentados nas terras de Sevilha e Cádiz, a antiga morada dos tartessos. Os seus afins, os túrdulos, viviam na zona periférica montanhosa da área turdetana. Para o ocidente, muitos outros povos ocupavam as zonas do Algarve.
_________________________________________
Francisco Guijon é autor de diversos livros de história, incluindo Historia antigua de las Españas, de onde este artigo foi extraído.
© Francisco Guijon
http://ordorenascendi.blogspot.co.uk/2011/07/la

Notas
1.Tartessos (Τάρτησσος) era o nome pelo qual os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente. Herdeiros da cultura megalítica andaluza, que se desenvolveu no triângulo formado pelas atuais cidades de Huelva, Sevilha e Cádiz, os tartessos desenvolveram uma língua e escrita distintas das dos povos vizinhos e tiveram influências culturais de egípcios e fenícios. Estão perfeitamente documentados povoados ao longo do vale do Guadalquivir. A sua provável capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje ocupa o porto de Santa Maria, na desembocadura do Guadalete. Provavelmente, a cidade e a civilização já existiam antes de 1000 a.C., dedicadas ao comércio, à metalurgia e à pesca. A posterior chegada dos fenícios, talvez tenha estimulado o seu imperialismo sobre as terras e cidades ao seu redor, a intensificação da exportação das minas de cobre e prata. Os tartessos converteram-se nos principais provedores de bronze e prata do Mediterrâneo. A sua forma de governo era a monarquia, e possuiam leis escritas em tábuas de bronze. No século VI a.C., o reino dos tartessos desaparece abruptamente da História, seguramente varrido por Cartago.

Fonte: http://saber.sapo.pt/wiki/Povos_ib%C3%A9ricos_pr%C3%A9-romanos

Tradução de: Joaquina Pires-O’Brien

Como citar este artigo:
Gijon, F. (2014). Quem eram os iberos? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Francisco Gijon

Entre el siglo VI y el V a. de C. el panorama que ofrecen los pueblos del Este y del Sur de la Península Ibérica es el siguiente: el reino de Tartessos ya no existe. Los fenicios han conseguido controlar, por fin, el comercio de minerales, tras haber suprimido la competencia griega en el área del Estrecho. Para impedir que en el futuro una nueva monarquía unitaria repitiese el desafío que Tartessos les lanzara en el pasado, los fenicios fomentaron, sí, la desmembración del reino en pequeños principados, cuya colaboración buscarían por separado y estimularían haciéndoles rivalizar entre sí.

Los cartagineses, hermanos de raza de los fenicios, taponaron a los griegos las rutas mediterráneas de occidente mediante la creación de un imperio marítimo que se apoyaría en algunas plazas del litoral meridional hispánico y norteafricano, en las islas de Ibiza, Cerdeña y Sicilia y, desde luego, en Cartago. Los griegos de Massalia (Marsella), focenses ellos, centrarían sus intereses en la región levantina, única a la que tuvieron acceso por tierra y por mar. Su influjo se hizo sentir pronto en la población del levante español. poco a poco, los régulos del valle del Guadalquivir se sentirían atraídos por las ventajas que les ofrecía el comercio con los griegos. Y así y no de otro modo, comenzaría a cristalizar el denominado círculo cultural ibérico.

Los autores griegos llamaron íberos a las gentes del sur y del levante de nuestra Península para distinguirlos de los pueblos del interior, cuya cultura era a todas luces diversa. Sin embargo, el ámbito ocupado por los verdaderos íberos era mucho más reducido. Como punto de referencia, a pesar del anacronismo, deberíamos situar la “Vía Hercúlea”, un antiguo camino terrestre que, desde Italia, pasaba por Marsella, bordeaba el golfo de León y la costa levantina y penetraba en el valle del Guadalquivir. Las leyendas, siempre griegas, atribuían a Hércules su apertura, pero eso es harina de otro costal.

En lo que un día sería el bajo Languedoc y Rosellón habitaban las tribus ibéricas de los misgetes, es decir, de los MESTIZOS, pues al parecer estaban formados por una mezcla de población local, celtoligur y de gentes propiamente ibéricas llegadas del sur, como reflujo suscitado por la anterior penetración de los celtas en sus territorios. Lo cierto es que la presencia ibérica en el sur de Francia se ha visto confirmada al descubrirse las estaciones arqueológicas de Montlaurés y Ensérune.

En las estribaciones mediterráneas del Pirineo se documenta la existencia de los ceretanos, que dieron su nombre a la comarca de la Cerdaña. Al lado de acá se asentaron otras tribus que han dejado rastro de sus nombres en los topónimos de la región. Así, los castellanos, los andosinos (valles de Andorra), los airenosos (valle de Arán), y los jacetanos (Jaca). En el resto de Cataluña habitaban otras tribus, algunas de ellas propiamente ibéricas, como los indigetes, los layetanos o los cesetanos, estos últimos en el área de Tarragona. Pero también hubo otras poblaciones no ibéricas, como los ausetanos (zona de Vich) y los bergistanos (Berga, Barcelona). En la comarca de Tortosa, junto a la desembocadura del Íberus (o Ebro), vivían los ilercaones, emparentados, al parecer, con otras tribus del interior como los ilergetes (de Lérida, llamada Ilerda) dueños de las tierras aragonesas de la margen izquierda del Ebro y de los llanos de Urgel.

En la Plana castellonense y en Valencia estaban los edetanos (Edeta correspondería a la actual Liria). Más al sur, los contestanos ocuparían el territorio comprendido entre el Júcar y el Segura, arrebatadas al parecer a los más antiguos pobladores gimnetes.
Al otro lado del río Segura comenzaba el territorio que antaño habría girado en torno a Tartessos. Los mastienos, entre el Segura y Almería, los bastetanos y los bástulos, subgrupor de un tronco común radicaro en Almería y Granada y con sede en Basti (Baza)… y los oretanos, montañeses que habitaban la actual provincia de Jaén.

Los curetes parecen haber ocupado la región de Despeñaperros y en la regón de Auringis (Jaén de nuevo) y en los confines con los bastetanos, habitaban los maesesanos. La cuenca del Guadalquivir la ocuparon los etmaneos y los ileates la zona entre Córdoba y Sevilla, flanqueados al norte por los cempesos, de mayoría céltica, que se extenderían hasta el Guadiana. A los turdetanos se les supone asentados en tierras de Sevilla y Cádiz, en el antiguo solar de Tartessos. Sus afines, los túrdulos, en la zona periférica montañosa del área turdetana. Hacia occidente, otros muchos pueblos ocupaban las zonas del Algarve.
____________________________________________________________________________
Francisco Guijon es autor de diversos libros de historia, incluyendo Historia antigua de las Españas, de donde esto artigo fue extraído.

© Francisco Guijon
(http://ordorenascendi.blogspot.co.uk/2011/07/la

Cómo citar este artigo:
Guijon, F. (2014). ¿Quiénes eran los iberos? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Fernando R. Genovés

A brief memorandum of postmodernism, the self-deemed ‘weak’ and ‘pragmatic’ countercultural movement, which aspired amazingly to destroy idols, grand narratives, principles and gods, and ended up consumed by its own iconoclastic fever*
1
Who speaks of postmodernism today? Who takes seriously this neo-countercultural movement of construction and deconstruction, that animated by a variety of means of communication, managed to monopolize the attention of so many academics and teachers across Europe and America? What became of this intellectual new fashion of the last decades? The impulse and the purpose that propelled it, more than fruitful and constructive, were by nature hypercritical and destructive, presumptuous demolishers of tradition, no matter what kind. It managed, nevertheless, to exert a noteworthy influence in the défait de la pensée, and perhaps for that reason, one deed ought to be recognised in it: having stupefied, by its own measure, the necessary work of reconstruction of rationality in the realm of philosophy and the social sciences, without which they survive as they can and with much hardship.

The project of countercultural deconstruction and demolition of the fundaments of reality remained in every aspect symbolized by one of the major emblems of postmodernism: the ‘weak thought’. In the present, it does not simply show the vigour and the strength that honour the presumed ‘weakness’ of its will and the objectives it defended. There isn’t, therefore, a contradiction or delusion here, nor could be, and, from what this suggests, this wouldn’t concern its masters and disciples either, or whatever remained of them. This is so for being a syllabus —the postmodern— which has denied precisely the same doctrinal base in the thought. By being postmodern, anyone could be generous and indulgent, altruist and compassionate, Thyrsian and Trojan, although never rational or liberal –in the classical sense–, as these are rather frowned up attitudes among innovative professors, lounge journalists, professional politicians and the uncritical public in general.

Built as a chain of opinion that impugned the principle of reality while at the same time it dissimulated the self-reference to the principle of pleasure, in the course of time, it suddenly crashed against the upright reality. And finally, from having established itself in a peculiar philosophy, disobedient of traditional logic, unwilling to hear about the principles of identity, noncontradiction and of the excluded middle, the ‘postmodern condition’ discovered, at last, by its own experience, the meaning of being and, especially, not being. Unreasonableness also creates monsters that end up destroying their ‘creator’ (as in Shelley’s Frankenstein) or their own children (as in Saturn depicted by Goya).
2
To define themselves so pragmatic and so weak, the postmoderns aspired not to leave stone upon stone on the current culture. In order to remind that in this irreverent and frivolous intellectual storm, nothing should be deemed holy, I propose, in the present paper, to recall the musings of Richard Rorty and Gianni Vattimo in The Future of Religion, title of a book compiled by Santiago Zabala (Paidós, Barcelona, 2006), whose subtitle is Solidarity, charity, irony (Solidaridad, caridad, ironía). It is nonetheless ironic, to read in this volume, how they pontificated about the future, those who wouldn’t have it.

Interpretation of interpretations, everything is interpretation. This is what they used to say. The weak and ‘postmodern’ thought constituted a programme that, deep down, was extremely ambitious (a post-revolutionary relic), which could dismiss any criticism with great skill for the falsification principle (of Karl Popper) didn’t even operate in their territory, such was their aversion to principles in general. They simply had an explanation for everything, because everything, as they argued, is a matter of opinion. In the ‘Era of Interpretation’, that would replace the ‘Era of Faith’ and the ‘Era of Reason’, doxa (belief) replaced episteme (knowledge) in the order of legitimacy, thus allowing it to becoming a kind of a new Theory of Three Stages (of Auguste Comte), although in an antipositivist version.

The general plan of postmodernism, through a series of editions, basically consisted in promoting cultural travesties of the models under suspicion, which were put under the spotlight, as new victims to be disfigured. The method was the most elemental: to take the place of the marked models and to leave them in a stand by situation, misplaced and displaced: you get out so that I can come in. Such a feat is known by the term ‘empathy’, an emotional tendency that is supposedly very solidary and compassionate, although totally devoided of irony.

The referred strategy, although presumably transforming and ground-breaking, is very ancient. It works by entering (infiltrating oneself) inside the structures believed to be ‘decadent’ in order to ‘transform them’, in a Marxist or post Marxist lingo, and thus to readapt them using new terminology and imagery, to the desired new objective. The organizations, movements and institutions, which deep down are known to be weak (because they are), it is convenient for them to avoid the direct confrontation, the wrestling with the superior adversary. Other more convoluted tactics serve the same function of replacement, for example, the patient labour of burrowing that in the end undermines the defence and the resistance of the strong; the intellectual poisoning, in small doses, of the adversary; duplicity, deception and fraud; stubbornness and tenacity; propaganda and repetition. However, the main purpose of the deconstruction was the demoralization of the opponent (and, by extension, of society), a new version of the transvaluation of the values (Friedrich Nietzsche) reduced to a ‘weak’ and denaturalized pedestrian version.
3
In the so called ‘post metaphysical era’, whose existence and circumstances only the very experts could give faith, reason was an idol to be toppled. Such purpose was proclaimed in the name of nothing less than rationality. Gianni Vattimo, for example, who is not that naive to reject rationality wholesale, accepts —what’s the alternative— the ‘hermeneutic rationality’, that is, that which situates the debate in the exclusive terrain of interpretation, where there would be no other facts other than the linguistic ones. And such desideratum must be understood as a fatum (fate, fatality fatuity), and never as a factum (fact).

Richard Rorty, wouldn’t be any less, does not have anything against rationality either, provided that ‘rationality is identified with the effort to reach an intersubjective universal consensus and the truth is a result of such effort’. And what we said about reason and rationality, should apply to other projects in the process of reconversion or cultural transformation, such as: ‘dialogue’, ‘consensus’, ‘interpretation’, ‘universal’, ‘nihilism’, ‘democracy’, and, why not, ‘solidarity, charity, irony’, the notions that appear selected in the subtitle of the mentioned book.

It is indeed portentous in this case that such initiative —the ‘postmodern one’— took (in vain) Nietzsche as one of its inspirers, prophets and legitimizers. Precisely Nietzsche, the philosopher who dissected with the precision of a (skilled) surgeon the carrion of resentment! Or precisely for that reason… Here we have a model application of the transformation that we just showed to be typical of the postmodern procedure. The complete appropriation of Nietzsche’s philosophy was, in the end, little more than a conceptual makeup, retouch and readjustment based on a few phrases which were ad hoc selected with the objective to compose an interrupted discourse, and which pretended to be tempestuous and post-revolutionary, typical of the New Era. And with the adages arranged in compliance with the post revolutionary manual of substitutions, they were hung (as a joke) in the shoulders of the solitary of Sils-Maria so that he would carry the cross of ‘postmodernity’. As in Nietzsche’s ecce homo…

In reality, the promotion urbi et orbe of a ‘postmodern Nietzsche’ (this was also done to many other classic authors) was made possible thanks to the peculiar (and highly opinionated) interpretations of the work of the German philosopher, first by Gilles Deleuze and Michel Foucault, and later by Jacques Derrida and Gianni Vattimo, among those in the vanguard of the postmodern brotherhood. I won’t enter into arguments over truth by correspondence to see who is ‘right’! For the case, fortunately, is closed.
At this stage I limit myself to highlight the impertinence of certain language games carried out at the expense of an author —Friedrich Nietzsche—, who, from master of aphorisms, was transformed indiscriminately into a Nazi beacon, a fierce anti-Semite, a leader of situationism, an ideologue of anarchism or the champion of ‘postmodernism’, often with succession and continuity. Whether one or other circumstance would occur, or all of them at the same time, it suited the interpreter on the shift, to rescue only determinate aphorisms from the hundreds that the philosopher from Röcken wrote, some of which, for certain, very susceptible to any class of interpretation (let us recall, however, the high volume of literature produced around the famous expression ‘red beast’, one among the many that Nietzsche wrote in The Genealogy of Morality).

If there were no punches at the time when Nietzsche was made into the paladin of nihilism and ‘weak thought’, how could one find it strange that Rorty and Vattimo doubted at the time of reconverting, transforming, or better even, displacing God, by striking, without a second thought, against the ‘fundamentalism’ in the Christian religion, but only in the Christian religion, as if ‘Christian fundamentalism’ was a current subject and the most worrisome of the real fundamentalisms that exist? Here lays the central theme of the book The Future of Religion, or how to make Christianity go through the ‘weak thought’ crusher and convert it into a battering ram (and at the same time into a victim) of the deconstructionist project**. Let us reiterate, in a few steps, the plan proposed there:

1. To make of the previous Creator of the world, simply and coherently, a ‘weak God’, the justification for which being limited to the citation of a few and conveniently chosen biblical verses. For example, this one of Saint Paul: ‘For when I am weak, then I am strong’ (Corinthians, 12, 10).
2. God, in the religion of the future, will not be in Heaven but displaced. In the ‘postmodern condition’, God sees his power, or will of power, reduced to a human level, too human perhaps, until the point when —in an extremely audacious outburst of democratism and egalitarianism — he is converted into one more citizen, a comrade, a colleague, a ‘friend’, always in equal footing with the others in terms rights and duties. Nietzsche, undoubtable, treated the gods with much greater respect than his own purported interpreters.
3. In the ‘Era of Interpretation’, ‘true’ Christianity (not that which is ‘dogmatic’, ‘substantial’ or ‘metaphysical’), heads a list of more new age demands. In this new mission, it abandons those archaic and surpassed objectives (the missionary and the preaching, for example): ‘The non metaphysical religion is also a non missionary religion’), in order to adopt with fervour, and even to defend, the marriage of homosexuals, euthanasia, in vitro fertilization, abortion, use of condoms as preservatives, female priesthood and everything else that is necessary to go beyond good and evil, and beyond even atheism and theism.
4. The future of religion, according with Rorty and Vattimo, passes through the legitimization of the culture weakening mechanism, charging it to the account of Christianity itself. Once again, it is the so called Christian message, of the kind that denies ‘the principle of reality’ when, Paul again, states: ‘Where, O death, is your victory?’ (Corinthians, 15, 54-55), and at the same time blesses the ethics of the dialogue and limitless conversation as a source of understanding, consensus and practical truth, for instance, through this preaching: ‘For where two or three come together in my name, there am I with them’ (Mathew, 18, 20).

Well then, one could say that Rorty and Vattimo met (or conspired) in the name of the weak and postmodern God with the purpose of deciding about their joyful future, which is no other than their retirement pension… And we should presume, moreover, that He was there with both philosophers (a sacrilegious imitation of the Holy Trinity certifying with his presence and support the deconstruction of Christianity. Perhaps it is for this reason that they say with such confidence and coolness, for they take it for granted that thanks to the evangelical spirit, they will always have compassion or forgiveness: ‘Father, forgive them, for they do not know what they are doing’ (Lucas, 23, 33-34). And neither what they are saying.


Fernando Rodríguez Genovés is a writer, essayist, literary critic and movie analyst as well a professor of Philosophy currently on a voluntary leave of absence. Author of eleven books and several blogs, Dr Genovés is a founding member and habitual collaborator of El Catoblepas, a monthly magazine of contemporary criticism published since 2002.

Notes
* Version corrected and adapted to the new times of my text «Cristianismo deconstruido» [Christianity Deconstructed], a review of Richard Rorty and Gianni Vattimo’s book, El futuro de la religión. Solidaridad, Caridad. Ironía, Paidós, Barcelona, 2006, published in Anthropos. Revista, nº 217, «Especial Gianno Vattimo. Hemeneusis e historicidad», Barcelona, 2008, pp. 194-196.
** Following this project, can be cited others books by Gianni Vattimo: After the death of God, (coauthor, John D. Caputo), Edited by Jeffrey W. Robbins, Columbia University Press, 2006.; Christianity, truth, and weak faith (coauthor, René Girard), Edited by P. Antonello, Columbia University Press, 2009; Not being God: a collaborative autobiography (coauthor, Piergiorgio Paterlini), New York: Columbia University Press, 2009.”

Translation: Joaquina Pires-O’Brien (UK)

How to cite this article:
Rodríguez Genovés, F. What became of postmodernism and its deconstructive and iconoclast delusion? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Fernando R. Genovés

Breve memorando do pós-modernismo, o movimento contracultural autoqualificado ‘fraco’ e ‘pragmático’, o qual aspirou nada menos do que derrubar ídolos, grandes relatos, princípios e deuses, e acabou consumido pela sua própria febre iconoclasta*
1
Quem fala sobre o pós-modernismo hoje em dia? Quem leva a sério esse movimento neo-contracultural de construção e desconstrução, que conseguiu monopolizar a atenção de tantos acadêmicos e professores da Europa e da América, animado por numerosos meios de comunicação? O que foi feito desta new fashion intelectual das últimas décadas? O impulso e o propósito que a propulsavam, ao invés de frutíferos e construtivos, eram de natureza hipercrítica e destrutiva, presunçosos demolidores da tradição, qualquer que esta fosse. Não obstante, o pós-modernismo chegou a exercer uma notável influência na derrocada do pensamento, e talvez por isso caiba reconhecer nele uma façanha: ter entorpecido, na sua própria medida, a necessária tarefa da reconstrução da racionalidade no âmbito da filosofia e das ciências sociais, sem a qual estas sobrevivem mal e a duras penas.

O projeto de desconstrução contracultural em todos os âmbitos, e de demolição dos fundamentos do real, permaneceu simbolizado por uma das principais insígnias do pós-modernismo: o ‘pensamento fraco’. No momento atual, já quase não mostra o vigor e a pujança, que honram a presumida ‘fraqueza’ de sua vontade e os objetivos que defendia. Não há aqui, portanto, nem contradição nem desilusão, e nem poderia haver, e, ao que tal coisa indica, tampouco preocuparia os seus mestres e discípulos, ou o que restou deles. Isto é assim por tratar-se de um currículo — o pós-moderno — que tem negado precisamente a mesma base doutrinal no pensamento. Sendo pós-moderno, qualquer um podia ser generoso e magnânimo, altruísta e caridoso, tírio e troiano, embora nunca liberal – no sentido clássico –, e tampouco racional, já que estas representam atitudes bastante malvistas entre os catedráticos inovadores, os jornalistas de salão, os políticos do ramo e o público acrítico em geral.

Constituída numa corrente de opinião que impugnava o princípio da realidade ao mesmo tempo em que dissimulava a autoreferência ao princípio do prazer, no curso do tempo, chocou-se subitamente com a íntegra realidade. E, finalmente, por ter-se estabelecido como uma filosofia peculiar, desobediente da lógica tradicional, que não queria ouvir falar dos princípios da identidade, da não-contradição e do terço excluído, a ‘condição pós-moderna’ descobriu, finalmente, pela própria experiência, o sentido do ser, e sobretudo, o do não-ser. A não-razão também cria monstros que acabam por destruir o seu ‘criador’ (como o Frankenstein de Shelley) e os seus próprios filhos (como o Saturno retratado por Goya).
2
Para definir-se tão pragmático e tão fraco, os pós-modernos aspiravam a não deixar pedra sobre pedra na cultura vigente. A fim de recordar que, para este temporal intelectual, irreverente e caduco, nada devia ser tido como sagrado, no presente texto eu proponho rememorar as reflexões de Richard Rorty e Gianni Vattimo sobre O futuro da religião, título de um livro compilado por Santiago Zabala (Paidós, Barcelona, 2006), cujo subtítulo é Solidariedade, caridade, ironia. Não deixa de ser irônico ler, nesse volume, como pontificavam sobre o futuro aqueles que não o teriam.

Interpretação de interpretações, tudo é interpretação. Isso era o que diziam. O pensamento ‘fraco’ e ‘pós-moderno’ constituiu um programa que, no fundo, era bastante ambicioso (um resíduo pós-revolucionário), que superava com bastante habilidade qualquer crítica, uma vez que nos seus domínios tampouco funcionava o princípio da falsificação (Karl Popper), tal era a sua aversão a princípios de maneira geral. Simplesmente, eles tinham explicação para tudo, porque tudo, segundo sustentavam, é opinável. Na ‘Era da Interpretação’, que viria a substituir a ‘Era da Fé’ e a ‘Era da Razão’, a doxa (crença) substituiu a episteme (conhecimento) na ordem de legitimidade, constituindo-se assim numa espécie de renovada Teoria dos Três Estágios (Auguste Comte), embora numa versão antipositivista.

O plano geral do pós-modernismo, que passou por de sucessivas edições, consistia basicamente em promover transvestimentos culturais dos modelos sob suspeita, os quais eram colocados sob o holofote, como próximas vítimas a serem desfiguradas. O método era o mais elementar: colocar-se no lugar dos modelos assinalados e deixá-los numa situação de stand by, descolocados, deslocalizados: saia você para eu poder entrar. Tal proeza é conhecida pelo nome de ‘empatia’, uma tendência emocional supostamente muito solidária e caritativa, embora inteiramente destituída de ironia.

A estratégia mencionada, embora presumivelmente transformadora e rompedora, é muito antiga. Funciona introduzindo-se (infiltrando-se) no interior das estruturas tidas como ‘decadentes’ a fim de ‘transformá-las, usando o linguajar marxista ou pós-marxista, e assim adaptá-las, com nova terminologia e imagem, aos novos fins pretendidos. Os organismos, os movimentos e as instituições que no fundo sabem-se debilitadas (porque o são), lhes convém evitar o enfrentamento direto, o corpo a corpo com o adversário superior. Outras táticas mais sinuosas desempenham a função da substituição, por exemplo, o trabalho paciente de cavar que acaba solapando as defesas e as resistências do forte; o envenenamento intelectual, em pequenas doses, do adversário; o dobramento, o engano e a fraude; a contumácia e a tenacidade; a propaganda e a repetição. Entretanto, o propósito principal da desconstrução era a desmoralização do oponente (e, por extensão, de toda a sociedade), uma nova versão da transvaloração dos valores (Friedrich Nietzsche) reduzida à versão pedestre ‘fraca’ e desnaturalizada.
3
Na denominada ‘era pós-metafísica’, cuja existência e circunstâncias apenas os muito entendidos podiam dar fé, a razão constituía um ídolo a ser derrubado. Tal propósito era proclamado em nome de nada menos que a racionalidade. Gianni Vattimo, por exemplo, que não é tão ingênuo assim para rejeitar a racionalidade no seu conjunto, aceita – que remédio – a ‘racionalidade hermenêutica’, ou seja, aquela que situa o debate no terreno exclusivo da interpretação, em que não há outros atos senão os linguísticos (pág. 20). E tal desideratum deve ser entendido como um fatum (destino, fatalidade, fatuidade), e nunca como um factum (fato).

Richard Rorty, que não seria menos ingênuo, também não tem nada contra a racionalidade, desde que ‘a racionalidade seja identificada com o esforço para alcançar um consenso universal intersubjetivo e a verdade é o resultado de tal esforço’. E o que dissemos da razão e da racionalidade, também deve aplicar-se a outros conceitos em projeto de reconversão ou de transvestimento cultural, a saber: ‘diálogo’, ‘consenso’, ‘interpretação’, ‘universal’, ‘niilismo’, ‘democracia’, e, porque não, ‘solidariedade, caridade, ironia’, as noções que aparecem selecionadas no subtítulo do referido livro.

É verdadeiramente portentoso neste caso que semelhante iniciativa – a ‘pós-moderna’ – tenha tomado (em vão) Nietzsche como um de seus inspiradores, profetas e legitimadores. Justamente Nietzsche, o filósofo que dissecou com a precisão de um (hábil) cirurgião a carniça do ressentimento! Ou talvez precisamente por isso mesmo… Eis aqui uma aplicação modelar do método de transvestimento que acabamos de mostrar como característico do proceder pós-moderno. A apropriação integral da filosofia de Nietzsche foi, depois de tudo, pouco mais que uma maquilagem, um retoque e um reajuste conceitual à base de umas poucas frases escolhidas ad hoc, com a finalidade de compor um discurso interrompido, e que se pretendia ser intempestivo, pós-revolucionário, e bem próprio da Nova Era. E, com os adágios armados em conformidade com o manual de substituições, elas eram enforcadas (de brincadeira) nos ombros do solitário de Sils-Maria para que assim carregasse a cruz da ‘pós-modernidade’. Nietzsche: ecce homo…

Na realidade, a promoção urbi et orbe de um ‘Nietzsche pós-moderno’ (também ocorreu com muitos outros autores clássicos) foi possível graças às particulares (e altamente opiniosas) interpretações da obra do filósofo alemão, entre os da vanguarda da confraria pós-moderna, primeiramente, Gilles Deleuze e Michel Foucault, e posteriormente, Jacques Derrida e Gianni Vattimo. Não entrarei agora em disputas sobre citações, verdades por correspondência para ver quem é que tem ‘razão’! Porque o caso, felizmente, está encerrado.

Limito-me neste ponto a destacar a impertinência de determinados jogos de linguagem às custas de um autor – Friedrich Nietzsche –, que, de mestre dos aforismos, era transformado indistintamente em farol do nazismo, feroz antissemita, líder do situacionismo, ideólogo do anarquismo ou campeão do ‘pós-modernismo’, muitas vezes em continuada sucessão. Ocorria uma circunstância ou outra, ou todas de uma só vez, como era conveniente ao intérprete do momento, resgatar apenas determinados aforismos das centenas que o filósofo nascido em Röcken escreveu, e, certamente, alguns dos quais muito suscetíveis a qualquer tipo de interpretação (recordemo-nos a grande a quantidade de literatura produzida em torno da célebre expressão ‘besta vermelha’, que foi uma dentre as muitas que Nietzsche escreveu em A Genealogia da Moral).

Se não há troca de bofetadas na hora de fazer de Nietzsche o paladino do niilismo e do ‘pensamento fraco’, então como se pode estranhar que Rorty e Vattimo duvidassem na hora de reconverter, transvestir, ou melhor, deslocalizar Deus, arremetendo sem contemplações, contra o ‘fundamentalismo’ na religião cristã, mas apenas na religião cristã, como se o ‘fundamentalismo cristão’ fosse tema da atualidade e o mais preocupante dos fundamentalismos realmente existentes? Eis aqui o tema central do livro O Futuro da Religião, ou como fazer o cristianismo passar pela trituradora do ‘pensamento fraco’ e convertê-lo em aríete (e ao mesmo tempo em vítima) do projeto deconstrucionista**. O plano ali proposto pode ser resumido nas seguintes etapas:

1. Fazer do anterior Criador do mundo, simplesmente e coerentemente, um ‘Deus fraco’, cuja justificação se limita à citação de alguns versículos, convenientemente escolhidos. Por exemplo, este de São Paulo: ‘Quando me sinto fraco, então é que sou forte’ (Coríntios, 12, 10).
2. Deus, na religião do futuro, já não estará nos Céus, e sim deslocalizado. Na ‘condição pós-moderna’, Deus vê diminuir a sua potência, ou vontade de poder, até um nível humano, mas por acaso demasiadamente humano, até o ponto de – num arrebato de democratismo e igualitarismo atrevidíssimo – ser convertido em mais um cidadão, um companheiro, um colega, um ‘amigo’, sempre em pé de igualdade de direitos e deveres com os demais. Nietzsche, sem dúvida, tratava os deuses com muito mais respeito do que os seus presumidos intérpretes.
3. O cristianismo que é de ‘verdade’ (não da maneira ‘dogmática’, ‘substancial’ ou ‘metafísica’), encabeça a ‘Era da Interpretação’ com as reivindicações que são mais new age. Nessa nova missão, abandona arcaicos e superados objetivos (o missionário e o evangelizador, por exemplo: ‘A religião não metafísica é também uma religiosidade não missionária’), para passar a assumir com fervor, e mesmo para advogar, o matrimônio de homossexuais, a eutanásia, a fecundação in vitro, o aborto, o uso libertador dos preservativos, o sacerdócio feminino e tudo o que é preciso para ficar para além do bem e do mal, e mais além ainda do ateísmo e do teísmo.
4. O futuro da religião, segundo Rorty e Vattimo, passa por legitimar o expediente debilitador da cultura, debitando-o na conta do próprio cristianismo. É a mensagem dita cristã, a que nega o ‘princípio de realidade’ quando, em outra vez, São Paulo declara: ‘Onde está ó morte a tua vitória?’ (Coríntios, 15, 54-55); e o mesmo abençoa a ética do diálogo e da conversação sem limites como fonte de entendimento, consenso e verdade pragmática, por exemplo, por meio desta pregação: ‘Pois onde estiverem reunidos, em Meu nome, dois ou três, Eu estou no meio deles’ (Mateus, 18, 20).

Pois bem, dir-se-ia que Rorty e Vattimo reuniram-se (ou conjuraram) em nome do Deus fraco e pós-moderno com a finalidade de decidir sobre o seu jubiloso futuro, que não é outro senão a aposentadoria… E devemos supor, também, que Ele estava ali com ambos os filósofos (numa imitação sacrílega da Santíssima Trindade), certificando com a sua presença e amparo a desconstrução do cristianismo. Talvez por isso dizem o que dizem com tanta desenvoltura e frescor, porque tomam como certo que, graças ao espírito evangélico, sempre terão a compaixão ou o perdão: ‘Perdoai-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem’. (Lucas, 23, 33-34). E nem o que dizem.


Fernando Rodríguez Genovés é escritor, ensaísta, crítico literário e analista cinematográfico, e, ainda, professor de Filosofia em afastamento voluntário. Autor de 11 livros e mantenedor de diversos blogs, o Dr. Genovés é fundador e colaborador habitual de El Catoblepas, revista crítica do presente, de periodicidade mensal, publicada desde 2002.

Notas
* Versão corrigida e adaptada aos novos tempos do meu texto «Cristianismo reconstruído», resenha do livro de Richard Rorty e Gianni Vattimo, El futuro de la religión. Solidariedade, caridade, ironia, paidós, Barcelona, 2006, publicado em Anthropos. Revista, nº 217, «Especial Gianno Vattimo. Hemeneusis e historicidade», Barcelona, 2008, págs. 194-196.

** Posterior a este projeto, outros livros de Gianni Vattimo podem ser citados: After the death of God, (em coautoria com John D. Caputo), Editado por Jeffrey W. Robbins, Columbia University Press, 2006.; Christianity, truth, and weak faith (coauthor, René Girard), Editado por P. Antonello, Columbia University Press, 2009; Not being God: a collaborative autobiography (co-autor, Piergiorgio Paterlini), New York: Columbia University Press, 2009.”

Trandução: Joaquina Pires-O’Brien

Como citar este artigo:
Genovés, F. R. (2014). O que foi feito do pós-modernismo e seu delírio desconstruidor e iconoclasta? PortVitoria, UK, v. 9, Jul-Dec, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com

Fernando R. Genovés

Breve memoria del posmodernismo, movimiento contracultural autocalificado de «débil» y «pragmático», el cual aspiró nada menos que a derribar ídolos, grandes relatos, principios y dioses, y acabó consumido por su propia fiebre iconoclasta*
1
¿Quién habla hoy del posmodernismo? ¿Quién toma en serio ese movimiento neo-contracultural de corte y deconstrucción, que logró acaparar la atención de tantos académicos y profesores de Europa y América, animado por numerosos medios de comunicación? ¿Qué ha sido de esta new fashion intelectual de las últimas décadas? El impulso y propósito que los propulsaba, más que fructuosos y constructivos, eran de naturaleza criticona y destructiva, presuntuosamente demoledores de la tradición, no importa cuál fuese. Llegó, no obstante, a adquirir una notable influencia en lo que queda del pensamiento, y tal vez por ello sí quepa reconocerle una hazaña: haber entorpecido, en su medida, la necesaria tarea de reconstrucción de la racionalidad en el ámbito de la filosofía y las ciencias sociales, sin la cual sobreviven como pueden y a duras penas.

El proyecto de deconstrucción contracultural en todos los ámbitos y de demolición de los fundamentos de lo real quedó simbolizado por uno de los buques insignia del posmodernismo: el «pensamiento débil». En el momento actual, ya no muestra apenas vigor y pujanza, lo que hace honor a la presumida «debilidad» de su talante y los objetivos que propugnaba. No hay aquí, pues, contradicción ni desilusión, ni podría haberla, y, de indicarse tal cosa, tampoco preocuparía a sus maestros y discípulos, o lo que queda de ellos. Esto es así por tratarse de un prontuario —el posmoderno— que ha negado precisamente la misma base doctrinal en el pensar. Siendo posmoderno, cualquiera podía ser generoso y dadivoso, altruista y caritativo, tirio y troyano, aunque liberal jamás, tampoco racional, al representar éstas unas actitudes muy mal vistas entre catedráticos innovadores, periodistas de salón, políticos del ramo y público acrítico en general.

Constituida en una corriente de opinión que impugnaba el principio de realidad, mientras disimulaba la autorreferencia al principio del placer, en el curso del tiempo, se ha topado de pronto con la íntegra realidad. Y, en fin, de erigirse en una filosofía peculiar, desobediente de la lógica tradicional, que no quería oír hablar de principios de identidad, no contradicción y tercio excluso, la «condición posmoderna» ha descubierto, finalmente, por propia experiencia, el sentido del ser y, sobre todo, del no-ser. La sinrazón también crea monstruos que acaban por destruir a su «creador» (Dr. Frankenstein) y a sus propios hijos (Goya).
2
Para definirse tan pragmático y tan débil, los posmodernos aspiraban a no dejar piedra sobre piedra en la cultura vigente. A fin de recordar que para este temporal intelectual, irreverente y caduco, nada debía ser tenido por sagrado, propongo en el presente texto rememorar las cavilaciones de Richard Rorty y Gianni Vattimo sobre El futuro de la religión, título de un libro compilado por Santiago Zabala (Paidós, Barcelona, 2006), cuyo subtitulo reza Solidaridad, caridad, ironía. No deja de ser irónico leer cómo pontificaban en este volumen sobre el futuro aquellos que no lo tendrían…

Interpretación de interpretaciones, todo es Interpretación. Eso decían. El pensamiento «débil» y «posmoderno» constituyó un programa, en el fondo, muy ambicioso (residuo pos-revolucionario), que superaba con bastante habilidad cualquier crítica porque en sus dominios tampoco funcionaba el principio de falsación (Karl Popper), tal era su aversión por los principios en general. Simplemente, tenían explicación para todo, porque todo, según sostenían, es opinable. En la «Era de la Interpretación», que vendría a sustituir la «Era de la Fe» y la «Era de la Razón», la doxa ha substituido a la episteme en orden de legitimidad, quedando así constituida una especie de renovada teoría de los tres estadios (Auguste Comte), pero en versión antipositivista.
El plan general del posmodernismo, a través de sucesivas ediciones, consistía básicamente en promover travestimientos culturales de los modelos bajo sospecha, los cuales eran puestos en el punto de mira como próximas víctimas a desfigurar. El método era de lo más elemental: ponerse en el lugar de los modelos señalados y dejar a éstos en situación de stand by, descolocados, deslocalizados: quítate tú para ponerme yo. Tal proeza se conoce con el nombre de «empatía», una tendencia emocional supuestamente muy solidaria y caritativa, aunque carente por completo de ironía.

La estrategia mencionada, aunque presumiblemente renovadora y rompedora, es muy antigua. Labora con vistas a introducirse (infiltrarse) en el interior de las estructuras tenidas por «decadentes» a fin de «darles la vuelta», por decirlo en términos marxistas o posmarxistas, y así adaptarlas, con nueva terminología e imagen, a los nuevos fines pretendidos. Los organismos, los movimientos y las instituciones que en el fondo se saben débiles (porque lo son), les conviene evitar el enfrentamiento directo, el cuerpo a cuerpo con el adversario superior. Otras tácticas más sinuosas cumplen la función sustitutoria, por ejemplo, la paciente labor de zapa que acaba minando las defensas y resistencias del fuerte; el envenenamiento intelectual, en pequeñas dosis, del adversario; la doblez, el engaño y la estafa; la contumacia y la tenacidad; la propaganda y la repetición. Con todo, el anhelo principal de la deconstrucción era la desmoralización del oponente (y, por extensión, de la sociedad toda), una nueva versión de la transvalorización de los valores (Friedrich Nietzsche) reducida a la versión pedestre, «débil» y desnaturalizada.
3
En la denominada «era posmetafísica», de cuyo ser y circunstancia sólo los muy entendidos podrían dar fe, la razón constituía un ídolo a derribar. Tal propósito era proclamado nada menos que en nombre de la racionalidad. Gianni Vattimo, por ejemplo, quien no es tan ingenuo como para rechazar la racionalidad en su conjunto, acepta —qué remedio— la «racionalidad hermenéutica», o sea, aquella que sitúa el debate en el terreno exclusivo de la interpretación, en el que no habría otros hechos que los lingüísticos (pág. 20). Y entiéndase tal desideratum, como un fatum, nunca como un factum.

Richard Rorty, quien no iba a ser menos, tampoco tiene nada en contra de la racionalidad, «si se identifica la racionalidad con el esfuerzo por lograr un consenso universal intersubjetivo y la verdad con el desenlace de tal esfuerzo» (pág. 58). Y lo que decimos de la razón y la racionalidad, valdría lo mismo para otros conceptos en proyecto de reconversión o de travestimiento cultural, a saber: «diálogo», «consenso», «interpretación», «universal», «nihilismo», «democracia» y, cómo no, «solidaridad, caridad, ironía», las nociones que aparecen seleccionadas en el subtítulo del libro referido.

Resulta verdaderamente portentoso en este caso que semejante empresa —la «posmoderna»— haya tomado (en vano) a Nietzsche como uno de sus inspiradores, profetas y legitimadores. ¡Justamente Nietzsche, el filósofo que diseccionó con precisión de (capaz) cirujano la carnaza del resentimiento! O tal vez precisamente por eso mismo… He aquí una aplicación modélica del método de travestimiento que acabamos de señalar como característico del proceder posmoderno. La apropiación integral de la filosofía de Nietzsche fue, después de todo, poco más que un maquillaje, retoque y reajuste conceptual a base de unas pocas frases elegidas ad hoc, con el fin de componer un discurso interrumpido, y que se pretendía intempestivo, posrevolucionario, propio de la Nueva Era. Una vez armados los adagios según el guión sustitutorio, eran colgados (como una inocentada) en la espalda del solitario de Sils-Maria para que cargase así con la cruz de la «posmodernidad». Nietzsche: ecce homo…
En realidad, la promoción urbi et orbe de un «Nietzsche posmoderno» (se hizo también con muchísimos otros autores clásicos) fue posible merced a las particulares (y muy opinables) interpretaciones de la obra del filósofo alemán llevadas a cabo, entre otros, primero por Gilles Deleuze y Michel Foucault y, posteriormente, por Jacques Derrida y Gianni Vattimo, al frente de la fratría posmoderna. No entraré ahora en disputas sobre citas, verdades por correspondencia (¡a ver quién lleva «razón»!) y vídeos delatores. Porque el caso, afortunadamente, está cerrado.

Me limito en este punto a poner de manifiesto la impertinencia de determinados juegos de lenguaje a cuenta de un autor —Friedrich Nietzsche—, quien, maestro del aforismo, fue convertido indistintamente en guía del nazismo, en feroz antisemita, en líder del situacionismo, en ideólogo del anarcosindicalismo o en adalid del «posmodernismo», y a menudo con sucesión de continuidad. Ocurría una circunstancia u otra, o todas a la vez, según se le antojase al interpretador de turno, sólo con rescatar determinados aforismos de los cientos que escribió el filósofo nacido en Röcken, ciertamente, algunos de ellos muy apetecibles para toda clase faenas de interpretación (recuérdese, empero, la cantidad de literatura garabateada alrededor de la célebre expresión «bestia rubia», una más de las que dejó escrita en La genealogía de la moral).

Si no hay miramientos a la hora de hacer de Nietzsche el paladín del nihilismo y el «pensamiento débil», entonces, ¿cómo puede extrañar que Rorty y Vattimo dudasen a la hora de reconvertir, travestir o, mejor, deslocalizar a Dios, arremetiendo sin contemplaciones contra el «fundamentalismo» en la religión cristiana, pero sólo en la religión cristiana, como si el «fundamentalismo cristiano» fuese tema de actualidad y el más preocupante de los fundamentalismos realmente existentes? He aquí el asunto central del libro El futuro de la religión, o cómo hacer pasar al cristianismo por la trituradora del «pensamiento débil» y convertirlo en ariete (y al mismo tiempo víctima) del proyecto deconstruccionista**. Resumamos, en pocos pasos, el plan propuesto allí:

1. Hacer del anterior Creador del mundo, simplemente, coherentemente, un «Dios débil», cuya justificación se limita a la cita de algunos versículos, convenientemente escogidos. Por ejemplo, este de San Pablo: «Cuando soy débil es cuando más fuerte soy» (Corintios, 12, 10).
2. Dios, en la religión del futuro, ya no estará en los Cielos, sino deslocalizado. En la «condición posmoderna», Dios ve disminuir su potencia, o voluntad de poder, hasta un nivel humano, pero acaso demasiado humano, hasta el punto de —en un arrebato de democratismo e igualitarismo atrevidísimo— ser convertido en un ciudadano más, un compañero, un colega, un «amigo», siempre en igualdad de derechos y deberes que los demás. Nietzsche, sin duda, trataba a los dioses con bastante más respeto que sus presumidos interpretadores.
3. El cristianismo que lo es de «verdad» (no de la manera «dogmática», «sustancial» o «metafísica»), encabeza en la «Era de la Interpretación» las reivindicaciones más new age. En esta nueva misión, abandona arcaicos y superados objetivos (el misionero y el evangelizador, por ejemplo: «La religión no metafísica es también una religiosidad no misionera», pág. 100), para pasar a asumir con fervor, y aun a preconizar, el matrimonio de homosexuales, la eutanasia, la fecundación in vitro, el uso liberador de los preservativos, el sacerdocio femenino y todo lo que sea menester con tal de situarse más allá del bien y del mal, y aun más allá del ateísmo y el teísmo.
4. El futuro de la religión, según Rorty y Vattimo, pasa por legitimar el expediente debilitador de la cultura cargándolo a la cuenta del propio cristianismo. Es el mensaje cristiano, se dice, el que niega el «principio de realidad» cuando, en boca, otra vez, de Pablo, declara: «Muerte, ¿dónde está tu victoria?» (Corintios, 15, 54-55), y el mismo que bendice la ética del diálogo y la conversación sin límites como fuente de entendimiento, consenso y verdad pragmática, por ejemplo, por medio de esta prédica: «Cuando dos o más estén reunidos en mi nombre, yo estaré con ellos» (Mateo, 18, 20).

Pues bien, diríase que Rorty y Vattimo se han reunido (o conjurado) en nombre del Dios débil y posmoderno al objeto de decidir acerca de su jubiloso futuro, que no es otro que la jubilación… Y debemos suponer, además, que Él estuvo allí con ambos filósofos (remedo sacrílego de la Santa Trinidad), certificando con su presencia y amparo la deconstrucción del cristianismo. Tal vez por eso dicen lo que dicen con tanta desenvoltura y frescura, porque dan por descontado que gracias al espíritu evangélico siempre serán disculpados o compadecidos: «Padre, perdónales, porque no saben lo que hacen.» (Lucas, 23, 33-34). Ni lo que dicen.


Dr. Fernando Rodríguez Genovés es escritor, ensayista, crítico literario y analista cinematográfico. Profesor funcionario de carrera, en excedencia voluntaria, en la asignatura de Filosofía. Autor de once libros y mantenedor de varios blogs, el Dr. Genovés es fundador y colaborador habitual de El Catoblepas, revista crítica del presente, de periodicidad mensual, publicada desde 2002.

Notas
* Versión corregida y adaptada a los nuevos tiempos de mi texto «Cristianismo deconstruido», recensión del libro de Richard Rorty y Gianni Vattimo, El futuro de la religión. Solidaridad, caridad, ironía, paidós, Barcelona, 2006, publicado en Anthropos. Revista, nº 217, «Especial Gianno Vattimo. Hemeneusis e historicidad», Barcelona, 2008, págs. 194-196.

** Siguiendo con este proyecto, Vattimo ha seguido publicando nuevos libros, entre los que pueden citase: Verdad o fe débil. Diálogo sobre cristianismo y relativismo (2006); Después de la muerte de Dios. Conversaciones sobre religión, política y cultura (2007); ¿Ateos o creyentes?: Conversaciones sobre filosofía, política, ética y ciencias (Contextos), en colaboración con Michel Onfray (2009); Dios: la posibilidad buena: Un coloquio en el umbral entre filosofía y teología, en colaboración con Carmelo Dotolo, Giovanni Giorgio y Antoni Martínez Riu2013)».”

Citación:
Genovés, F. R. (2014). ¿Qué ha sido del posmodernismo y su delirio deconstructor e iconoclasta? PortVitoria, UK, v.10, Jan-Jun, 2014. ISSN 2044-8236, https://portvitoria.com